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Butanvac: O que se sabe sobre vacina 100% brasileira que pode trazer 40 milh�es de novas doses em julho

Qual � a tecnologia usada pela vacina? Quando os brasileiros poder�o se vacinar? Ela proteger� contra variantes? Quem pagar� pela Butanvac? Quantas doses? A BBC News Brasil responde.


26/03/2021 22:03 - atualizado 26/03/2021 22:31

Vacina 100% brasileira: Instituto prevê fazer testes clínicos da Butanvac com seres humanos em apenas três meses e disponibilizar 40 milhões de doses a partir de julho.(foto: Governo de SP)
Vacina 100% brasileira: Instituto prev� fazer testes cl�nicos da Butanvac com seres humanos em apenas tr�s meses e disponibilizar 40 milh�es de doses a partir de julho. (foto: Governo de SP)

*Atualizada �s 21h51 de 26 de mar�o de 2021

O Brasil poder� ter ainda neste ano uma vacina 100% nacional contra a covid-19, feita pelo Butantan, segundo anunciou nesta sexta-feira (26) presidente do instituto de pesquisa, Dimas Covas.

As pesquisas come�aram em mar�o de 2020, e a ideia � realizar testes cl�nicos com seres humanos em apenas tr�s meses.

Se tudo correr bem, o instituto promete disponibilizar 40 milh�es de doses a partir de julho. A capacidade de produ��o pode chegar a 100 milh�es por ano.

Mas este processo de lan�amento "� jato" depender� do aval da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa).

Al�m disso, naturalmente, o uso da vacina na popula��o vai depender do sucesso dos testes feitos com volunt�rios.

"Queremos fazer os estudos em dois meses, dois meses e meio, no m�ximo tr�s meses, para disponibilizar as doses no segundo semestre", anunciou Covas em coletiva de imprensa ao lado do governador de S�o Paulo, Jo�o D�ria.

Na noite de sexta-feira, o jornal Folha de S�o Paulo publicou uma mat�ria com base em declara��es do professor Peter Palese, do Instituto Mount Sinai (EUA), afirmando que o imunizante anunciado pelo Butantan conta com tecnologia desenvolvida por ele e sua equipe indicando, portanto, que a Butanvac n�o seria "100% nacional" conforme anunciado.

Em nota, o Butantan reconheceu que usa a t�cnica de produ��o da vacina a partir do v�rus Newcastle, o que foi desenvolvido no Mount Sinai. Entretanto, a institui��o paulista destacou que a maior parte do projeto � mesmo nacional, incluindo a planejada produ��o das doses: "Entre as etapas feitas totalmente por t�cnicas desenvolvidas pelo instituto paulista, est�o a multiplica��o do v�rus, condi��es de cultivo, ingredientes, adapta��o aos ovos, conserva��o, purifica��o, inativa��o do v�rus, escalonamento de doses, estudos cl�nicos e regulat�rios, al�m do registro."

Veja os detalhes sobre o an�ncio e o projeto da Butanvac abaixo.

Qual � a tecnologia usada pela vacina?

"Estamos diante de uma trag�dia, de uma pandemia, temos que superar a burocracia em nome da vida, com todos os cuidados e prote��o aos protocolos, mas com a velocidade", disse o governador Joao D�ria (foto: Reprodu��o)

A vacina Butanvac vai utilizar a mesma tecnologia da vacina contra a gripe, que tamb�m � fabricada pelo Instituto Butantan.

Segundo Dimas Covas, o vetor utilizado � um v�rus chamado Newcastle, que infecta aves.

Os pesquisadores injetam nesse v�rus os genes da spike do coronav�rus, como � chamada a prote�na que se encaixa nas c�lulas humanas para promover a infec��o.

Depois de modificar o v�rus Newcastle com a prote�na do coronav�rus, ele � introduzido em ovos de galinha, onde se multiplica.

"� uma vacina produzida em ovo embrion�rio, mas ela se utiliza da estrutura b�sica de um v�rus, de um v�rus que infecta aves, chamado Newcastle. Esse v�rus foi modificado geneticamente e ele expressa a prote�na S", explicou Covas.

"S� que essa prote�na S � uma super prote�na S. Ela desenvolve imunidade de uma forma muito mais efetiva que essas outras vacinas no mercado que usam a prote�na S."

Segundo o presidente do Butantan, o uso de ovos para fabricar vacinas � uma tecnologia barata, o que deve favorecer a fabrica��o de milh�es de doses a um custo baixo.

"N�o existe ainda nenhuma vacina contra a covid-19 produzida em ovo. Por que � importante produzir em ovo? Primeiro, existem muitas f�bricas no mundo que usam essa tecnologia para produzir vacina da gripe. Segundo, � mais barato do que tecnologias mais modernas, porque essa � uma tecnologia tradicional. Terceiro, � seguro. A vacina da gripe � a mais utilizada no mundo, 80 milh�es de pessoas s�o vacinadas todos os anos no Brasil", defendeu Covas.

Quando os brasileiros poder�o se vacinar com a Butanvac?

O Butantan vai entrar nesta sexta (26) com pedido na Anvisa para iniciar estudos cl�nicos, que envolvem o uso da vacina em seres humanos.

Butantan usará tecnologia usada em vacina contra a gripe(foto: Butantan)
Butantan usar� tecnologia usada em vacina contra a gripe (foto: Butantan)

S�o tr�s etapas de pesquisa que o Butantan pretende iniciar em abril e concluir em, no m�ximo, tr�s meses. Segundo D�ria e Covas, a inten��o � iniciar a vacina��o da popula��o com esse novo produto em julho deste ano.

"Hoje, j� temos lotes suficientes para iniciar o estudo cl�nico, que dever� ser muito r�pido. E hoje pretendemos ingressar hoje na Anvisa com o pedido de Dossi� de Desenvolvimento Cl�nico", disse Covas.

"Vamos dialogar intensamente com a Anvisa para que (a ag�ncia) perceba a import�ncia do in�cio desse estudo cl�nico o mais r�pido poss�vel. Para que possamos, em um m�s e meio, dois meses, dois meses e meio, terminar essa fase de avalia��o cl�nica e iniciar, de fato, a produ��o."

Durante a coletiva de imprensa, tanto Covas quanto o governador de S�o Paulo fizeram v�rios apelos para que a Anvisa autorize o quanto antes o in�cio das pesquisas cl�nicas.

"Estamos diante de uma trag�dia, de uma pandemia, temos que superar a burocracia em nome da vida, com todos os cuidados e prote��o aos protocolos, mas com a velocidade para permitir in�cio dos testes com volunt�rios j� a partir do m�s de abril", defendeu D�ria.

A Butanvac vai ser produzida na mesma f�brica que o Butantan utiliza para produzir vacinas contra a gripe. A ideia � concluir a produ��o das vacinas para a campanha contra a gripe em mar�o e in�cio de abril, para liberar a estrutura para a produ��o do imunizante contra a covid-19.

Segundo Covas, a expectativa � produzir 40 milh�es de doses de Butanvac a partir de maio para disponibilizar para a popula��o em geral em julho, se os estudos cl�nicos forem bem-sucedidos e aprovados em tempo recorde pela Anvisa.

O presidente do Butantan diz que, quando a vacina estiver liberada para uso, o instituto conseguir� produzir 100 milh�es de doses por ano.

Perguntado sobre como seria poss�vel fazer testes das fases 1, 2 e 3 em apenas tr�s meses, Covas defendeu que os processos podem ser "encurtados", pelo fato de a vacina utilizar uma tecnologia conhecida, a mesma da gripe, e pela experi�ncia pr�via do Butantan com a testagem da CoronaVac.

"O que leva a termos esse cronograma � a experi�ncia adquirida com o estudo cl�nico da Coronavac. Ganhamos muita experi�ncia nesse per�odo e o estudo para essa vacina pode ser encurtado. N�o � um estudo de uma nova vacina de que n�o se conhece nada sobre o assunto. Pode ser feita de maneira comparativa com as vacinas j� em utiliza��o", disse.

Nova vacina proteger� contra variantes?

Presidente do Butantan diz que nova vacina deve responder bem à variante brasileira do coronavírus(foto: Governo de SP)
Presidente do Butantan diz que nova vacina deve responder bem � variante brasileira do coronav�rus (foto: Governo de SP)

O presidente do Butantan disse que pesquisadores j� est�o utilizando os aspectos gen�ticos da variante de Manaus, apelidada de P.1, nas pesquisas para produzir a Butanvac.

A ideia � que a vacina seja capaz de proteger a popula��o contra a P.1

Mas, novas variantes poder�o surgir nesse meio tempo. E, se necess�rio, a Butanvac poder� ser adaptada a essas novas cepas, disse Covas.

"Estamos trabalhando na vacina com a variante P1. Se for necess�rio, sim (adaptaremos para outras variantes)", afirmou.

Estudos realizados at� o momento mostram que as vacinas que existem atualmente no mercado podem perder efic�cia contra a variante de Manaus, j� que ela possui uma muta��o, a E484K, capaz de evadir os chamados anticorpos neutralizantes, que tentam impedir a entrada do v�rus no organismo, ao se colocarem entre as c�lulas humanas e a prote�na spike.

Quem vai pagar pela Butanvac?

O presidente do Instituto Butantan e o governador de S�o Paulo n�o deram detalhes sobre os valores necess�rios para custear as fases cl�nicas e a produ��o em larga escala da Butanvac.

Mas eles fizeram quest�o de dizer que n�o h� dinheiro do Minist�rio da Sa�de, ou seja, do governo federal.

Segundo D�ria, os investimentos s�o do governo de S�o Paulo e do Butantan.

"N�o h� nenhum recurso do minist�rio", disse Dimas Covas. "Os recursos s�o do Butantan e do Estado de S�o Paulo, como ocorreu na produ��o da CoronaVac tamb�m", completou D�ria.

Uma ou duas doses?

O n�mero de doses ainda n�o est� definido. Durante os ensaios cl�nicos, os pesquisadores testar�o a resposta imunol�gica dos participantes a diferentes doses e com intervalos variados.

Com isso, poder�o detectar qual a melhor solu��o e se uma dose s� ser� suficiente para garantir prote��o contra a covid.

Mas Dimas Covas afirmou que a vacina em dose �nica � uma "possibilidade".

"Essa � uma possibilidade. Vamos avaliar doses diferentes e intervalos de doses tamb�m. Essas respostas teremos ap�s a fase inicial dos estudos em humanos."

A Butanvac poder� ser� exportada e trazer lucro para o Brasil?

A produ��o da Butanvac ser� feita num cons�rcio que inclui uma fabricante vietnamita e outra tailandesa, embora 85% da participa��o nesse grupo seja do Butantan.

Segundo Dimas Covas, a ideia � que, depois de a popula��o brasileira ser imunizada, doses da Butanvac sejam exportadas para a Am�rica Latina e pa�ses de renda baixa e m�dia, incluindo Vietn� e Tail�ndia.

"O Butatan tem o compromisso de fornecer essa vacina para pa�ses de renda baixa e m�dia. Se o mundo rico combate porque tem recursos e vai ficar relativamente livre do v�rus, os pa�ses de renda baixa e m�dia poder�o manter a pandemia."

"Ent�o, temos que ter vacina para esses pa�ses, para globalmente sermos bem-sucedidos", defendeu o presidente do Butantan.


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