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Vacina da Pfizer: como funciona a nova tecnologia que pode revolucionar a imuniza��o

As empresas farmac�uticas Pfizer e BioNTech anunciaram que sua vacina contra a covid-19, uma daqueles que est�o sendo testadas, � capaz de prevenir que mais de 90% das pessoas desenvolvam a doen�a.


10/11/2020 08:13

(foto: Getty Images)
(foto: Getty Images)

As empresas farmac�uticas Pfizer e BioNTech anunciaram que sua vacina contra a covid-19, uma daquelas que est�o sendo testadas j� em fase 3, � capaz de prevenir que mais de 90% das pessoas desenvolvam a doen�a.

Na segunda-feira (09/11), as companhias afirmaram que a not�cia representa um "grande dia para a ci�ncia e para a humanidade".

A vacina foi testada em 43,5 mil pessoas de seis pa�ses e, em setembro, a Anvisa (Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria) autorizou que seus testes cl�nicos fossem ampliados no Brasil, de mil para dois mil testes em volunt�rios.

Segundo as fabricantes, nenhum problema de seguran�a na vacina foi levantado at� o momento.

O an�ncio provocou uma alta no mercado de a��es, diante de uma poss�vel melhora na pandemia. As a��es da Pfizer subiram 14% depois da not�cia.

Mas como funciona essa vacina?

A maioria das vacinas que usamos envolve injetar um v�rus ou bact�ria no nosso corpo para que o sistema imunol�gico identifique a amea�a e crie formas de nos defender.

No caso dos v�rus, eles podem estar enfraquecidos (sua capacidade de nos deixar doentes foi reduzida a n�veis seguros) ou inativados (s�o incapazes de se reproduzir) faz parte deste segundo tipo a CoronaVac - em setembro, o governo de S�o Paulo que testes com 50 mil pessoas demonstraram que a vacina � segura.

H� tamb�m as chamadas vacinas de subunidades, em que apenas fragmentos caracter�sticos de um v�rus, como uma prote�na, por exemplo, s�o produzidos em laborat�rio e purificados para serem usados na vacina.

A proposta das vacinas g�nicas, como essa anunciada pela Pfizer, � diferente. Em vez de injetar em n�s um v�rus ou parte dele, a ideia � fazer o nosso pr�prio corpo produzir a prote�na do v�rus.

Profissionais de saúde e idosos devem ser os primeiros a receberem as vacinas, quando e se elas forem aprovadas(foto: Getty Images)
Profissionais de sa�de e idosos devem ser os primeiros a receberem as vacinas, quando e se elas forem aprovadas (foto: Getty Images)

Para isso, os cientistas identificam a parte do c�digo gen�tico viral que carrega as instru��es para a fabrica��o dessa prote�na e a injetam em n�s.

Uma vez absorvidas por nossas c�lulas, ela funciona como um manual de instru��es para a produ��o da prote�na do v�rus.

A c�lula fabrica essa prote�na e a exibe em sua superf�cie ou a libera na corrente sangu�nea, o que alerta o sistema imune.

As vantagens das vacinas g�nicas

A imunologista Cristina Bonorino explica que, no caso das vacinas atenuadas ou inativadas, � preciso cultivar uma grande quantidade de v�rus para us�-los como mat�ria prima.

As vacinas g�nicas dispensam isso. Basta criar em laborat�rio s� a sequ�ncia gen�tica desejada.

Isso exige uma estrutura de produ��o muito mais enxuta. "O custo tamb�m � provavelmente menor", diz Bonorino, que � professora da Universidade Federal de Ci�ncias da Sa�de de Porto Alegre e membro do comit� cient�fico da Sociedade Brasileira de Imunologia.

M�rjori Dulcine, diretora-m�dica da Pfizer Brasil, explica que, al�m desse tipo de vacina ser produzida mais rapidamente em grande escala, ela tamb�m � flex�vel.

"Sabemos que o Sars-Cov-2 tem uma grande capacidade de sofrer muta��es. Ent�o, se isso ocorrer, podemos rapidamente adaptar", diz Dulcine.

As vacinas g�nicas tamb�m eliminam o risco de uma pessoa ficar doente ao ser vacinada, o que pode ocorrer quando s�o usados os v�rus atenuados.

Os v�rus neste estado foram manipulados para serem menos perigosos, mas ainda assim eles conseguem se reproduzir lentamente.

Isso d� tempo suficiente para que o sistema imunol�gico de uma pessoa saud�vel reaja e, neste processo, aprenda a combater essa amea�a.

Mas, em casos mais raros, se o paciente � imunocomprometido, ele pode perder essa corrida contra o v�rus, e a pessoa fica doente.

"Com esse tipo de vacina, n�o tem isso, porque ela n�o usa um micro-organismo vivo. � completamente sint�tica", diz Norbert Pardi, da Universidade da Pensilv�nia.

O tempo necess�rio para desenvolver uma vacina tamb�m cai drasticamente.

Normalmente, leva-se meses para ter uma pronta para os primeiros testes. Com a vacinas g�nicas, demora semanas.

Há mais de 170 candidatas a vacina contra covid-19 sendo desenvolvidas(foto: Reuters)
H� mais de 170 candidatas a vacina contra covid-19 sendo desenvolvidas (foto: Reuters)

"A Moderna levou 42 dias do momento em que recebeu a sequ�ncia gen�tica do v�rus at� come�ar os estudos da vacina contra a covid-19. Isso � quase imposs�vel com outras tecnologias", afirma Pardi.

O cientista diz ainda que os testes mostraram at� agora que as vacinas g�nicas contra a covid-19 geraram uma rea��o do sistema imunol�gico ao menos t�o boa quanto a das outras candidatas.

"Ent�o, elas n�o s�o apenas mais seguras e relativamente baratas de produzir, mas bastante eficazes. Isso � muito importante."

Vacinas de DNA x Vacinas de RNA

Mas se estas vacinas t�m tantas vantagens, por que ainda n�o h� nenhuma aprovada para o uso em humanos? Um dos motivos � que a tecnologia � recente.

A primeira vacina foi criada pelo m�dico brit�nico Edward Jenner h� pouco mais de 220 anos, na virada entre os s�culos 18 e 19, para prevenir a var�ola.

As vacinas g�nicas est�o sendo desenvolvidas h� pouco mais de tr�s d�cadas e s� mais recentemente come�aram a dar resultados mais animadores.

A princ�pio, acreditava-se que seria melhor fazer esse tipo vacina usando DNA, a mol�cula que guarda todas as informa��es gen�ticas de um organismo - e que s�o usadas pelas nossas c�lulas para fabricar as prote�nas que comp�em o nosso corpo.

Mas, para que isso aconte�a, o DNA precisa antes ser transformado em mol�culas de RNA, que transportam essas instru��es at� a parte da c�lula onde as prote�nas s�o produzidas.

Os cientistas acreditavam que, ao injetar o DNA do v�rus em n�s, ele poderia ser absorvido por nossas c�lulas e, uma vez dentro delas, transformado em RNA para que ent�o a prote�na desse micro-organismo fosse fabricada, o que daria in�cio � rea��o imune.

Mas os testes feitos at� agora mostraram que as vacinas de DNA n�o produzem uma resposta imunol�gica forte o suficiente em humanos. "N�o sabemos exatamente por qu�", diz Pardi.

Outra alternativa � usar diretamente o RNA. O problema � que essa mol�cula � capaz de gerar uma inflama��o muito forte em n�s e que pode nos matar.

Tamb�m � muito mais inst�vel do que o DNA e se degrada facilmente no nosso organismo.

"Temos em n�s, por tudo quanto � lado, enzimas que atacam o RNA. Se voc� injetar ele sem que esteja protegido, ele � rapidamente destru�do", diz Jorge Kalil, diretor do Laborat�rio de Imunologia do Instituto do Cora��o (Incor).

Mas, nos �ltimos 15 anos, os cientistas encontraram uma forma de envelopar essa mol�cula para impedir que ela se decomponha e chegue at� a c�lula. Tamb�m conseguiram reduzir o potencial inflamat�rio do RNA.

"A expectativa � que, daqui a algum tempo, quando a gente domine essa tecnologia, muitas vacinas no futuro sejam desse tipo", diz Kalil.

(foto: Getty Images)
(foto: Getty Images)

Como est�o as vacinas contra a covid-19

A pandemia criou algumas condi��es que provavelmente est�o acelerando esse processo.

A covid-19 � uma doen�a nova, muito contagiosa e mortal, contra a qual ainda n�o existe uma vacina. Criar uma � urgente.

Fazer isso normalmente custa dezenas ou centenas de milh�es de d�lares, mas agora h� muito dinheiro sendo investido por governos e organiza��es.

E, quando uma vacina estiver pronta, pa�ses do mundo todo ter�o interesse em compr�-la.

"A maior dificuldade para fazer uma vacina � dinheiro, porque a t�cnica � relativamente simples", diz a imunologista Cristina Bonorino.

"J� existem vacinas de RNA patenteadas, mas elas n�o foram colocadas no mercado. A quest�o �: tem mercado? Agora, tem mercado e uma necessidade n�o atendida."

H� 40 vacinas g�nicas entre as 187 que est�o sendo desenvolvidas contra a covid-19, segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de. Dez j� s�o testadas em humanos, e duas est�o na �ltima etapa desta parte da pesquisa.

O estudo da vacina da Moderna envolve 30 mil participantes nos Estados Unidos. A pesquisa da Pfizer/BioNTech/Fosun tamb�m conta com 30 mil volunt�rios nos Estados Unidos e em outros pa�ses, entre eles o Brasil.

Nos dois casos, as empresas j� desenvolviam vacinas de RNA para combater outros v�rus.

No caso da Moderna, era o Nipah, que � transmitido por morcegos e pode causar problemas respirat�rios e uma inflama��o no c�rebro que s�o potencialmente mortais.

A Pfizer e a BioNTech estavam criando uma vacina de RNA contra o influenza, que causa a gripe.

O objetivo � fazer nossas c�lulas produzirem a prote�na do coronav�rus conhecida como esp�cula, que tem uma grande capacidade de gerar uma resposta do sistema imunol�gico.

"Acho que essas vacinas t�m potencial. Os resultados publicados mostram que elas induzem � produ��o de uma grande quantidade de anticorpos que neutralizam o v�rus. O teste final ser� ver se essa prote��o � duradoura", diz o imunologista Jorge Kalil.

O estudo da Pfizer vai durar dois anos, mas a empresa j� apresentou resultados positivos nessa segunda-feira.

"O momento exige de n�s agir rapidamente, com seguran�a e qualidade. Nosso papel � apresentar dados robustos �s autoridades", diz M�rjori Dulcine.

"S�o elas que v�o nos dizer se eles s�o suficientes."


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