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Covid-19: quando se determina o fim de uma pandemia?

Em 11 de mar�o de 2020, a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) declarou o surto de um novo tipo de coronav�rus uma "pandemia". Mas quais objetivos devem ser alcan�ados para sairmos da emerg�ncia de sa�de?


21/03/2021 15:06

Todos nós queremos superar a pandemia, mas como e quando iremos alcançar esse objetivo?(foto: iStock)
Todos n�s queremos superar a pandemia, mas como e quando iremos alcan�ar esse objetivo? (foto: iStock)

A China notificou os primeiros casos de um novo coronav�rus � Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) no �ltimo dia de 2019.

Mas a OMS s� declarou que est�vamos oficialmente numa pandemia h� pouco mais de um ano, em 11 de mar�o de 2020.

A partir dali, a covid-19 se uniu ao grupo de grandes surtos que afetaram a sa�de global ao longo do tempo, como a peste negra, a var�ola, a gripe de 1918 e, mais recentemente, a aids nos anos 1980 e o H1N1 em 2009.

Nenhuma dessas doen�as hoje representa uma amea�a para a humanidade. At� mesmo uma delas (a var�ola) foi completamente erradicada.

Mas o que deve acontecer para que a covid-19 tamb�m entre para a hist�ria e n�o seja mais considerada uma pandemia?

A resposta mais direta vem da defini��o do que constitui uma pandemia.

Segundo a Real Academia Espanhola, trata-se de uma "doen�a epid�mica que se estende a muitos pa�ses ou que ataca quase todos os indiv�duos de uma localidade ou regi�o".

Portanto, infere-se que a covid-19 deixar� de ser uma pandemia quando n�o tiver mais um alcance t�o grande como acontece agora.

Mas quem define esse limite?

Mesmo se a OMS decidir que a pandemia acabou, ser� cada um dos pa�ses ou mesmo os estados ou prov�ncias que determinar�o quando a emerg�ncia de sa�de p�blica terminar� e as quarentenas e restri��es poder�o ser suspensas.

Um basta nos cont�gios

A maneira mais clara e f�cil de decretar o fim de uma pandemia seria se n�o houvesse mais circula��o do Sars-CoV-2, o coronav�rus causador da covid-19.

No dia 11 de mar�o de 2021, apenas 14 pa�ses ou territ�rios ao redor do mundo est�o livres da doen�a, de acordo com a OMS.

Neste grupo est�o 12 ilhas localizadas nos oceanos Pac�fico ou Atl�ntico que tiveram que fechar suas fronteiras para ficarem afastadas do v�rus.

Existem cerca de 119 milh�es de pessoas que j� foram infectadas e 2,6 milh�es de mortes e esses n�meros continuam a aumentar dia ap�s dia.

Portanto, o objetivo de interromper completamente as cadeias de transmiss�o do coronav�rus parece muito distante, sen�o imposs�vel.

Essa dificuldade persiste mesmo quando consideramos que existem oito vacinas que previnem a doen�a e pelo menos 125 pa�ses e territ�rios que j� come�aram a imunizar suas popula��es.

Mesmo nos Estados Unidos, na��o que mais administrou o maior n�mero total de doses at� agora (mais de 100 milh�es), especialistas alertam que ser� quase imposs�vel atingir os n�veis de vacina��o necess�rios acima de 75% da popula��o protegida para alcan�ar a meta de zerar a transmiss�o do coronav�rus por l�.

Apesar das fortes campanhas de imuniza��o em curso r�pido em Estados Unidos, Israel, Emirados �rabes Unidos, Reino Unido e Chile, a vacina��o vem em um ritmo muito mais lento em outros lugares do planeta.

Al�m disso, novas cepas do coronav�rus continuam a surgir, o que pode reduzir a efic�cia das vacinas.

Esses dois fatores praticamente descartam a possibilidade de derrotar a covid-19 por nocaute pela vacina��o, como alguns esperavam.

Imunidade de rebanho?

No entanto, o uso amplo das vacinas j� dispon�veis pode contribuir de outra forma para acabar com a pandemia: por meio da imunidade coletiva, tamb�m conhecida popularmente como imunidade de rebanho.

Isso pode ser alcan�ado quando uma grande parte da popula��o tornar-se imune ao v�rus, o que reduz drasticamente sua circula��o dentro da comunidade.

A teoria � que, se uma quantidade suficiente de pessoas estiver protegida, os mais vulner�veis ter�o menos risco de sofrer um poss�vel cont�gio.

Cientistas brit�nicos estimaram que, no caso da covid-19, a imunidade coletiva seria alcan�ada quando aproximadamente 60% da popula��o fosse exposta ao Sars-CoV-2.

Essa exposi��o pode ser natural, quando algu�m tem a doen�a, ou preferencialmente pela cria��o de uma resposta imune ap�s tomar a vacina.

Com mais e mais pessoas protegidas contra o coronav�rus, ser� essa uma sa�da da pandemia?

Com mais e mais pessoas recebendo a vacina, podemos alcançar imunidade coletiva?(foto: iStock)
Com mais e mais pessoas recebendo a vacina, podemos alcan�ar imunidade coletiva? (foto: iStock)

N�o no curto prazo, acredita a OMS.

No final de dezembro, a ag�ncia alertou que "pesquisas de soropreval�ncia sugerem que, na maioria dos pa�ses, menos de 10% da popula��o teve covid-19."

Enquanto isso, embora as estat�sticas sobre vacina��o revelem que at� agora mais de 300 milh�es de doses foram administradas, a parcela das pessoas 100% imunizadas fica muito abaixo disso, uma vez que a maioria dos imunizantes requer duas aplica��es para surtir o efeito desejado.

Ainda que a fa�anha de desenvolver vacinas em menos de um ano seja um enorme avan�o cient�fico, alcan�ado em tempo recorde, o impacto das campanhas ainda � limitado se considerarmos que mais de 7,7 bilh�es de pessoas vivem no mundo.

A outra coisa que complica o alcance da imunidade coletiva � que as pessoas que j� tiveram covid-19 n�o est�o necessariamente protegidas contra a doen�a.

"Ainda n�o se sabe ao certo quanto tempo dura a imunidade contra esse coronav�rus, mas com base nos outros v�rus da mesma fam�lia que j� existem e que afetam a popula��o regularmente, sabemos que as pessoas podem se reinfectar", alertou Jeffrey Shaman, professor de ci�ncias da sa�de ambiental da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, � BBC World.

"Ainda estamos aprendendo sobre a imunidade depois da covid-19", atesta a OMS em um de seus relat�rios.

"A maioria das pessoas infectadas desenvolve uma resposta imunol�gica nas primeiras semanas, mas n�o sabemos qu�o forte ou duradoura � essa rea��o. Tamb�m h� relatos de indiv�duos infectados com covid-19 pela segunda vez", alerta o texto.

A esperança é que a covid-19 se transforme em uma espécie de gripe(foto: iStock)
A esperan�a � que a covid-19 se transforme em uma esp�cie de gripe (foto: iStock)

Como acontece com a gripe?

Diante de tantas dificuldades e entraves, muitos cientistas acreditam que a sa�da da pandemia n�o ocorrer� nem pela elimina��o da doen�a, nem pelo alcance de uma imunidade coletiva que ultrapasse o limiar dos 60%.

Eles apostam no cen�rio em que a doen�a estar� suficientemente sob controle.

Na pr�tica, isso significa que os n�meros de infec��es, interna��es e �bitos pela infec��o n�o ser�o mais considerados uma emerg�ncia sanit�ria.

Um artigo recente da revista The Atlantic estimou que, nos Estados Unidos, esse limite seria atingido quando fossem registradas menos de uma centena de mortes por dia.

Mas por que esse n�mero? Porque trata-se de uma taxa aproximada ao que acontece anualmente com a gripe.

Joseph Eisenberg, epidemiologista da Universidade de Michigan, disse que esse n�vel de mortalidade � " considerado aceit�vel pelo p�blico".

As compara��es com a gripe n�o s�o exageradas.

Existem v�rios especialistas que acreditam que o coronav�rus pode eventualmente se tornar um problema end�mico, com picos sazonais, como acontece com os diferentes v�rus causadores da gripe nos meses mais frios do ano.

� medida que mais e mais pessoas fiquem expostas ao Sars-CoV-2, a expectativa � que as taxas de transmiss�o e de infec��o comecem a diminuir.

Ao mesmo tempo, o v�rus pode sofrer muta��es para se tornar menos prejudicial, como acontece com outros agentes infecciosos: no in�cio, eles s�o mais agressivos e se tornam menos letais com o passar do tempo.

Certamente ainda haveria surtos de covid-19, como ocorre com a gripe, mas a esperan�a � que o desenvolvimento de novos medicamentos para tratar a infec��o possa torn�-la menos mortal.

Com o tempo o coronavírus responsável pela pandemia atual pode
Com o tempo o coronav�rus respons�vel pela pandemia atual pode "enfraquecer" e causar menos estragos (foto: Reuters)

"Esperamos atingir n�veis de infec��o control�veis e, com o v�rus se tornando cada vez menos grave, � poss�vel atingir um equil�brio em que este pat�geno n�o seja t�o ruim para a maioria das pessoas", disse Shaman.

"Esse seria o tipo de estabilidade que nos permitiria conviver com esse v�rus e, ao mesmo tempo, retornar a algum tipo de normalidade", completou.

Quantos meses ou anos?

Outro artigo publicado no peri�dico cient�fico Science em janeiro por cientistas da Universidade Emory e da Universidade Estadual da Pensilv�nia, ambas nos Estados Unidos, usou um modelo matem�tico para reproduzir a propaga��o do v�rus e estimar quanto tempo ainda viveremos na emerg�ncia de sa�de p�blica.

A conclus�o � que "domar a pandemia" e fazer a covid-19 se tornar end�mica levar� entre um ano e uma d�cada.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, foi um pouco mais preciso.

Em agosto do ano passado, ele estimou que a pandemia terminar� "em menos de dois anos" ou seja, em meados de 2022.

Isso faria com que a crise da covid-19 fosse ligeiramente mais curta que a gripe espanhola, a pior pandemia do s�culo XX, que perdurou entre 1918 e 1920.


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