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Estado de Minas

As vacinas ainda n�o aprovadas que a China j� distribui para centenas de milhares de pessoas

OMS prev�, sob regras r�gidas, distribui��o de vacinas ainda em estudo durante emerg�ncias de sa�de; mas especialistas apontam ser crucial que imunizantes sejam distribu�dos somente quando todas as fases dos estudos forem conclu�das


27/10/2020 21:19 - atualizado 27/10/2020 23:26

Centenas de pessoas fazem filas na cidade chinesa de Yiwu para receber vacinas em caráter emergencial(foto: BBC)
Centenas de pessoas fazem filas na cidade chinesa de Yiwu para receber vacinas em car�ter emergencial (foto: BBC)
Autoridades na China j� distribu�ram centenas de milhares de doses de vacinas contra a COVID-19 para a popula��o nos �ltimos meses. A iniciativa em car�ter emergencial inclui tr�s imunizantes chineses que ainda est�o em fase de testes, como o da Sinovac, que ser� fabricado pelo Instituto Butantan, em S�o Paulo.

 

Mas se a seguran�a e a efic�cia dessas vacinas ainda n�o foram confirmadas, como a China passou a distribu�-las? As pessoas que as recebem sabem dos riscos envolvidos?

 

A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) prev�, sob regras r�gidas, a distribui��o de vacinas ainda em estudo durante emerg�ncias de sa�de p�blica como a pandemia de COVID-19. Mas especialistas apontam que � crucial que vacinas sejam distribu�das somente quando todas as fases dos estudos forem conclu�das, e os resultados forem analisados por autoridades nacionais e internacionais, dados os riscos envolvidos.

Enquanto isso, h� cada vez mais sinais de que a China tem distribu�do vacinas muito al�m dos chamados grupos de alto risco de contra�rem a doen�a.

Aprova��o emergencial

Iniciada em julho, a distribui��o chinesa tem sido ampliada aos poucos e pode dar pistas sobre como deve ocorrer o escalonamento dos grupos de profissionais priorit�rios a serem vacinados no Brasil, algo que s� deve acontecer no pa�s depois da conclus�o de todas as fases de testes e das an�lises das autoridades competentes.

STORY: #china giving #covid19 vaccine to anyone who wants it now in one part of the country. Turn up, pay the fee, get the jab. @BBCNews @BBCWorld @BBCr4today reporting from the queue at the hospital now. pic.twitter.com/vt4uYTH0HB

— Robin Brant %u767D%u6D1B%u5BBE (@robindbrant) October 17, 2020


 

A OMS tem uma s�rie de requisitos e regras para o uso de medicamentos e vacinas ainda n�o aprovados durante uma emerg�ncia de sa�de p�blica, a exemplo da pandemia de COVID-19.

 

No caso da aprova��o emergencial de uma vacina, al�m da an�lise dos dados de seguran�a e efic�cia das primeiras fases dos estudos com volunt�rios, as autoridades cobram que ela se adeque �s regras de boas pr�ticas de produ��o e que sejam monitorados eventuais efeitos adversos, entre outros pontos.

 

Cada pa�s tem autonomia para adotar seus pr�prios crit�rios para usos emergenciais. At� agora, apenas R�ssia, China e Emirados �rabes Unidos — que t�m em comum as acusa��es de terem governos autorit�rios — implementaram medidas do tipo para vacinas contra a COVID-19. A Indon�sia planeja algo semelhante para novembro.


Trump pressiona há meses pela aprovação de uso emergencial de uma vacina nos EUA(foto: Reuters)
Trump pressiona h� meses pela aprova��o de uso emergencial de uma vacina nos EUA (foto: Reuters)

 

De olho na elei��o em novembro, o presidente americano, Donald Trump, tem pressionado �rg�os p�blicos do pa�s pela aprova��o de uso emergencial de uma vacina, como ocorreu no pa�s com rem�dios contra a COVID-19. Mas autoridades p�blicas de sa�de dos EUA t�m rejeitado a possibilidade de pular etapas e t�m dito que uma aprova��o s� deve ocorrer em 2021.

 

A distribui��o na China n�o foi aprovada pela pr�pria OMS, mas o pa�s asi�tico afirma que sua estrat�gia est� em linha com as exig�ncias da organiza��o.

Formul�rios de consentimento dos riscos

O governo central chin�s deu in�cio ao programa em 22 de julho, permitindo que imunizantes ainda em fase de testes sejam distribu�dos para grupos com risco alto de contra�rem a doen�a.

 

Segundo Zheng Zhongwei, chefe da for�a-tarefa chinesa de desenvolvimento de vacina contra a COVID-19 e integrante da Comiss�o Nacional de Sa�de, o pa�s tra�ou e aprovou um plano que inclui medidas para garantir que as vacinas distribu�das sejam reguladas e monitoradas.

 

"(O programa inclui) formul�rios de consentimento m�dico, planos de monitoramento de efeitos colaterais, planos de resgate, planos de compensa��o, para garantir que o uso de emerg�ncia seja bem regulado e monitorado", disse Zheng � China Central Television (CCTV).


A CoronaVac está sendo desevolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan(foto: EPA)
A CoronaVac est� sendo desevolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan (foto: EPA)

Quatro candidatas receberam aval do governo chin�s. Duas da Sinopharm, uma da CanSino (essa foi aplicada em militares) e uma da Sinovac, que firmou parceria de produ��o com o Instituto Butantan, em S�o Paulo.

 

O �rg�o brasileiro dever� come�ar a produzir a chamada CoronaVac ainda em outubro para ter 46 milh�es de doses prontas para serem aplicadas a partir de dezembro. Mas a distribui��o s� ocorrer� quando os resultados dos estudos forem analisados, j� que a comprova��o da efic�cia e da seguran�a ser� fundamental para obter o registro da vacina junto � Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) e dar in�cio � vacina��o.

 

Na China, as vacinas da Sinopharm e da Sinovac, todas ainda na �ltima fase de testes, t�m sido aplicadas em profissionais de sa�de, integrantes das equipes de controle da pandemia, funcion�rios p�blicos que atuam nas fronteiras do pa�s, empregados de empresas estatais, entre outros.

 

Ali�s, quem afinal seriam esses "outros" virou ponto de disc�rdia.

 

Diversas reportagens de ve�culos ocidentais apontam que as autoridades chinesas t�m ampliado cada vez mais o escopo das pessoas que podem receber vacinas.

 

Robin Brant, rep�rter da BBC na China, presenciou a distribui��o de doses de vacina da Sinovac para centenas de pessoas numa fila em um hospital na cidade de Yiwu, na prov�ncia de Zhejiang.

 

Segundo ele apurou, os imunizantes eram distribu�dos para qualquer pessoa que estivesse disposta a pagar o equivalente a quase R$ 350 por duas doses (a segunda ser� aplicada 28 dias depois).

 

Na fila, essas pessoas precisavam preencher formul�rios de consentimento dos poss�veis efeitos colaterais de uma vacina que ainda n�o foi completamente aprovada — para isso, recebiam ajuda de oficiais do Partido Comunista Chin�s.


Executivo da empresa chinesa Sinopharm disse que já foram distribuídas centenas de milhares de doses de vacinas contra a covid-19(foto: EPA)
Executivo da empresa chinesa Sinopharm disse que j� foram distribu�das centenas de milhares de doses de vacinas contra a covid-19 (foto: EPA)

Distribui��o crescente de vacinas

Segundo o jornal americano The Wall Street Journal, a empresa estatal Sinopharm tem distribu�do vacinas tamb�m para estudantes e trabalhadores sediados em outros pa�ses. A revista brit�nica The Economist informou que vacinas foram oferecidas at� para diplomatas estrangeiros na China.

 

O jornal americano The New York Times disse que professores e funcion�rios de supermercados passaram a ser imunizados tamb�m. O governo da cidade de Shaoyang, inclusive, passou a cobrar autoridades a identificar mais pessoas que pudessem ser classificadas como "usu�rios emergenciais".

 

Questionada pela BBC News Brasil, a Sinovac afirmou que a vacina n�o est� sendo distribu�da para a popula��o em geral, mas somente para grupos espec�ficos, sem detalh�-los. A CanSino e a Sinopharm n�o responderam a questionamentos sobre a imuniza��o al�m dos grupos de risco.

 

Mas a m�dia oficial chinesa tem divulgado diversas informa��es sobre o avan�o da imuniza��o chinesa ao mesmo tempo em que rebate cr�ticas estrangeiras sobre os riscos da estrat�gia.

 

Segundo o ve�culo oficial chin�s Global Times, a m�dia ocidental se confundiu sobre uma suposta amplia��o da distribui��o de vacinas porque Jiaxing e Shaoxing, duas cidades da prov�ncia de Zhejiang, anunciaram que os moradores poder�o ter acesso a vacinas.

 

"O avan�o da autoriza��o de emerg�ncia de vacinas contra COVID-19 na China foi mal interpretado por algumas reportagens como uma campanha agressiva das autoridades chinesas para dar � popula��o vacinas que ainda n�o est�o prontas em uma corrida contra o Ocidente. Isso levou inclusive a questionamentos sobre a seguran�a das vacinas. No entanto, esta interpreta��o � err�nea, pois as autoridades de sa�de afirmam que o uso de vacinas � restrito em termos de quem a recebe e est� em conformidade com a legisla��o e os protocolos de seguran�a."

 

Por outro lado, o China Daily, jornal em ingl�s do Partido Comunista Chin�s, afirmou que as cidades da prov�ncia de Zhejiang s�o as primeiras do pa�s a oferecerem vacinas para a popula��o, especialmente para os grupos priorit�rios.

 

A aplica��o � oferecida para adultos de 18 a 59 anos, ao custo de quase R$ 350 por duas doses. N�o est� claro se esse ser� o pre�o final do produto ou se ele est� sendo subsidiado. A vacina��o n�o � obrigat�ria, mas volunt�ria.


A busca por uma vacina contra a covid-19 se tornou uma maratona em tempo real envolvendo universidades, farmacêuticas e governos(foto: Getty Images)
A busca por uma vacina contra a covid-19 se tornou uma maratona em tempo real envolvendo universidades, farmac�uticas e governos (foto: Getty Images)

Zheng Zhongwei, chefe da for�a-tarefa chinesa de desenvolvimento de vacina contra a COVID-19 e integrante da Comiss�o Nacional de Sa�de, afirmou que o programa emergencial est� sim em expans�o para evitar novas ondas da doen�a.

 

"A fim de evitar um poss�vel ressurgimento da pandemia de coronav�rus no outono e inverno, o n�mero de pessoas que podem ser vacinadas ser� aumentado ainda mais para garantir que as cidades possam manter seu funcionamento normal quando uma crise de sa�de ocorrer", disse Zhongwei em entrevista � emissora CCTV.

 

Procuradas pela BBC News Brasil, nenhuma das fabricantes chinesas revelou quantas pessoas j� foram imunizadas em car�ter emergencial.

 

Mas Zhou Song, do China National Biotec Group (CNBG), um bra�o do grupo Sinopharm, afirmou neste m�s � R�dio Nacional da China que centenas de milhares de pessoas receberam uma das vacinas da empresa e "nenhuma delas mostrou qualquer efeito adverso �bvio ou foi infectada".

 

Desde o in�cio da pandemia, que surgiu na China em dezembro passado, o pa�s asi�tico tem investido maci�amente no desenvolvimento de vacinas contra a COVID-19.

 

At� o fim do ano, a China estima atingir a capacidade de produzir 610 milh�es de doses por ano. Esse patamar pode chegar a 1 bilh�o por ano at� o fim de 2021.

 

Atualmente, h� mais de 10 candidatas a vacina em desenvolvimento na China, sendo quatro delas na fase 3. Essa etapa envolve dezenas de milhares de volunt�rios e serve para determinar se o imunizante � mesmo seguro e eficaz e detectar, por exemplo, efeitos adversos raros (que dificilmente seriam identificados num estudo com poucos participantes).


(foto: EPA)
(foto: EPA)

"A China est� concedendo aprova��o emergencial para vacina contra COVID-19 para enormes popula��es, incluindo estudantes indo para o exterior, estatais e at� para quem chegar primeiro. Isso � um risco antes do fim da fase 3 dos estudos. Mesmo pequenos riscos de seguran�a s�o amplificados em uma grande popula��o. N�s precisamos de padr�es internacionais", disse Lawrence Gostin, diretor de sa�de p�blica e direitos humanos da OMS e professor da Universidade Georgetown, nos EUA.

 

Anna Durbin, pesquisadora de vacinas da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, descreveu o programa emergencial da China como "muito problem�tico", afirmando que � imposs�vel avaliar a efic�cia do produto sem padr�es de testes cl�nicos.

 

"Est�o vacinando as pessoas e n�o se sabe se isso est� protegendo elas", afirmou Durbin em entrevista � ag�ncia de not�cias Reuters. Para ela, a distribui��o de vacinas experimentais pode afetar a esvaziar outras medidas de prote��o contra a doen�a.

 

Para Yanzhong Huang, pesquisador de sa�de global do Council on Foreign Relations, think tank baseado nos EUA, a "China claramente quer reorientar a narrativa de uma forma que ela seja vista como a solu��o, em vez da suposta causa da pandemia".



(foto: BBC)
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