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Estado de Minas

A Black Friday da pandemia: como a covid-19 vai afetar a data de descontos do com�rcio brasileiro

Desemprego em alta, confian�a do consumidor em baixa e aumento de casos podem prejudicar data de descontos, mas crescimento do com�rcio eletr�nico e demanda reprimida podem impulsionar as vendas.


25/11/2020 06:51

Medidas de distanciamento social prejudicarão vendas em lojas físicas(foto: Getty Images)
Medidas de distanciamento social prejudicar�o vendas em lojas f�sicas (foto: Getty Images)

Se em outros anos o sucesso da Black Friday dependia do tamanho dos descontos e do esfor�o das empresas para desfazer a imagem de Black Fraude, desta vez, a pandemia vai ser um fator decisivo a mais.

Embora diferentes fatores apontem em dire��es opostas e tornem dif�cil cravar uma previs�o de como o novo coronav�rus vai afetar no final das contas essa data de promo��es, marcada para a sexta-feira (27/11).

Por um lado, o pa�s atravessa uma crise, com desemprego recorde de 14% no terceiro trimestre deste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

Por outro, as classes A e B foram menos afetadas economicamente pela pandemia e, com as quarentenas, consumiram menos ao longo do ano e t�m mais dinheiro para gastar agora.

Ao mesmo tempo, mais de 65 milh�es de brasileiros receberam o aux�lio emergencial. Mas o valor caiu pela metade em setembro e s� vai ser pago at� dezembro.

Houve ainda um aumento de consumidores que compram pela internet, uma sa�da para contornar as lojas de portas fechadas. Isso pode impulsionar as vendas online nesta Black Friday.

Mas o com�rcio tradicional ainda funciona com restri��es, que limitam a quantidade de gente que pode entrar nos shoppings e lojas.

E muita gente ainda tem receio de se aglomerar para fazer compras por a�, com raz�o: os n�meros da pandemia, que estavam em queda desde setembro, voltaram a subir �s v�speras da Black Friday. Para alguns, o pa�s j� enfrenta uma segunda onda de covid-19. Isso pode fazer mais gente ficar em casa.

Ou levar mais pessoas a adiantar as compras de Natal, pensando que em breve podem ser adotadas por aqui novas medidas de distanciamento social, como aconteceu na Europa e nos Estados Unidos.

Em meio a esse cabo de guerra de tend�ncias, os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil se dividem quanto ao que pode acontecer nesta Black Friday.

Dependendo de por onde se olhe, a pandemia deve ao menos frear o crescimento ininterrupto de uma d�cada nas vendas da Black Friday, que chegou ao Brasil em 2010 e � atualmente uma das principais datas do com�rcio brasileiro.

Mas tamb�m h� quem acredite que, noves fora, a conta final pode ser positiva para as marcas e lojistas.

Emprego, renda e confian�a est�o em baixa

Maur�cio Morgado, coordenador do Centro de Excel�ncia em Varejo da Funda��o Get�lio Vargas (FGV), n�o est� otimista.

"H� tr�s fatores que mandam no varejo. Para consumir, a pessoa precisa ter emprego, renda e confian�a. Os tr�s est�o baixa agora", diz Morgado.

Uma sondagem da FGV feita nas duas primeiras semanas de novembro mostrou que o �ndice de confian�a do consumidor caiu 2,2 pontos, para 80,4 pontos.

"Quando o �ndice est� abaixo de 100, � um cen�rio de pessimismo", afirma Morgado.

A perspectiva da segunda onda de covid-19 deixa os consumidores est�o mais cautelosos, porque isso pode afetar sua situa��o financeira em um momento em que a renda m�dia j� caiu, diz Morgado. Muita gente perdeu o emprego ou teve a jornada reduzida. Os profissionais liberais ficaram sem clientes.

"Se a Black Friday tiver um crescimento, n�o deve ser forte. A pandemia pode fazer as vendas pararem de crescer, porque � uma data muito voltada para eletroeletr�nicos, que s�o compras que podem ser adiadas e que s�o normalmente parceladas, e qualquer coisa que depende de parcelamento � afetada em um cen�rio de incerteza."

Silvio Laban, professor do Insper, diz que isso � agravado pela situa��o da pandemia no pa�s ainda ser muito vol�til.

"Essa conversa seria muito diferente h� 15 dias. O Brasil tinha uma perspectiva de queda de casos, mas agora estamos vivendo uma acelera��o, com uma retomada da primeira onda ou uma segunda. Isso faz as pessoas ficarem mais contidas", afirma Laban.

Mas a queda nas vendas nos meses anteriores tamb�m pode levar a promo��es mais agressivas do que em anos passados, para tentar recuperar os faturamentos.

"Tenho visto uma ou outra empresa se preparando para isso, com ofertas interessantes. Mas � dif�cil prever o efeito l�quido destas for�as diferentes", diz o especialista.

Com�rcio eletr�nico em alta favorece a Black Friday

O contraste pode ser visto nas pr�prias previs�es de faturamento do setor.

A Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo estima que a Black Friday ter� um faturamento recorde de R$ 3,67 bilh�es, com um crescimento de 6% em rela��o ao ano anterior.

Mas enquanto as vendas online devem aumentar 61,4%, as lojas f�sicas ter�o um crescimento de apenas 1,1%.

Por sua vez, a Associa��o Brasileira de Shopping Centers espera uma queda de 4% nas vendas da Black Friday de 2020 em compara��o com a do ano anterior.

Durante a pandemia, consumidores compraram mais pela internet(foto: Getty Images)
Durante a pandemia, consumidores compraram mais pela internet (foto: Getty Images)

J� a Ebit|Nielsen estima um aumento de 27% nas vendas online da Black Friday, para cerca de R$ 4 bilh�es. Isso � mais do que o crescimento de 23,6% de 2019.

A consultoria acredita que esse resultado vai ser puxado em parte pelo aumento da bancariza��o da popula��o por causa do pagamento do aux�lio emergencial e pela maior confian�a nas promo��es oferecidas na data.

Essa previs�o otimista reflete o crescimento do com�rcio eletr�nico neste ano como um todo por causa da pandemia.

Entre janeiro de 2019 e janeiro de 2020, a internet passou a responder de 4,8% para 5,9% do varejo, no acumulado dos 12 meses anteriores, segundo a Pesquisa Mensal do Com�rcio do IBGE.

Nos primeiros nove meses deste ano, o �ndice deu um salto para 8,6%, de acordo com os dados mais recentes.

"A pandemia mudou h�bitos de consumo e trouxe novos consumidores para o meio digital", aponta Isabela Tavares, economista da consultoria Tend�ncias.

Isso favorece a Black Friday, quando as compras online j� t�m uma participa��o relevante no faturamento das empresas. "Muitas lojas perceberam isso e investiram em canais de venda online", diz Tavares.

Crescimento do varejo est� desacelerando

Mesmo assim, o varejo brasileiro chega ao fim do ano em um momento de desacelera��o.

A Tend�ncias espera que ainda ocorra um crescimento nas vendas no quarto trimestre deste ano, em compara��o com o mesmo per�odo de 2019. Mas estima um aumento de 2,8%, abaixo da alta de 6,3% do terceiro trimestre.

O mesmo ocorre com as proje��es mensais. Houve um aumento de 7,3% quando comparados os meses de setembro de 2019 e 2020. A proje��o para outubro � de um crescimento mais t�mido, de 4,8%, e menor ainda para novembro, de 2,6%.

"A desacelera��o acompanha amenor confian�a do consumidor, a redu��o do aux�lio emergencial, uma cautela do consumidor com a proximidade do fim dos programas de cr�dito e prote��o ao emprego e maiores press�es inflacion�rias, que diminuem a renda dispon�vel das fam�lias para gasto com bens dur�veis", diz Tavares.

Compras de Natal podem ser antecipadas

Incerteza quanto ao Natal pode ser positiva para a Black Friday(foto: Getty Images)
Incerteza quanto ao Natal pode ser positiva para a Black Friday (foto: Getty Images)

Ainda assim, a economista Cristina Helena Pinto de Mello, pr�-reitora de pesquisa da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), acredita que as tend�ncias positivas devem superar as negativas nesta Black Friday.

"Tem muitas pessoas esperando para fazer compras inteligentes neste final de ano, porque sentiu a necessidade de adaptar sua casa para o home office", diz Mello.

Al�m disso, embora haja um grande n�mero de pessoas sem renda e desempregadas, a economista destaca que uma parcela da popula��o conseguiu manter sua renda e gastou menos com transporte, viagem e alimenta��o na rua e tem hoje uma reserva para comprar na Black Friday.

"Essas pessoas podem entender a data como uma boa oportunidade, imaginando que o com�rcio queira de fato aproveitar para vender e fa�a promo��es significativas", diz Mello.

Embora a tend�ncia atual seja de aumento de casos de covid-19, a especialista acredita que isso pode contar a favor da data, porque tanto os consumidores quanto os comerciantes podem antecipar as compras e promo��es de Natal, diante da incerteza de como estar� a pandemia no final de dezembro.

A isso se soma o que ela chama de "compra de compensa��o", em que o consumidor pode tentar compensar o fato de n�o poder levar uma vida normal e sair por a� comprando produtos para ter mais prazer em casa, como uma nova TV, por exemplo.

"No come�o, as pessoas estavam comprando de forma mais consciente, querendo ajudar o com�rcio local, mas, o longo tempo de pandemia est� derretendo essas for�as. As pessoas est�o irritadas, exaustas, o que aumenta as chances de haver compras por impulso para ter alguma satisfa��o", afirma Mello.

"Estou apostando mais no sucesso do que no fracasso da Black Friday deste ano."


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