(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Vacina n�o altera DNA nem tem microchip: as mentiras sobre imuniza��o contra o coronav�rus

Uma equipe de rep�rteres da BBC checou a verdade sobre teorias surgidas nas redes sociais a respeito das vacinas contra a covid-19.


03/12/2020 19:39

(foto: Getty Images)
(foto: Getty Images)

Uma equipe de rep�rteres da BBC analisou algumas das informa��es falsas sobre vacinas mais amplamente compartilhadas nas redes sociais tudo, desde supostas tramas para colocar microchips em pessoas at� a suposta reengenharia de nosso c�digo gen�tico.

'DNA alterado'

O medo de que uma vacina seja capaz de mudar de alguma forma o DNA das pessoas � algo regularmente compartilhado nas redes sociais.

A BBC perguntou a tr�s cientistas independentes sobre o assunto. Eles responderam que a vacina contra o coronav�rus n�o alteraria o DNA humano.

Algumas das vacinas rec�m-criadas, incluindo a agora aprovada no Reino Unido e desenvolvida pela Pfizer/BioNTech, usam um fragmento do material gen�tico do v�rus ou RNA mensageiro.

"Injetar RNA em uma pessoa n�o mexe em nada no DNA de uma c�lula humana", explica o professor Jeffrey Almond, da Universidade de Oxford, do Reino Unido.

A vacina funciona dando instru��es ao corpo para produzir uma prote�na que est� presente na superf�cie do coronav�rus.

O sistema imunol�gico ent�o aprende a reconhecer e produzir anticorpos contra o v�rus.

Esta n�o � a primeira vez que alega��es de que uma vacina contra o coronav�rus supostamente altera o DNA ganham for�a. Investigamos um v�deo popular divulgando a teoria em maio.

Algumas postagem apontavam que a tecnologia da vacina de RNA mensageiro (mRNA) "nunca foi testada ou aprovada antes".

� verdade que nenhuma vacina de mRNA foi aprovada at� ent�o, mas v�rios estudos com medicamentos desse porte foram testados em humanos nos �ltimos anos. E, desde o in�cio da pandemia, a vacina foi testada em dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo e passou por processos de aprova��o de seguran�a.

A vacina contra covid-19 não altera o DNA de quem recebê-la(foto: Getty Images)
A vacina contra covid-19 n�o altera o DNA de quem receb�-la (foto: Getty Images)

Como todas as novas vacinas, ela deve passar por verifica��es de seguran�a rigorosas antes de ser recomendada para uso generalizado.

Nos ensaios cl�nicos de fase 1 e fase 2, as vacinas s�o testadas em um pequeno n�mero de volunt�rios para verificar se s�o seguras e determinar a dose certa.

Nos testes de fase 3, as imuniza��es s�o testadas em milhares de pessoas para verificar a efic�cia. O grupo que recebeu a vacina e um grupo de controle que tomou placebo s�o monitorados de perto para quaisquer rea��es adversas, como efeitos colaterais. O monitoramento de seguran�a continua ap�s a vacina ser aprovada para uso.

Bill Gates e microchip

A seguir, uma teoria da conspira��o que se espalhou pelo mundo.

Ele afirma que a pandemia de coronav�rus � uma cortina de fuma�a para um plano de implante de microchips rastre�veis nas pessoas. O cofundador da Microsoft, Bill Gates, estaria por tr�s do plano.

N�o existe um "microchip" de vacina e n�o h� evid�ncias que sustentem as alega��es de que Bill Gates esteja planejando isso no futuro.

Não é verdade que vacinas contra o coronavírus tenham microchips de Bill Gates(foto: Getty Images)
N�o � verdade que vacinas contra o coronav�rus tenham microchips de Bill Gates (foto: Getty Images)

A Funda��o Bill e Melinda Gates disse � BBC que a teoria � "falsa".

Os rumores se espalharam em mar�o, quando Gates disse em uma entrevista que eventualmente "teremos alguns certificados digitais" que seriam usados para mostrar quem se recuperou, foi testado e, finalmente, quem recebeu a vacina. Ele n�o fez men��o aos microchips.

Isso levou a um artigo amplamente compartilhado com o t�tulo: "Bill Gates usar� implantes de microchip para combater o coronav�rus."

O artigo faz refer�ncia a um estudo, financiado pela funda��o do bilion�rio, sobre uma tecnologia que poderia armazenar os registros da vacina de uma pessoa em uma tinta especial administrada com uma inje��o.

No entanto, a tecnologia n�o � um microchip e � funciona mais como uma tatuagem invis�vel. Ela ainda n�o foi implementado, n�o permitiria que pessoas fossem rastreadas e informa��es pessoais n�o seriam inseridas em um banco de dados, diz Ana Jaklenec, cientista envolvida no estudo.

O bilion�rio fundador da Microsoft foi objeto de muitos falsos rumores durante a pandemia.

Ele foi visado por causa de seu trabalho filantr�pico em sa�de p�blica e desenvolvimento de vacinas.

Apesar da falta de evid�ncias, em maio, uma pesquisa do YouGov com 1.640 pessoas apontou que 28% dos americanos acreditavam que Gates queria usar vacinas para implantar microchips em pessoas. O percentual crescia para 44% entre os seguidores do Partido Republicano, de Donald Trump.

Tecido de feto

As vacinas contra covid-19 não contém células de fetos abortados(foto: Getty Images)
As vacinas contra covid-19 n�o cont�m c�lulas de fetos abortados (foto: Getty Images)

Tamb�m h� teorias de que as vacinas cont�m tecido pulmonar de fetos abortados. Essa teoria tamb�m � falsa.

"N�o h� c�lulas fetais usadas em qualquer processo de produ��o de vacina", explica Michael Head, da Universidade de Southampton, no Reino Unido.

Um v�deo em particular postado em uma das maiores p�ginas antivacinas do Facebook aponta que um estudo sobre a vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford mostrava o uso desse tecido.

Mas a interpreta��o do narrador do v�deo est� errada: o estudo citado explorou como a vacina reagiu quando introduzida em c�lulas humanas em um laborat�rio, e n�o que havia tecido de fetos abortados no desenvolvimento do medicamento.

A mentira pode ter surgido porque h� uma etapa no processo de desenvolvimento de uma vacina que usa c�lulas cultivadas em laborat�rio, que s�o descendentes de c�lulas embrion�rias que de outra forma teriam sido destru�das. A t�cnica foi desenvolvida na d�cada de 1960, e nenhum feto foi abortado para ser ser utilizado nesta pesquisa.

Muitas vacinas s�o feitas desta forma, explica David Matthews, da Universidade de Bristol, acrescentando que quaisquer vest�gios das c�lulas s�o completamente removidos da vacina, "com padr�es excepcionalmente elevados".

Os desenvolvedores da vacina na Universidade de Oxford dizem que trabalharam com c�lulas clonadas, mas essas c�lulas "n�o s�o c�lulas de beb�s abortados".

As c�lulas funcionam como uma esp�cie de f�brica. Ela cria uma forma muito enfraquecida do v�rus que foi adaptada para funcionar como uma vacina.

Mas, embora o v�rus enfraquecido seja criado a partir dessas c�lulas clonadas, esse material celular � removido quando o v�rus � purificado, e n�o � usado na vacina.

Taxa de recupera��o

Um dos questionamentos bastante compartilhado nas redes sociais � sobre o qual o motivo da necessidade de uma vacina se a chance de morte por covid-19 � t�o pequena.

Um meme compartilhado por pessoas que se op�em � vacina��o colocou a taxa de recupera��o da doen�a em 99,97% e sugeriu que ser infectado por covid-19 � uma op��o mais segura do que tomar uma vacina.

Para come�ar, o n�mero referido no meme como "taxa de recupera��o" o que implica que s�o pessoas que contra�ram o v�rus e sobreviveram n�o � correto.

Cerca de 99% das pessoas que pegam covid sobrevivem, diz Jason Oke, estat�stico da Universidade de Oxford.

Portanto, cerca de 100 pessoas por grupo de 10 mil infectados v�o morrer muito mais do que tr�s em 10 mil, conforme sugere o meme.

No entanto, Oke acrescenta que "em todos os casos os riscos dependem muito da idade e n�o levam em considera��o a morbidade de curto e longo prazo da covid-19".

N�o se trata apenas de sobreviv�ncia. Para cada pessoa que morre, h� outras que sobrevivem, mas passam por cuidados m�dicos intensivos. Tamb�m h� aquelas que sofrem com sequelas duradouras.

Isso pode contribuir para um servi�o de sa�de sobrecarregado, cheio de pacientes com covid, competindo com os recursos limitados de um hospital que trata pacientes com outras doen�as e les�es.

Concentrar-se na taxa de mortalidade geral, ou dividir a aplica��o de uma vacina em um ato individual, perde o sentido da vacina��o, diz o professor Liam Smeeth, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. "A vacina��o deve ser vista como um esfor�o da sociedade para proteger os outros, diz ele.

"No Reino Unido, a pior parte da pandemia, o motivo do lockdown, ocorre porque o servi�o de sa�de ficaria sobrecarregado. Grupos vulner�veis como idosos e doentes em lares de idosos t�m uma chance muito maior de adoecer gravemente se contra�rem o v�rus,", explica.

Reportagem adicional de Kris Bramwell, Olga Robinson e Marianna Spring


J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)