Eui Jeong Lee e seus tr�s amigos s�o os �nicos ocupantes dos 200 assentos da sala de cinema. Na tela, em vez de filmes, passa um game.
Enquanto Lee destr�i seus advers�rios de jogo com seu controle de videogame, o som da batalha sai forte dos poderosos alto-falantes da sala.
"A qualidade do som � particularmente incr�vel", elogia Lee, uma estudante de 25 anos. "O som dos tiros � t�o v�vido, e quando algo voou na tela diretamente contra mim, eu at� dei um grito."
O grupo de amigos havia alugado a sala de cinema por um per�odo de duas horas na CGV, a maior rede de cinemas da Coreia do Sul.
Assim como no Brasil e em outras partes do mundo, os cinemas coreanos est�o sob as restri��es impostas pela pandemia. Muitos est�o de portas fechadas, enquanto outros restringem-se a 50% da ocupa��o total. Al�m disso, h� menos filmes sendo lan�ados para a tela grande. Assim, a CGV teve a ideia de alugar suas salas a gamers, de modo a criar uma nova fonte de renda.
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At� as 18h, grupos de no m�ximo quatro pessoas podem alugar um tel�o por duas horas, ao custo de US$ 90 (R$ 483 na cota��o atual). Se o aluguel da sala for noturno, o custo sobe para US$ 135 (R$ 725).
Os jogadores trazem de casa os consoles, controles e jogos.
Pode soar caro, mas o novo p�blico gamer n�o compensa a receita perdida com os cin�filos.
Vamos aos n�meros: as salas alugadas t�m entre 100 e 200 assentos, vendidos por US$ 12 cada (R$ 65). Uma sala de 100 lugares com a metade da ocupa��o para um filme traria receita de US$ 600 (R$ 3.222); essa quantia subiria para US$ 1.200 (R$ 6.444) em uma sala de 200 lugares com 50% de seus lugares preenchidos. Tudo isso sem contar o que os cin�filos gastariam com bebidas e pipoca.
Mesmo assim, � pelo menos alguma receita entrando em caixa. A ideia veio de Seung Woo Han, funcion�rio da CGV, que percebeu que filmes e videogames t�m suas semelhan�as.
"Enquanto pensava em como dar uso �s salas de cinema vazias, percebi que os games atuais t�m um projeto gr�fico excelente e hist�rias bem estruturadas, como filmes", ele diz. "Ambos contam uma hist�ria, ent�o se algu�m pode desfrutar de um filme no cinema, achei que poderia tamb�m gostar de jogar games no cinema."

Desde que o novo servi�o come�ou a ser oferecido, no in�cio deste ano, as salas receberam 130 reservas at� a conclus�o desta reportagem. A maioria dos alugu�is � feita por homens na casa dos 30 a 40 anos, mas casais e fam�lias tamb�m t�m se interessado.
A pandemia teve um efeito devastador sobre a ind�stria cinematogr�fica. No mundo inteiro, a venda de ingressos caiu 71%, gerando uma receita de US$ 12,4 bilh�es, contra US$ 42,5 bilh�es em 2019, segundo a revista especializada Variety.
Nos EUA, a AMC, maior cadeia de salas de cinema, precisou levantar US$ 917 milh�es para afastar ao menos temporariamente a possibilidade de decretar fal�ncia. Enquanto isso, no Reino Unido, cineastas instaram o governo a oferecer apoio financeiro �s redes de cinema, para impedir que tenham de fechar suas portas.
Assim como na Coreia do Sul, a rede de cinemas americana Malco Theatres tem alugado suas salas para gamers desde novembro.
Baseada na cidade de Memphis, a rede Malco permite que grupos de at� 20 pessoas aluguem suas salas, distribu�das por 36 cinemas em seis Estados do sul dos EUA. O pre�o do servi�o Malco Select � de US$ 100 (R$ 537) por duas horas e US$ 150 (R$ 805) por tr�s.
Karen Melton, vice-presidente e diretora de marketing da Malco, diz que o sentimento � misto: "(O projeto) est� ganhando tra��o e se tornando popular, mas nada est� conseguindo aumentar nossa rentabilidade a esta altura".

Oustras cadeias, como AMC e Cinemark, est�o permitindo que pequenos grupos de cin�filos aluguem salas para sess�es particulares de filmes.
De volta � Coreia do Sul, a CGV tamb�m tenta lucrar com entrega a domic�lio de suas guloseimas, desde pipoca at� nachos e lulas fritas.
"As pessoas que sentem saudades da nossa comida ou t�m boas mem�rias de comer suas comidas de cinema enquanto assistem a filmes querem reviver essa experi�ncia em casa", diz Seon Hyeon Park, porta-voz da CGV. "Temos pipoca sabor caramelo, manjeric�o e cebola, duplo queijo. S�o diferentes das que voc� compra no mercado."

Essa aposta na comida foi feita tamb�m por um cinema londrino, o Genesis, que manteve seu caf� aberto para os clientes que quisessem comprar para viagem.
Tyrone Walker-Hebborn, dono do cinema, diz que a pandemia tem sido desastrosa tanto para as salas quanto para a ind�stria cinematogr�fica em geral.
"� o per�odo mais dif�cil que j� vi nos meus 21 anos neste setor", ele diz. "E potencialmente, pode danificar a ind�stria para sempre. Basicamente, n�o comercializamos h� um ano, e acho que h� poucos neg�cios que conseguem sobreviver a isso."
A despeito da crise, Walker-Hebborn mant�m sua confian�a nas perspectivas de longo prazo. "Sou muito otimista quanto ao futuro do cinema, e n�o apenas acho que eles v�o sobreviver � pandemia, como acredito que sejam um pilar necess�rio da comunidade para as pessoas se curarem da pandemia. No geral, acho que vai voltar a ser como era antes da pandemia, mas vai levar (todo o ano de) 2021 para isso."
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