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Estado de Minas

Covid-19: Curitiba resiste ao lockdown e v� hospitais privados lotados no pior m�s da pandemia

Em 30 dias, casos ativos triplicaram e hospitais particulares anunciaram ocupa��o de 100% das UTIs. Governo do Estado determinou toque de recolher a partir desta quarta-feira (2).


02/12/2020 07:55 - atualizado 03/12/2020 08:31

Depois de dois meses de relativa tranquilidade, queda de casos e de �bitos, Curitiba viveu em novembro o seu pior m�s da pandemia de covid-19. Dados da Secretaria Estadual de Sa�de (Sesa) mostram que os casos ativos mais do que triplicaram entre 1 e 30 de novembro, saltando de 3.762 casos para 13.829.

Na capital paranaense, o n�mero de novas pessoas contaminadas com covid-19, que nos meses de outubro se mantinha em uma m�dia de 300 por dia, foi de 1.302 na ter�a-feira (1/12), com 13 mortes pela doen�a. A taxa de transmiss�o est� em 1,22, ou seja: 100 pessoas com a doen�a transmitem para outras 122, o que indica uma acelera��o da pandemia.

Agora Curitiba, como todas as demais cidades do Paran�, ter� um toque de recolher. O Governo do Paran� decretou toque de recolher em todo o Estado, entre 23h e 5h, a partir desta quarta-feira (2/12). Fica impedida tamb�m a venda e consumo de bebida alc�olica nas vias p�blicas.

Ainda assim, a capital paranaense seguir� sem lockdown.

Os boatos sobre um poss�vel lockdown ap�s as elei��es (que reelegeram o atual prefeito, Rafael Greca, do DEM) cresciam e foram tratados como fake news (not�cia falsa) pela administra��o municipal. No dia 27 de novembro, a secret�ria municipal da Sa�de, em coletiva de imprensa pelo Zoom, anunciou a volta da bandeira laranja, de alerta m�dio para a doen�a, em vez da bandeira amarela, mais amena.

Restri��es t�midas

A mudan�a nas restri��es, no entanto, foi t�mida: somente bares e casas noturnas precisaram fechar. A maioria, no entanto, opera tamb�m com alvar� de restaurante e lanchonete, o que mant�m os estabelecimentos, j� bastante castigados economicamente pelos meses anteriores, abertos, mas sob fiscaliza��o da pol�cia, que vem fazendo rondas pelos espa�os.

Est�o suspensos ainda eventos em casas de festas, de espa�os para recep��o, servi�os de buf�, eventos em massa e confraterniza��es corporativas.

O hor�rio do com�rcio de rua, shoppings, academias e igrejas se manteve. Restaurantes precisam fechar �s 22 horas, mas n�o t�m restri��o na capacidade de clientes.

A inseguran�a sobre a situa��o dos bares levou Jana Santos, criadora do movimento "Fechados pela Vida" a voltar a operar somente por delivery. Junto com outros pequenos empres�rios, ela encabe�ou no in�cio da pandemia uma estrat�gia pelo fechamento dos lugares, de maneira espont�nea, para ajudar com a crise sanit�ria.

Fechou as portas para atendimento no seu bar, o Cosmos, de 15 de mar�o at� 17 de outubro, quando decidiu reabrir com capacidade m�xima de 15 clientes.

"Pode ir mil pessoas no shopping, e eu que recebia 10 pessoas vou fechar. No come�o da pandemia, chamamos a aten��o para a demora na ajuda financeira. No meu caso pessoal, consegui um empr�stimo pelo governo estadual, que demorou 90 dias para chegar. Agora, n�o temos mais nenhuma esperan�a de medida econ�mica" fala Jana.

Jana Santos é criadora do movimento 'Fechados pela Vida'(foto: Divulgação)
Jana Santos � criadora do movimento 'Fechados pela Vida' (foto: Divulga��o)

Hospitais lotados

Um dos sinais que aponta para uma situa��o cr�tica em Curitiba foi o esgotamento do sistema de sa�de privado: desde o dia 20 de novembro, hospitais como Marcelino Champagnat, Sugisawa e Hospital Nossa Senhora das Gra�as (HNSG) publicaram comunicados em suas redes sociais alertando que 100% dos leitos de UTI estavam esgotados.

"� estat�stico: pelo menos 10% dos pacientes com covid internam e, entre esses, 10% em m�dia v�o para a UTI. Acima de 1 mil casos todos os dias, o sistema satura" diz o diretor do HNSG e presidente da Federa��o das Santas Casas de Miseric�rdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paran� (Femipa), Flaviano Ventorim.

No SUS, a taxa de ocupa��o de UTI por covid �, segundo a Sesa, de 92% na regi�o leste do Paran�, que engloba Curitiba, regi�o metropolitana e Paranagu�. Em todo o Estado, o �ndice � de 83%. Em coletiva de imprensa no dia 27 de novembro, a secret�ria municipal da Sa�de, M�rcia Hu�ulak, afirmou que pacientes da rede privada chegaram a ser transferidos para o SUS por conta de problemas na capacidade de atendimento.

Segundo Ventorim, o HNSG deu o alerta � popula��o para evitar que pacientes graves (como infarto e AVC, por exemplo), n�o procurassem a institui��o pela falta de estrutura f�sica.

"Nesses casos o tempo � primordial para a sobreviv�ncia" frisa.

O hospital conta com 58 leitos de UTI no total, que se divide entre pacientes card�acos (10), neuropediatra (20), geral (20) e 8 para covid-19.

"Dentro da nossa din�mica, n�o posso colocar um paciente da UTI Covid na UTI card�aca, porque nosso modelo � de UTI aberta" explica. Para efeitos comparativos, o Hospital das Cl�nicas (HC), que � p�blico, tem 61 leitos apenas para covid-19 (58 deles hoje est�o ocupados).

Na ter�a (1/12), fontes consultadas pela BBC News Brasil informaram que, em of�cio, a prefeitura de Curitiba solicitou ao HC que m�dicos de especialidades como ortopedia devem cancelar atendimentos eletivos; os profissionais ser�o destinados para a ala de covid-19. Duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) nos bairros Boqueir�o e Fazendinha, regi�es populosas da capital, foram fechadas para outros atendimentos de sa�de, destinadas apenas a pacientes com covid.

Para o diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Sa�de, Alcides Oliveira, as vagas no sistema privado tendem a se normalizar.

"Com a diminui��o dos casos nos meses anteriores, os hospitais retomaram cirurgias eletivas, que muitas vezes necessitam de UTI. Com menos procedimentos as vagas voltam a abrir. � um momento de transi��o para a retomada dos leitos", acredita.

Feriados em outubro e novembro, campanha eleitoral e o aumento da circula��o de pessoas na cidade, que, para eles, "perderam o medo" da doen�a, s�o alguns motivos que a Epidemiologia atribui para esse repique brusco de casos.

Tanto Oliveira quanto Ventorim alertam para as festividades de Natal e Ano-Novo que se aproximam: as pessoas devem evitar ao m�ximo viagens e festividades que envolvam pessoas fora do conv�vio familiar di�rio.

A ponta do atendimento, os postos de sa�de em Curitiba tamb�m v�m registrando um dia a dia mais puxado do que h� alguns meses: m�dico e coordenador do Grupo T�cnico Covid-19 da Sociedade Brasileira de Medicina de Fam�lia e Comunidade, Rogerio Luz Coelho Neto, que atende da Unidade de Sa�de Osternak, relata que na segunda-feira passada (23 de novembro) foram realizados quase 50 exames de PCR na unidade em um �nico dia, o que � n�mero "absurdo", de acordo com ele, para a unidade.

"Vivemos o pior momento de Curitiba", diz.


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