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Estado de Minas

Enigma da pandemia: os genes que ajudam a entender por que algumas pessoas ficam mais doentes que outras

Estudo identificou genes que oferecem pistas sobre o que leva alguns a ficarem gravemente doentes com a Covid-19


13/12/2020 13:37

A Covid-19 deixa algumas pessoas gravemente doentes, enquanto outras não apresentam nenhum sintoma(foto: Science Photo Library)
A Covid-19 deixa algumas pessoas gravemente doentes, enquanto outras n�o apresentam nenhum sintoma (foto: Science Photo Library)

Um dos maiores enigmas da pandemia � entender por que algumas pessoas com coronav�rus n�o apresentam sintomas, enquanto outras ficam extremamente doentes.

Um estudo com mais de 2.200 pacientes de terapia intensiva publicado na revista Nature identificou genes espec�ficos que podem trazer a resposta.

Eles tornam algumas pessoas mais suscet�veis aos sintomas graves de Covid-19.

As descobertas lan�am luz sobre onde o sistema imunol�gico falha, o que pode ajudar a identificar novos tratamentos.

Os tratamentos continuar�o a ser necess�rios mesmo com as vacinas sendo desenvolvidas, diz Kenneth Baillie, consultor em medicina da Royal Infirmary em Edimburgo, que liderou o projeto denominado Genomicc.

"As vacinas devem diminuir drasticamente o n�mero de casos, mas � prov�vel que os m�dicos ainda precisem tratar a doen�a em cuidados intensivos por v�rios anos em todo o mundo. Por isso existe uma necessidade urgente de encontrar novos tratamentos."

C�luas 'irritadas'

Os cientistas analisaram o DNA de pacientes em mais de 200 unidades de terapia intensiva em hospitais do Reino Unido.

Todos os pacientes tiveram an�lises minuciosas em seus genes, que por sua vez abrigam instru��es para todos os processos biol�gicos - incluindo como combater um v�rus.

Os genomas dessas pessoas foram ent�o comparados com o DNA de pessoas saud�veis na tentativa de identificar diferen�as. Algumas foram encontradas - a primeira delas em um gene chamado TYK2.

"Ele � parte do sistema que torna as c�lulas imunol�gicas mais irritadas e mais inflamat�rias", explicou o Baillie.

Se o gene estiver imperfeito, essa resposta imune pode entrar em exaust�o, colocando os pacientes em risco de s�ria inflama��o pulmonar.

Um tipo de medicamento anti-inflamat�rio j� usado para doen�as como a artrite reumat�ide tem como alvo exatamente esse mecanismo biol�gico. � o caso de um rem�dio chamado Baricitinib.

"Isso o torna esse rem�dio candidato muito plaus�vel para novos tratamentos", disse Baillie. "Mas, � claro, precisamos fazer testes cl�nicos em grande escala para descobrir se isso se confirma ou n�o."

Pouco 'interferon'

Diferen�as gen�ticas tamb�m foram encontradas em um gene chamado DPP9, que desempenha um papel em inflama��es, e em um gene chamado OAS, que ajuda a impedir que o v�rus se multiplique.

Al�m disso, varia��es em um gene chamado IFNAR2 tamb�m foram identificadas nos pacientes de terapia intensiva.

O IFNAR2 est� ligado a uma mol�cula antiviral potente chamada interferon, que ajuda a ativar o sistema imunol�gico assim que uma infec��o � detectada.

Acredita-se que a produ��o de pouco interferon pode dar ao v�rus uma vantagem inicial, permitindo que ele se replique rapidamente, levando a quadros mais graves.

Dois outros estudos recentes publicados na revista Science tamb�m relacionaram o interferon a casos de Covid, por meio de muta��es gen�ticas e um dist�rbio autoimune que afeta sua produ��o.

O professor Jean-Laurent Casanova, que realizou a pesquisa, da Universidade Rockefeller em Nova York, disse: "[Interferon] foi respons�vel por quase 15% dos casos cr�ticos de Covid-19 registrados internacionalmente segundo nosso estudo."

O interferon poderia ser administrado como tratamento, mas um ensaio cl�nico da Organiza��o Mundial da Sa�de concluiu que ele n�o ajudou pacientes em estado grave. No entanto, o professor Casanova diz que o contexto � importante.

Ele explicou: "Eu espero que, se administrado nos primeiros dois, tr�s, ou quatro dias de infec��o, o interferon funcione, porque ele essencialmente forneceria a mol�cula que o [paciente] n�o produz por si mesmo".

'Quando as coisas d�o errado'

Vanessa Sancho-Shimizu, uma geneticista do Imperial College de Londres, disse que as descobertas gen�ticas oferecem uma vis�o sem precedentes sobre a biologia da doen�a.

"� realmente um exemplo de medicina de precis�o, no qual podemos realmente identificar o momento em que as coisas deram errado para aquele indiv�duo", disse ela � BBC News.

"As descobertas desses estudos gen�ticos nos ajudar�o a identificar caminhos moleculares espec�ficos que podem ser alvos de interven��o terap�utica", disse ela.

Mas o genoma ainda guarda alguns mist�rios.

O estudo Genomicc - e v�rios outros - revelou um grupo de genes no cromossomo 3 fortemente ligado a sintomas graves. No entanto, a biologia por tr�s disso ainda n�o � compreendida pelos cientistas.

Mais pacientes ser�o convidados a participar da pesquisa.

"Precisamos de todos, mas estamos particularmente interessados em recrutar pessoas de grupos �tnicos minorit�rios que aparecem de maneira mais ampla na popula��o gravemente doente", afirmou Baillie.

Ele acrescentou: "Ainda h� uma necessidade urgente de encontrar novos tratamentos para esta doen�a e temos que fazer as escolhas certas sobre os pr�ximos tratamentos, porque n�o temos tempo para cometer erros".


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