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Estado de Minas

Trump com covid-19: o que os EUA podem aprender com a experi�ncia de Boris Johnson

O presidente do EUA, Donald Trump, � um dos diversos l�deres mundiais que foram diagnosticados com covid-19 entenda como a experi�ncia do primeiro-ministro brit�nico com a doen�a pode servir de guia para os americanos lidarem com o problema.


05/10/2020 18:37

Trump e Boris Johnson têm muito em comum(foto: Reuters/ EPA)
Trump e Boris Johnson t�m muito em comum (foto: Reuters/ EPA)

O presidente americano Donald Trump e o primeiro-ministro brit�nico Boris Johnson t�m muito em comum estilos de cabelo peculiares, personalidades extravagantes e o h�bito de criar pol�mica.

E agora eles compartilham a experi�ncia indesejada de serem l�deres mundiais que j� foram internados no hospital por estarem contaminados com covid-19.

O presidente dos EUA est� atualmente sendo tratado para a doen�a, seis meses depois do primeiro-ministro do Reino Unido ter sido v�tima do mesmo v�rus.

Mas como se comparam suas experi�ncias e o que, se houver algo, os EUA podem aprender com a experi�ncia do Reino Unido?

Diagn�sticos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi diagnosticado com covid-19 na semana passada, a poucas semanas da elei��o presidencial no pa�s.

O diagn�stico veio logo depois de um acalorado debate eleitoral onde chamaram a aten��o a a atitude do presidente de interromper seu advers�rio sem parar e o fato de ele n�o ter ido ao local usando m�scaras, o que era uma exig�ncia do evento.

Nas elei��es, Trump enfrentar� o democrata Joe Biden. O pr�prio Biden e sua esposa Jill testaram negativo na sexta-feira.

"Espero que isso sirva como um lembrete", Biden tuitou ap�s a not�cia do diagn�stico de Trump. "Use uma m�scara, mantenha dist�ncia social e lave as m�os."

O presidente anunciou nesta segunda que deve deixar, no fim do dia, o hospital militar Walter Reed, para onde foi levado na sexta.

Aos 74 anos e tecnicamente obeso, o presidente � considerado grupo de risco para a doen�a.

J� o primeiro-ministro do Reino Unido teve a doen�a bem antes: ele anunciou que foi diagnosticado com covid-19 em 27 de mar�o.

N�o foi algo t�o surpreendente na �poca, j� que o v�rus havia espalhado pelos altos escal�es do governo do Reino Unido, infectando ministros e outros figur�es.

Em um v�deo no Twitter, Johnson disse que experimentou "sintomas leves", mas insistiu que "gra�as � magia da tecnologia moderna" ainda liderava a resposta do governo, apesar do auto-isolamento.

Uma semana depois, ele anunciou que uma febre persistente significava que ele teria que continuar a se isolar. Dois dias depois Johnson foi internado no hospital embora o governo tenha enfatizado que foi "uma medida de precau��o".

Vinte e quatro horas depois, chegou a not�cia chocante de que seu estado havia "piorado" e que o primeiro-ministro havia sido transferido para a unidade de terapia intensiva. Ele saiu do hospital em abril.

Boris Johnson parecia visivelmente indisposto quando apareceu do lado de fora de sua residência em Downing Street alguns dias antes de ir para o hospital(foto: PA Media)
Boris Johnson parecia visivelmente indisposto quando apareceu do lado de fora de sua resid�ncia em Downing Street alguns dias antes de ir para o hospital (foto: PA Media)

Paralelos

Existem diversos paralelos entre a experi�ncia de Johnson e Trump. Assim como o premi� brit�nico, Trump fez quest�o de enfatizar que ainda est� trabalhando, postando fotos suas em uma mesa com documentos.

Ambas as idas ao hospital foram descritas como preventivas a equipe de Trump disse que foi motivada por uma "abund�ncia de cautela".

E ambos os l�deres sendo do sexo masculino, com mais de 50 anos e com sobrepeso est�o em uma categoria de risco.

No entanto, tamb�m existem diferen�as. Atualiza��es sobre a condi��o de Johnson vieram exclusivamente do porta-voz do governo, e n�o do hospital ou de seu m�dico. J� nos Estados Unidos os m�dicos do presidente deram entrevistas coletivas.

De certa forma, isso causou confus�o principalmente quando o relato do m�dico Sean Conley entrou em conflito com as instru��es da equipe da Casa Branca.

Mas, ao contr�rio do Reino Unido, os jornalistas americanos puderam questionar a equipe m�dica. E, como resultado disso, os americanos tiveram uma vis�o mais ampla do estado de sa�de de seu l�der.

A assessora de Trump, Hope Hicks, testou positivo(foto: AFP)
A assessora de Trump, Hope Hicks, testou positivo (foto: AFP)

Isso mostra uma diferen�a maior entre os dois pa�ses. Nos Estados Unidos, toda uma unidade m�dica com sede na Casa Branca � dedicada aos cuidados do presidente; e os candidatos � presid�ncia agora devem divulgar registros m�dicos.

N�o existe tal configura��o no Reino Unido, e se voc� pesquisar na internet os registros m�dicos de Jeremy Corbyn (o ex-l�der da oposi��o), por exemplo, ter� mais chances de conseguir hist�rias sobre o NHS (servi�o p�blico de sa�de do pa�s) do que qualquer informa��o pessoal.

Popularidade e empatia

Assim que o primeiro-ministro foi admitido na terapia intensiva, seu ministro das Rela��es Exteriores, Dominic Raab, foi convidado a substitu�-lo "quando necess�rio".

Nos Estados Unidos, a 25� Emenda da Constitui��o estabelece as condi��es para um vice-presidente assumir o poder de seu chefe, mas no Reino Unido, com sua constitui��o n�o escrita e entusiasmo por precedentes sobre regras codificadas, n�o h� poder formal que permita tal transfer�ncia de responsabilidade.

O pa�s sabia pouco sobre a extens�o exata da autoridade de Raab e o l�der da oposi��o, Sir Keir Starmer, sugeriu que Raab estava "relutante" em tomar decis�es, deixando o governo em uma esp�cie de limbo enquanto o primeiro-ministro se recuperava.

"A falta de um plano para quem pode assumir quando o primeiro-ministro est� incapacitado parece absurda para muitos no Reino Unido e no exterior", afirmou na �poca Catherine Haddon, especialista em direito constitucional brit�nica.

Trump terá que deixar de fazer comícios e eventos de arrecadação a pouco mais de um mês da eleição(foto: Getty Images)
Trump ter� que deixar de fazer com�cios e eventos de arrecada��o a pouco mais de um m�s da elei��o (foto: Getty Images)

Johnson saiu do hospital em 12 de abril e voltou ao trabalho ap�s um intervalo de duas semanas.

Ainda assim, seis meses depois, tem havido alguma especula��o sobre se o primeiro-ministro est� totalmente recuperado. No entanto, quando questionado se ainda est� sofrendo com sequelas da doen�a, Johnson insistiu que estava "t�o forte quanto v�rios rottweilers".

Sua passagem pelo hospital provocou pelo menos uma mudan�a em seu comportamento. Primeiro-ministro afirmou que estava "muito gordo" quando pegou o v�rus e contratou um personal trainer para coloc�-lo em forma.

Quando pol�ticos se veem em situa��es de doen�a ou acidentes, � comum que sua popularidade melhore por um efeito empatia que a condi��o de fragilidade indesejada provoca no p�blico e nos eleitores.

Desde sua interna��o no hospital, tem havido especula��o sobre como as avalia��es de Trump ser�o afetadas principalmente com a elei��o presidencial daqui a um m�s.

Os analistas pol�ticos ouvidos pela BBC News Brasil acreditam que Trump pode receber esse benef�cio diante da enfermidade, mas que, em seu caso, a atua��o do presidente diante do coronav�rus dificulta que os efeitos sejam significativos a ponto de faz�-lo virar a disputa ou duradouros at� o dia da elei��o.

Trump e Biden tiveram debate acalorado(foto: Getty Images)
Trump e Biden tiveram debate acalorado (foto: Getty Images)

"No curto prazo, ele se beneficiar� dos votos de boa sorte e da simpatia bipartid�rios dos americanos. Esse tipo de diagn�stico de sa�de geralmente produz essa rea��o, mas o fato de o presidente Trump minimizar a doen�a e as medidas de preven��o para mitig�-la dificulta que isso se torne uma vantagem pol�tica relevante", afirma Aaron Kall, diretor de debates da Universidade de Michigan co-autor do livro Debating The Donald.

Olhando para o exemplo do Reino Unido, o que se sabe � que os �ndices de aprova��o pessoal de Boris Johnson subiram chegando a 50% ou mais quando o governo introduziu medidas para combater o coronav�rus, afirma Peter Barnes, analista pol�tico da BBC.

A alta aprova��o continuou ao longo do per�odo em que o primeiro-ministro esteve doente e durou at� maio, quando come�ou a cair.

Nos EUA, o governo de Trump tem sido duramente criticado por ter minimizado propositalmente a gravidade do v�rus para a popula��o no in�cio da pandemia e por causa do elevado n�mero de mortes no pa�s.

Trump foi apontado, inclusive, como o principal propagador de desinforma��o em ingl�s sobre coronav�rus. Um estudo da Universidade Cornell, nos EUA, indicou que o presidente americano foi respons�vel por quase 40% das informa��es erradas que circularam em 38 milh�es de artigos publicados de janeiro a maio de 2020.

Os especialistas tamb�m acham improv�vel que Trump adote alguma autocr�tica sobre sua atua��o ap�s a enfermidade ou mude o rumo da gest�o sanit�ria a essa altura, o que poderia alterar mais significativamente sua imagem diante do p�blico.

"Ele pode despertar alguma simpatia, mas no longo prazo as pessoas perceber�o que foi sua falta de considera��o pela sa�de p�blica que colocou ele e o pa�s nessa situa��o", diz Thomas Whalen, cientista pol�tico da Universidade de Boston.


(foto: BBC)
(foto: BBC)
(foto: BBC)
(foto: BBC)

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