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Covid-19: novo mapa global de riscos deve ter Brasil em 'zona vermelha', dizem cientistas

Para pesquisadores brit�nicos, a Europa, a Oceania e partes da �sia devem retomar turismo e viagens entre esses territ�rios a partir de julho, enquanto pa�ses ainda na 'zona vermelha', como Brasil, tendem a ser permanecer isolados do restante do mundo por todo o ano.


16/03/2021 11:59 - atualizado 16/03/2021 12:06

Para pesquisadores britânicos, Europa, Oceania e partes da Ásia devem retomar turismo e viagens entre esses territórios a partir de julho, enquanto países que não vacinarem ficarão isolados(foto: REUTERS/Ricardo Moraes)
Para pesquisadores brit�nicos, Europa, Oceania e partes da �sia devem retomar turismo e viagens entre esses territ�rios a partir de julho, enquanto pa�ses que n�o vacinarem ficar�o isolados (foto: REUTERS/Ricardo Moraes)

Conforme os programas de vacina��o contra covid-19 avan�am em partes do mundo, principalmente nos pa�ses ricos, o mundo deve se dividir at� o final do ano em zonas de risco e o Brasil tende a ficar na vermelha, dizem cientistas brit�nicos ouvidos pela BBC News Brasil.

Segundo o virologista Julian Tang, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, a expectativa � de que na��es europeias, da Oceania, Israel e partes da �sia, como Cingapura e Coreia do Sul, restabele�am com�rcio, turismo e viagens entre esses territ�rios a partir do meio do ano, possibilitando que suas economias voltem a girar.

J� pa�ses que n�o conseguirem concluir a vacina��o da popula��o e controlar o surgimento de variantes podem acabar isolados do resto do mundo, sendo classificados oficialmente ou informalmente como zonas de risco "amarelo" ou "vermelho".

"Podemos ter uma divis�o por zonas de risco. Por exemplo, o sudeste da �sia e a Europa ser�o verdes. Laranja � �ndia e parte da �frica. E vermelho pode ser �frica do Sul, Brasil e Estados Unidos, onde vemos altas taxas de transmiss�o e vacina��o insuficiente", exemplifica Tang.

"Isso pode existir oficialmente, em sites de viagem ou mesmo na cabe�a das pessoas."

As na��es que tendem a sofrer maior isolamento s�o as que n�o adotaram de maneira sistem�tica medidas de controle da covid-19 nem negociaram vacinas antecipadamente, como � o caso do Brasil, que totalizou na quarta (10) o recorde de 2.286 mortes em 24 horas e � visto por pesquisadores como potencial celeiro de variantes.

At� o momento, cerca de 9 milh�es de pessoas receberam ao menos uma dose de vacina no pa�s. O n�mero pode parecer alto, mas ele representa s� 4,26% da popula��o brasileira.

Brasil vacinou 9 milhões de pessoas, o que impressiona em números absolutos. Mas isso representa só pouco mais de 4% da população e faltam doses para o restante(foto: REUTERS/Ricardo Moraes)
Brasil vacinou 9 milh�es de pessoas, o que impressiona em n�meros absolutos. Mas isso representa s� pouco mais de 4% da popula��o e faltam doses para o restante (foto: REUTERS/Ricardo Moraes)

Hoje o Brasil s� tem doses das vacinas Oxford-AstraZeneca, adquiridas pela Fiocruz, e de Coronavac, do Instituto Butantan, que seriam insuficientes para imunizar toda popula��o com mais de 18 anos ainda em 2021. Na segunda-feira (15/03), o ministro da Sa�de, Eduardo Pazuello, prometeu a compra de mais de 100 milh�es de doses de vacinas da Pfizer e da Janssen.

Pa�ses pobres, que n�o t�m recursos para adquirir imunizantes, tamb�m devem sofrer com o isolamento, que deve aprofundar a desigualdade social entre os hemisf�rios norte e sul, avalia o professor Peter Baker, vice-diretor do departamento de Sa�de Global e Desenvolvimento da universidade Imperial College London, no Reino Unido.

"Vamos terminar o ano com um sistema de divis�o em zonas, com partes do mundo vacinadas e partes n�o", disse � BBC News Brasil.

"E se decidirmos adotar pol�ticas baseadas na imunidade adquirida pelos pa�ses por meio da vacina��o, veremos limita��es a direitos, viagens e � economia de pa�ses pobres que j� est�o tendo dificuldades de acesso a vacinas."

Retomada do turismo nas zonas verdes

Atualmente, os pa�ses de onde surgiram variantes preocupantes do coronav�rus Brasil, �frica do Sul e Reino Unido s�o os que somam mais restri��es de entrada em outras na��es, segundo levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo.

Mas Reino Unido pode sair dessa "zona vermelha", j� que depois do lockdown em vigor desde o in�cio de janeiro a taxa de infec��o caiu em dois ter�os. A previs�o � que toda a popula��o com mais de 18 anos receba pelo menos uma dose de vacina at� 31 de julho.

Lockdown em vigor desde janeiro no Reino Unido reduziu em dois terços as infecções por coronavírus. Previsão do governo é vacinar todos os maiores de 18 anos até o final de julho(foto: REUTERS/John Sibley)
Lockdown em vigor desde janeiro no Reino Unido reduziu em dois ter�os as infec��es por coronav�rus. Previs�o do governo � vacinar todos os maiores de 18 anos at� o final de julho (foto: REUTERS/John Sibley)

Nesse per�odo, outras na��es europeias e asi�ticas j� dever�o ter, tamb�m, alcan�ado o patamar de 60% a 70% da popula��o vacinada, percentual necess�rio para que a circula��o do v�rus comece a desacelerar mesmo na aus�ncia de medidas de confinamento.

Para o professor Julian Tang, � prov�vel que essas na��es na "zona verde" mantenham ao longo de todo o ano e parte de 2022 restri��es de voos para regi�es do mundo que n�o conseguiram vacinar suas popula��es.

Mas, mesmo que isso n�o ocorra, diz ele, a procura por viagens para pa�ses na zona vermelha deve se reduzir naturalmente diante dos riscos. Ou seja, pa�ses n�o-vacinados e com taxas ainda altas de infec��o podem acabar sendo isolados pelo resto do mundo, principalmente para conter o risco de que novas variantes do coronav�rus saiam desses territ�rios e se espalhem em grandes quantidades.

"O que acho que vai acontecer � que as pessoas v�o se sentir confort�veis em viajar entre pa�ses que vacinaram suas popula��es, como entre Reino Unido e Europa, ou Reino Unido e sul da �sia, Austr�lia, Nova Zel�ndia", avalia o professor da Universidade de Leicester.

"Mas � poss�vel que essas pessoas n�o se disponham a viajar para regi�es como Brasil, por exemplo, porque o v�rus n�o est� sendo controlado com a vacina��o e, por causa, disso pode surgir uma variante resistente �s vacinas."

'Passaporte verde'

A realidade de Israel, pa�s com melhor ritmo de vacina��o at� o momento, d� pistas de como a divis�o a n�vel global deve ocorrer. Segundo dados da plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford (Reino Unido), o pa�s tem hoje a maior taxa de vacina��o do mundo, com 98,85 doses administradas por cada 100 habitantes.

A t�tulo de compara��o, a taxa brasileira � de 4,58 doses administradas por cada 100 habitantes.

Em Israel, n�o � obrigat�rio vacinar, mas, na pr�tica, as pessoas que n�o se imunizarem acabar�o isoladas do restante da popula��o, sem poder frequentar a maioria dos espa�os p�blicos. Isso porque as pessoas vacinadas l� recebem o chamado "passaporte verde" um documento eletr�nico que permite acesso a restaurantes, academias de gin�stica, teatros, cinemas e outros estabelecimentos.

O pa�s iniciou a abertura gradual da economia depois de tr�s lockdowns com medidas duras de confinamento. De certa maneira, essa divis�o entre vacinados e n�o-vacinados, com o segundo grupo sendo isolado, deve se repetir em escala global.

"Podemos esperar que a maioria dos pa�ses ricos vacinem suas popula��es esse ano. Mas a expectativa � que a maior parte do mundo n�o consiga fazer isso. E essas duas coisas est�o, infelizmente, interligadas", diz o professor Peter Baker, da Imperial College London.

Países ricos compraram grande parte das doses de vacinas disponíveis em 2020, deixando nações pobres sem acesso, alertam pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil(foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko)
Pa�ses ricos compraram grande parte das doses de vacinas dispon�veis em 2020, deixando na��es pobres sem acesso, alertam pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil (foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko)

"Os pa�ses ricos est�o comprando doses de vacinas al�m do necess�rio para suas popula��es e isso est� limitando o acesso de outros pa�ses. E, em na��es como Tanz�nia e Brasil, a mensagem pol�tica est� afetando a procura por vacinas, o que � um problema", completa o professor brit�nico.

Segundo os pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil, o maior problema em haver partes do mundo sem imuniza��o em massa contra covid-19 � o surgimento de variantes que resistam ao efeito das vacinas.

Descontrole do v�rus num pa�s � amea�a global

O pesquisador Charlie Whittaker, da Imperial College London, alerta que, ainda que restri��es de viagem entre pa�ses sejam impostas, o mundo s� estar� totalmente protegido da covid-19 se todas as na��es imunizarem suas popula��es.

Ele liderou uma pesquisa sobre a variante de Manaus que revelou que ela � entre 1,4 e 2,2 vezes mais transmiss�vel que o v�rus original. O estudo mostrou ainda que essa variante, apelidada de P.1, � capaz de evadir o sistema imune de infec��es pr�vias em 25% a 61% dos casos. Isso significa que pode reinfectar facilmente quem j� teve covid-19.

Embora muitos pa�ses tenham impedido voos vindos do Brasil e imposto quarentenas e testes de covid-19 a quem desembarcar vindo de l�, a P.1 j� foi detectada em 25 pa�ses. J� a variante do Reino Unido se espalhou nos EUA e a da �frica do Sul chegou � Europa.

"Ningu�m est� seguro enquanto todos n�o estivermos seguros. E garantir que estamos seguros significa limitar a chance de variantes surgirem. Medidas de controle s�o �teis para alcan�ar isso, mas talvez mais importante ainda seja garantir uma estrat�gia global equitativa de vacina��o. Isso significa que nenhum pa�s deve ser deixado para tr�s", disse � Whittaker � BBC News Brasil.

E para que o hemisf�rio sul n�o seja deixado para tr�s, a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) vem defendendo que pa�ses ricos doem seus excedentes de vacinas a pa�ses pobres e contribuam financeiramente com a compra de imunizantes para regi�es mais afetadas pela covid-19.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, chegou a declarar que o "mundo est� � beira de um fracasso moral catastr�fico", ao criticar o fato de jovens j� estarem recebendo vacina contra covid-19 em pa�ses ricos, enquanto idosos de pa�ses pobres poder�o passar 2021 e at� 2022 sem acesso � primeira dose.

Deixar pa�ses para tr�s vai custar caro para todos

O professor de Sa�de Global Peter Baker, da Imperial College London, alerta que deixar o v�rus descontrolado em pa�ses emergentes e pobres pode gerar custos humanos e financeiros para todas as na��es, j� que novas variantes, totalmente resistentes �s vacinas, podem surgir.

Se isso ocorrer, terceiras e quartas doses das vacinas existentes hoje ter�o que ser desenvolvidas e administradas em todas as popula��es.

"Em locais de descontrole da infec��o e baixas taxas de vacina��o, provavelmente uma variante fortemente resistente �s vacinas vai aparecer. A� teremos que reajustar as nossas vacinas, refazer pesquisas e refazer os processos de regula��o", diz.

"� preocupante ver que v�rios pa�ses do sul global foram deixados para tr�s porque pa�ses desenvolvidos compraram a grande maioria das vacinas e o acesso � desafiador. As experi�ncias no Brasil, Reino Unido e �frica do Sul com variantes mostram que o v�rus n�o respeita barreiras internacionais. Para solucionar esse problema, precisamos de uma iniciativa global", completa o pesquisador Charlie Whittaker.


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