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Estado de Minas FUNDADOR DA ANVISA

'Brasil consegue vacinar 60 milh�es por m�s; s� falta a vacina'

Segundo Gonzalo Vecina Neto, pa�s poderia concluir imuniza��o neste semestre, se governo federal tivesse negociado com anteced�ncia compra de vacinas


18/02/2021 14:20 - atualizado 18/02/2021 15:26

Segundo Gonzalo Vecina Neto, país poderia concluir imunização contra covid-19, se governo federal tivesse negociado com antecedência compra de vacinas, como fez o Chile(foto: EPA/Antonio Lacerda)
Segundo Gonzalo Vecina Neto, pa�s poderia concluir imuniza��o contra covid-19, se governo federal tivesse negociado com anteced�ncia compra de vacinas, como fez o Chile (foto: EPA/Antonio Lacerda)

Pouco depois de iniciar o seu programa de vacina��o contra a COVID-19, o Brasil j� figurava entre os 10 pa�ses com maior n�mero absoluto de imunizados, embora tenha largado atr�s de na��es europeias e de pa�ses sul-americanos, como Argentina e Chile. Mas a rapidez garantida pela experi�ncia do Sistema �nico de Sa�de (SUS) com vacina��es esbarra na falta de vacinas e planejamento.

Segundo o m�dico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Sa�de P�blica da Universidade de S�o Paulo (USP), se o Brasil tivesse negociado e comprado mais doses antecipadamente, teria estrutura para concluir a vacina��o de toda a popula��o brasileira com mais de 18 anos at� o meio do ano.




Fundador e primeiro presidente da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), criada em 1999, Vecina Neto calcula que o SUS tem condi��es de administrar 3,04 milh�es de vacinas contra a COVID-19 por dia, o que daria cerca de 60 milh�es de vacinados por m�s, considerando 20 dias �teis.

Como existem 159,1 milh�es de brasileiros com mais de 18 anos, segundo a Pesquisa Nacional de Sa�de (PNS) 2019, seria poss�vel concluir as duas doses, diz Vecina Neto, em meados de julho. Por enquanto, as vacinas contra COVID-19 n�o s�o administradas em crian�as e adolescentes, por isso o c�lculo s� considera adultos.

"Temos hoje 38 mil unidades b�sicas de sa�de com pelo menos uma sala de vacina��o com geladeira especializada em m�dulos, que conserva a temperaturas de dois a oito graus. Na pior das hip�teses, se consegue vacinar 10 pessoas por hora", explica Vecina Neto, que j� foi secret�rio municipal de Sa�de de S�o Paulo (2003 a 2004) e secret�rio Nacional de Vigil�nca Sanit�ria no Minist�rio da Sa�de.

"Se vacinarmos 10 pessoas por hora, num dia de trabalho de oito horas, d� 80 vacinas. Ent�o, eu tenho condi��o te�rica de vacinar 3 milh�es de pessoas por dia �til. Isso para 20 dias �teis, tenho condi��es de vacinar, em um m�s, sem fazer muito esfor�o, 60 milh�es de pessoas", calcula.

Apag�o de vacinas?

Do in�cio da vacina��o, em 17 de janeiro, at� agora, 5,5 milh�es de pessoas receberam a primeira dose. O Brasil � o oitavo pa�s em n�mero absoluto de vacinados.

Mas s� foram distribu�das pelo pa�s 12 milh�es de doses dos imunizantes CoronaVac e Oxford-AstraZeneca, quantia suficiente para vacinar apenas 6 milh�es de pessoas — menos que 3% da popula��o.


Carnaval deste ano foi cancelado por causa da pandemia do coronavírus(foto: EPA/FERNANDO BIZERRA)
Carnaval deste ano foi cancelado por causa da pandemia do coronav�rus (foto: EPA/FERNANDO BIZERRA)

Munic�pios j� come�aram a alertar para a necessidade de suspender as vacina��es, porque as primeiras doses acabaram antes da segunda remessa chegar.

� o caso da cidade do Rio de Janeiro, que paralisou a vacina��o na quarta-feira (17) para quem ainda n�o recebeu a primeira dose. A expectativa � retomar uma semana depois (23), quando est� prevista a chegada de uma nova remessa de doses. Tamb�m suspenderam a vacina��o Porto Alegre, Salvador e Cuiab�.

"A nossa experi�ncia com a vacina da gripe mostra que temos capacidade de imunizar rapidamente. No ano passado, em 2020, vacinamos 80 milh�es em tr�s meses. Temos condi��es de fazer. O que falta? Faltam vacinas", lamenta Gonzalo Vecina Neto.

O Minist�rio da Sa�de diz que reservou mais 364,9 milh�es de doses de vacinas com o Butatan, a Fiocruz e o cons�rcio internacional Covax Facility, ligado � Organiza��o Mundial da Sa�de. Mas a distribui��o desses lotes vai ocorrer ao longo do ano.

Negocia��o tardia

Segundo Vecina Neto, o grande erro do governo federal foi n�o ter negociado e reservado lotes no ano passado, quando as fabricantes ainda estavam produzindo os imunizantes e testando a efic�cia. � o que fizeram Chile, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha e dezenas de outros pa�ses.

"O Chile hoje tem tr�s doses de vacina por habitante, s� que ele come�ou a comprar vacina em setembro. N�s n�o fizemos isso. N�o fosse a Fiocruz e o Butantan, n�o ter�amos vacina."

Agora, diz o sanitarista, os principais fabricantes, como Pfizer e Moderna, j� negociaram grande parte de sua produ��o, e n�o teriam volume dispon�vel para suprir a popula��o brasileira.

Al�m disso, a capacidade de produ��o do Butatan e da Fiocruz, para produ��o das vacinas CoronaVac e Oxford-AstraZeneca, esbarra no ritmo de importa��o de insumos da China.


Vacina no Brasil teve início para grupos prioritários, como idosos com mais de 80 anos, mas não há, por enquanto, vacinas para atender a toda a população vulnerável(foto: REUTERS/Amanda Perobelli)
Vacina no Brasil teve in�cio para grupos priorit�rios, como idosos com mais de 80 anos, mas n�o h�, por enquanto, vacinas para atender a toda a popula��o vulner�vel (foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

"O Minist�rio da Sa�de foi de uma miopia muito grande em n�o fazer aposta, em n�o investir na produ��o de vacinas antes do registro. Quem fez aposta e correu o risco foram Butatan e Fiocruz, a primeira apostando na CoronaVac e a segunda, na Oxford-AstraZeneca", critica.

"A quest�o agora nem � pre�o. � ter o produto. � de acesso mesmo."

Restou apostar na Sputnik V e na indiana Covaxin

Como boa parte dos lotes das vacinas com efic�cia comprovada j� foram negociadas, no curto prazo, o Brasil pode comprar o excedente ou apostar em vacinas que ainda despertam desconfian�a ou que n�o conclu�ram a fase 3 de testes.

Vecina Neto cita como exemplos a russa Sputnik V e a indiana Covaxin. O Minist�rio da Sa�de informa, em seu site, que negocia a compra de 10 milh�es de doses da Sputnik V, entre mar�o e maio, e outras 20 milh�es de doses da Covaxin, para o mesmo per�odo.

As duas vacinas ainda n�o apresentaram detalhes de testes cl�nicos para que a Anvisa possa liberar o uso emergencial.

A Sputnik V, especificamente, j� foi alvo de cr�ticas internacionais pela falta de transpar�ncia no processo de fabrica��o do imunizante. Mesmo na R�ssia o ritmo de vacina��o come�ou lento, porque a popula��o questionava a efic�cia da vacina.

Em 02 de fevereiro, o Instituto Gamaleya de Pesquisa da R�ssia, respons�vel pela vacina Sputnik V, divulgou os resultados preliminares da vacina Sputnik V no renomado peri�dico cient�fico The Lancet. Os dados revelaram uma taxa de efic�cia de 91,6%.

O estudo de fase 3 que avalia a efic�cia e a seguran�a deste imunizante envolve 20 mil volunt�rios e continua em andamento para avaliar a prote��o ou poss�veis efeitos colaterais em longo prazo. Outra importante observa��o do artigo publicado no The Lancet foi o fato de a Sputnik V ter funcionado bem em indiv�duos acima dos 60 anos. Na an�lise de um subgrupo de 2 mil idosos, a efic�cia tamb�m ficou na casa dos 91%.

A vacina, aplicada em duas doses com um intervalo de 21 dias entre elas, est� aprovada em mais de 15 pa�ses, incluindo R�ssia, Argentina, Paraguai e Venezuela.

No Brasil, a Anvisa est� avaliando um pedido feito pela farmac�utica Uni�o Qu�mica, que tem um acordo com o Instituto Gamaleya para transfer�ncia de tecnologia. A empresa brasileira calcula que tem capacidade de fabricar e distribuir 150 milh�es de doses do imunizante at� dezembro de 2021.

Mas tudo depende de autoriza��o da Anvisa.

No caso da vacina indiana Covaxin, especialistas em doen�as infecciosas da �ndia criticaram a aprova��o emergencial no pa�s do imunizante antes da conclus�o dos testes de efic�cia e seguran�a.

O controlador-geral de medicamentos da �ndia, V. G. Somani, afirmou que a Covaxin � "segura e fornece uma resposta imunol�gica robusta".

Mas a entidade independente de vigil�ncia de sa�de All India Drug Action Network disse haver "preocupa��es significativas decorrentes da aus�ncia de dados de efic�cia", bem como uma falta de transpar�ncia.

"Eu n�o vejo problema nessas vacinas desde que tenham a fase 3 prontas. A Sputnik V n�o terminou de fazer estudo de fase 3. A �ndia n�o terminou a fase 3 para a Covaxin. Tem que terminar e apresentar o resultado, � o padr�o internacional. Tem que ter estudo com tamanho razo�vel, de entre 30 mil a 40 mil pacientes", opina o professor da USP.

Ritmo de vacina��o pode acelerar a partir de mar�o

Vecina Neto diz, por�m, que o ritmo de vacina��o deve acelerar a partir de mar�o, quando est� prevista a entrega de mais de 38 milh�es de doses de CoronaVac e Oxford-AstraZeneca.

"A partir do final de mar�o vamos passar a ter cerca de 30 milh�es de doses por m�s para vacinar. O ritmo de vacina��o deve melhorar", afirma.

Mas, segundo o professor da USP, al�m de correr atr�s do preju�zo nas negocia��es por vacinas, o governo federal precisa organizar uma campanha nacional de vacina��o, com propaganda e divulga��o em massa de informa��o.

"As pessoas v�o vacinar porque s�o convocadas. N�o tinha tido at� hoje vacina, no �mbito do Programa Nacional de Imuniza��es, que n�o tivesse campanha. N�o houve campanha de vacina��o para COVID-19", diz.

"Falta divulga��o, falta marketing, falta Z� Gotinha."


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