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Estado de Minas CORONAV�RUS

Teste pelo �nus, exames r�pidos e outros avan�os no diagn�stico da COVID-19

M�todos para detectar infec��o pelo coronav�rus evolu�ram muito nos �ltimos meses. Conhe�a as principais inova��es - e quando elas realmente fazem a diferen�a


20/02/2021 07:45 - atualizado 20/02/2021 10:20

Uma not�cia inusitada vinda da China chamou a aten��o nos �ltimos dias: autoridades locais anunciaram que iriam come�ar a usar o swab anal para diagnosticar a covid-19.

Em resumo, o m�todo consiste em introduzir no �nus uma haste flex�vel para colher amostras de material org�nico, que depois ser�o analisados em laborat�rio para detectar (ou n�o) a presen�a do coronav�rus.

Atualmente, o padr�o � fazer o swab nasal, em que a haste � colocada no nariz e na boca para coletar amostras l� do fundo da garganta.

De acordo com especialistas chineses, o novo exame teria uma precis�o maior, traria resultados mais confi�veis e seria particularmente �til em algumas situa��es especiais.

Mas o que a ci�ncia diz sobre o assunto? E como os testes que diagnosticam a covid-19 evolu�ram nos �ltimos meses?

Via alternativa

A ideia de fazer testes laboratoriais pelo �nus n�o � particularmente nova.

Exames de fezes e colonoscopia, por exemplo, s�o m�todos valios�ssimos para o diagn�stico de uma s�rie de doen�as — de infec��es gastrointestinais ao c�ncer colorretal.

At� mesmo no contexto da covid-19 o assunto n�o � uma novidade absoluta.

"J� sabemos h� algum tempo que o intestino poderia funcionar como um santu�rio do coronav�rus, como acontece com outras doen�as virais. Ele poderia escapar do nariz e dos pulm�es, ficaria em algumas regi�es do sistema digestivo e seria eliminado pelas fezes", raciocina o infectologista Celso Granato, diretor cl�nico do Grupo Fleury.

Ainda nos primeiros meses de pandemia, os m�dicos notaram que a doen�a n�o se limitava aos sintomas respirat�rios e muitos pacientes apresentavam inc�modos gastrointestinais, como c�licas e diarreia.

Portanto, do ponto de vista das caracter�sticas da enfermidade, pensar num swab anal n�o � t�o estranho assim — apesar de n�o existir nenhuma evid�ncia contundente at� o momento mostrando que ele seria superior ou traria resultados melhores do que a an�lise feita pelo nariz e pela garganta.

Barreiras naturais

Se os testes pelo �nus s�o aprovados na an�lise t�cnica, eles emperram em quest�es como comodidade, praticidade e conveni�ncia.

"H� uma s�rie de restri��es de natureza cultural, de foro �ntimo. Um exame desses envolve expor a pr�pria genit�lia e a regi�o anal, que s�o bastante sens�veis", aponta o infecologista e epidemiologista Fernando Bellissimo Rodrigues, professor da Faculdade de Medicina de Ribeir�o Preto da Universidade de S�o Paulo (USP).

Na pr�pria China, o swab anal ser� usado por enquanto em situa��es muito espec�ficas.

Segundo uma reportagem da Forbes, testes desse tipo est�o sendo aplicados em passageiros que desembarcam no aeroporto de Pequim e em alguns centros de quarentena.

H� not�cias de que um grupo de mil crian�as e professores tamb�m precisaram fazer o exame depois que foram expostos ao coronav�rus.

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que o m�todo tamb�m poderia ser v�lido em pacientes com diarreia como sintoma principal ou em pessoas que apresentam alguma dificuldade para a coleta pelo nariz e pela garganta.

Mas essa n�o � a �nica novidade no mundo do diagn�stico da covid-19: nos �ltimos meses, o conhecimento e a tecnologia avan�aram bastante e hoje trazem uma s�rie de op��es diferentes que facilitam a vida de pacientes e profissionais da sa�de.

Escrito nas mol�culas

De forma geral, os exames para covid-19 s�o divididos em dois grandes grupos: os testes virais e os de anticorpos.

O primeiro detecta o agente infeccioso (ou pedacinhos dele) e permite saber se a pessoa est� com a doen�a "ativa" em seu organismo.

J� os testes de anticorpos medem a resposta do sistema imunol�gico e indicam se o indiv�duo j� teve a doen�a no passado — falaremos sobre eles em detalhes mais adiante.

De acordo com as principais diretrizes nacionais e internacionais, o m�todo principal para diagn�stico do coronav�rus continua a ser aquele conhecido pela sigla RT-PCR.

A coleta acontece por meio do swab nasal, em que a haste flex�vel raspa o fundo da garganta para colher o material que ser� analisado no laborat�rio.

"Sabemos que essa regi�o costuma ter a maior concentra��o de v�rus em infec��es respirat�rias e � relativamente f�cil de acessar pelo nariz e pela boca", explica o virologista Jos� Eduardo Levi, da rede de laborat�rios Dasa.

O RT-PCR � o exame que possui atualmente a melhor sensibilidade entre as op��es dispon�veis.

Isso significa que ele � capaz de identificar, entre as pessoas com suspeita de estarem infectadas, aquelas que realmente est�o doentes.

Na pr�tica, o m�todo deixa "escapar" poucos casos de covid-19, o que d� uma grande confian�a em seus resultados.

Mas, apesar da alta confiabilidade, essa op��o apresenta algumas desvantagens.

A primeira delas � a demora para obter os resultados.

O RT-PCR tamb�m requer equipamentos, reagentes e profissionais especializados, o que torna todo o processo mais custoso.

Por fim, n�o d� pra ignorar o fato de a coleta ser inc�moda — quem j� precisou fazer sabe que o swab nasal n�o � nada agrad�vel.

Evolu��es cient�ficas

Foi pra resolver alguns desses pontos fracos do RT-PCR que outros tr�s tipos de exames surgiram e j� est�o dispon�veis em alguns laborat�rios.

Eles tamb�m avaliam a presen�a do v�rus no organismo e podem ajudar a fazer o diagn�stico da covid-19.

Uma op��o relativamente recente � o exame de saliva. Em vez de cutucar o fundo do nariz com uma haste flex�vel, a premissa aqui � cuspir num recipiente e esse material � analisado.

"Isso representa um avan�o, particularmente para aquelas pessoas que necessitam repetir os testes com regularidade", destaca Granato, que tamb�m � professor da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp).

Depois de colhida, a saliva tamb�m passa pelo laborat�rio onde acontece aquele processo de busca por pedacinhos gen�ticos do coronav�rus pela mesma tecnologia do RT-PCR.

Outra inova��o dos �ltimos meses � o teste LAMP, dispon�vel em locais como farm�cias, esta��es m�veis e centros de diagn�stico.

Ele tamb�m � feito por swab nasal e vasculha a presen�a de pistas gen�ticas do v�rus.

A diferen�a est� no custo: como exige equipamentos menos rebuscados e possui menos etapas, essa metodologia � mais barata.

Por fim, a �ltima novidade � o teste de ant�geno, que tamb�m carece da coleta de material no fundo da garganta.

"Em vez de detectar o material gen�tico, essa tecnologia vai procurar outros pedacinhos da estrutura do v�rus", diz Levi, que tamb�m � pesquisador do Instituto de Medicina Tropical da USP.

Mais uma vez, o ganho aqui est� no pre�o mais baixo e na rapidez em obter um laudo positivo ou negativo.

Apesar de todas as facilidades, esse trio de exames n�o supera o RT-PCR naquilo que � mais essencial: a sensibilidade.

Em outras palavras, os testes de saliva, de ant�geno e o LAMP s�o validados cientificamente e podem sim ser �teis numa s�rie de situa��es.

Mas eles deixam escapar com mais frequ�ncia alguns resultados positivos de covid-19, o que pode fazer indiv�duos infectados acharem que est�o livres da doen�a.

Quando fazer o teste de covid-19?

O Centro de Controle e Preven��o de Doen�as dos Estados Unidos (CDC) destaca quatro situa��es em que � necess�rio passar por um exame desses:

  1. Pessoas com sintomas de covid-19 (febre, tosse, cansa�o, dor, diarreia, perda de olfato e paladar…);
  2. Indiv�duos que tiveram contato pr�ximo (menos de 1,5 metro por mais de 15 minutos) com pessoas com covid-19 confirmada;
  3. Quem esteve envolvido em atividades que aumentam o risco de uma infec��o pelo coronav�rus e n�o podem fazer isolamento preventivo (como em situa��es de viagens, aglomera��es ou longos per�odos em ambientes fechados com outras pessoas);
  4. Quem � selecionado para estudos ou programas de testagem realizados por seguros de sa�de, governos e institutos de pesquisa.

Uma recomenda��o que existia at� uns tempos atr�s era a de esperar pelo menos tr�s dias de sintomas antes de fazer a coleta do material para an�lise — mas isso caiu por terra recentemente.

"Quando a pessoa procura um servi�o de sa�de com sinais sugestivos, ela deve ser submetida ao exame imediatamente. N�o faz sentido algum pedir para que ela volte dali a alguns dias", indica Rodrigues.

"Um retorno posterior s� significaria dupla carga de trabalho das unidades assistenciais e um maior risco de cont�gio para o pr�prio paciente, se ele n�o estiver com covid-19, ou para todo mundo ao redor, se ele est� realmente infectado", completa o especialista.

Se ficar em d�vida de quando fazer o teste e qual dos tipos � o melhor para voc�, o ideal � buscar a orienta��o de um profissional de sa�de, que poder� fazer uma avalia��o e analisar os pr�s e contras antes de dar uma recomenda��o personalizada.

Quando N�O fazer o teste de covid-19?

Os exames utilizados atualmente para o diagn�stico da doen�a n�o foram desenvolvidos para grandes rastreamentos populacionais, em que milhares de pessoas s�o testadas — mesmo aquelas que n�o se encaixam nos quatro crit�rios descritos acima.

O grande risco dessa estrat�gia � sofrer com uma alta taxa de resultados falso negativos, em que as pessoas est�o infectadas com o v�rus, mas ele n�o � detectado na an�lise laboratorial.

Hoje em dia, sabe-se que entre 40 e 50% das pessoas que pegam covid-19 n�o apresentam sintoma algum.

Se elas n�o tomarem os cuidados b�sicos (uso de m�scaras, lavagem de m�os, distanciamento f�sico…), podem transmitir o v�rus para outros e criar novas cadeias de transmiss�o.

Portanto, um resultado falso negativo pode refor�ar uma falsa sensa��o de seguran�a, quando todo mundo deve seguir as recomenda��es para evitar uma prolifera��o ainda maior da pandemia.

Os especialistas tamb�m contra-indicam a realiza��o dos testes como um salvo-conduto para se aglomerar em festas e outros eventos sociais.

"O resultado do exame � sempre um retrato at� aquele momento. Nada garante que voc� se infecte alguns minutos ou dias depois", refor�a Levi.

O passado te condena?

Como comentamos no in�cio da reportagem, os testes sorol�gicos (ou de anticorpos) s�o um segundo tipo dispon�vel desde o primeiro semestre de 2020, quando a pandemia se alastrou para todos os continentes.

Realizados por meio de uma coleta de sangue, eles quantificam a produ��o de anticorpos conhecidos como IgA, IgG e IgM contra uma infec��o pelo coronav�rus.

Os anticorpos s�o subst�ncias produzidas pelo nosso sistema imunol�gico, que ajudam a neutralizar uma segunda invas�o viral.

O problema � que essa rea��o de defesa do organismo demora um pouquinho para acontecer. Portanto, os testes sorol�gicos s� d�o um resultado v�lido dez dias ou mais ap�s o in�cio dos sintomas.

Eles n�o servem, ent�o, para diagnosticar a doen�a ativa e tomar as medidas contra a covid-19, como uma quarentena ou um tratamento para os casos mais graves.

"Por essas raz�es, a utilidade desses testes � um pouco mais restrita. Eles podem ser valiosos, por exemplo, em inqu�ritos populacionais e estudos epidemiol�gicos que v�o medir a porcentagem da popula��o que j� foi exposta ao v�rus", conta Rodrigues.

Deturpa��o do uso

Apesar de indicarem quem j� teve covid-19, um resultado positivo no exame sorol�gico n�o � passaporte para voltar � "vida normal".

Em primeiro lugar, a ci�ncia ainda n�o sabe quanto tempo dura a imunidade ap�s um primeiro epis�dio da doen�a.

Apesar de todos os avan�os, a metodologia dos anticorpos tamb�m n�o � 100% � prova de falhas e pode dar resultados "errados".

Por fim, a detec��o de novas variantes no Reino Unido, na �frica do Sul e em Manaus abre uma possibilidade de quadros de reinfec��o que n�o podem ser ignorada.

As recomenda��es de distanciamento f�sico, uso de m�scaras, lavagem de m�os e prefer�ncia por locais arejados e ventilados continuam essenciais para todo mundo.

Avan�os e descobertas

Os exames de anticorpos tamb�m evolu�ram bastante de uns tempos para c�.

"Uma coisa importante que aprendemos com a experi�ncia � que n�o basta fazer um teste s�, porque nenhum deles � capaz de identificar toda a gama de respostas imunol�gicas que o ser humano apresenta. � importante que as amostras passem por dois m�todos diferentes para um resultado melhor", informa Granato.

Um passo relevante nessa �rea � a chegada de m�todos que avaliam os anticorpos neutralizantes.

"Eles nos certificam que o indiv�duo tem anticorpos e que eles s�o realmente capazes de proteger contra o v�rus", explica Levi.

As op��es dispon�veis at� ent�o avaliam subst�ncias com o IgA, o IgG e o IgM, mas elas d�o menos certeza sobre a efetividade da resposta imune diante de uma nova infec��o quando comparadas aos tais anticorpos neutralizantes.

Outra novidade que deve chegar nos pr�ximos meses s�o os testes que avaliam a rea��o das c�lulas do sistema imunol�gico ap�s um quadro de covid-19.

"Essa tecnologia analisa os gl�bulos brancos, que em laborat�rio s�o estimulados com peda�os do coronav�rus. Se essas c�lulas reagem, significa que h� uma resposta imunol�gica mais completa", projeta Levi.

Acesso no Brasil

Os especialistas entrevistados para essa reportagem sinalizam que a disponibilidade dos testes de covid-19 no pa�s melhorou significativamente.

"No in�cio, havia uma grande limita��o, porque os insumos necess�rios nem chegavam at� aqui", lembra Granato.

Mas ainda h� problemas na compra de subst�ncias essenciais para a realiza��o do RT-PCR, por exemplo.

"N�s perdemos a oportunidade l� atr�s de criar uma pol�tica de usar os testes para rastrear os primeiros casos positivos e isol�-los. Isso nunca foi feito de forma organizada no pa�s", lamenta Levi.

No in�cio da pandemia, programas desse tipo foram implementados com enorme sucesso em pa�ses como Nova Zel�ndia e Coreia do Sul.


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