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Estado de Minas ELEI��ES

Equador e Peru: o que esperar das elei��es de domingo em dois pa�ses devastados pela pandemia

As cenas dram�ticas de pessoas morrendo nas ruas da equatoriana Guayaquil e as intermin�veis filas para a compra de tubos de oxig�nio no mercado paralelo na capital peruana, Lima, em 2020, ainda est�o na mem�ria do eleitorado.


10/04/2021 15:54 - atualizado 10/04/2021 20:00

Neste 11 de abril, Peru e Equador vão às urnas escolher o presidente em primeiro e segundo turno, respectivamente(foto: Getty Images)
Neste 11 de abril, Peru e Equador v�o �s urnas escolher o presidente em primeiro e segundo turno, respectivamente (foto: Getty Images)

Neste domingo (11/04), os eleitores do Equador e do Peru ir�o �s urnas para eleger seus presidentes em meio a um conjunto de crises que foram intensificadas durante a pandemia do coronav�rus.

A exemplo do que ocorre em outros pa�ses da Am�rica Latina, nos dois pa�ses andinos a forte queda na economia agravou a situa��o de pobreza e de exclus�o social e evidenciou a precariedade dos sistemas de sa�de.


O quadro contribuiu para a apatia e a indefini��o do eleitorado. As cenas dram�ticas de pessoas morrendo nas ruas da equatoriana Guayaquil e as intermin�veis filas para a compra de tubos de oxig�nio no mercado paralelo na capital peruana, Lima, no ano passado, ainda est�o na mem�ria e entre os temores dos habitantes dos dois pa�ses — que tamb�m ainda enfrentam registros altos de covid-19.

Nos �ltimos dias, as filas continuavam, por�m, menores que antes. "Os que podem compram os tubos por precau��o e os deixam em casa. Quando algum familiar sofre a doen�a, chamam um m�dico particular para controlar as medi��es do tubo e assim se evita ter que ir a um hospital onde a situa��o � ca�tica", conta um economista peruano residente em Lima. Muita gente ainda n�o sabe se vai votar e s� decidir� na �ltima hora por medo a ser infectado. O voto � obrigat�rio, mas a multa em torno de 88 soles (cerca de 20 d�lares) � avaliada como op��o pelos que podem pag�-la.

O analista pol�tico Alfredo Torres, presidente executivo da Ipsos-Peru, disse � BBC News Brasil que a situa��o da pandemia "gerou muita irrita��o" na popula��o com o sistema de sa�de "que n�o funciona" e a falta de vacinas. E a situa��o, afirma Torres, se reflete na "fragmenta��o hist�rica" prevista para a elei��o deste domingo.

Para completar, o Equador j� est� em seu quinto ministro da Sa�de desde o in�cio da pandemia e, no Peru, um esc�ndalo de "fura-filas" de vacina contra a covid-19 provocou, em fevereiro, a sa�da dos ministros da Sa�de e das Rela��es Exteriores do governo de Francisco Sagasti — quarto sucessor a assumir a Presid�ncia desde a queda do presidente Pedro Pablo Kuczynski, PPK, e depois do vice-presidente, Mart�n Vizcarra e do presidente do Congresso da Rep�blica Manuel Merino.

O desgaste pol�tico dos l�deres atuais no Equador e no Peru � outro fator desta elei��o, como observaram analistas e observadores ouvidos pela BBC News Brasil.

"O presidente (equatoriano) Len�n Moreno gerou desconfian�a dos setores ligados ao ex-presidente Rafael Correa quando rompeu a rela��o com ele. Mas a decis�o de Moreno de romper com Correa tamb�m acabou gerando desconfian�a em rela��o a ele nas outras for�as pol�ticas. Ele � hoje o presidente menos popular desde a volta da democracia em 1979", disse o cientista pol�tico Sim�n Pachano, professor da Faculdade Latino-americana de Ci�ncias Sociais (Flacso) do Equador.

Pachano acrescentou que n�o est� claro quem poder� ser o vencedor do pleito desde domingo. "As pessoas j� estavam desanimadas com a economia e o desempenho de Len�n Moreno, e a pandemia somou mais des�nimo aos eleitores", disse.

Ser� neste ambiente pol�tico que os equatorianos votar�o no segundo turno entre candidatos que s�o vistos como extremos opostos em fun��o de suas trajet�rias e das propostas que apresentaram durante a campanha eleitoral.

Os presidenci�veis Andr�s Arauz, que se define de esquerda, � da Fuerza Compromiso Social (For�a Compromisso Social) e foi ministro no governo Correa. O empres�rio Guillermo Lasso, conservador, � contr�rio a iniciativas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e na reta final da campanha disse, por�m, que governaria para todos, como observou Pachano.


Desgaste político dos líderes atuais no Equador e no Peru é um fator de peso desta eleição, afirmam analistas e observadores ouvidos pela BBC News Brasil(foto: Getty Images)
Desgaste pol�tico dos l�deres atuais no Equador e no Peru � um fator de peso desta elei��o, afirmam analistas e observadores ouvidos pela BBC News Brasil (foto: Getty Images)

Arauz � o candidato do ex-presidente Correa, o qual governou o Equador durante dez anos, entre 2007 e 2017, e hoje mora na B�lgica (em ex�lio, nas palavras de opositores, j� que foi condenado a oito anos de pris�o por den�ncias de corrup��o em seu pa�s). No primeiro turno da elei��o, em fevereiro, Arauz, 36, foi o mais votado, com 32,7%. Lasso recebeu 19,74% dos votos com uma leve diferen�a para o terceiro candidato, Yaku P�rez, do movimento ind�gena Pachakutik, ap�s uma apura��o que durou v�rios dias.

Das pesquisas divulgadas antes da elei��o, cinco apontavam Arauz como vencedor e quatro indicavam que seria Lasso.

Com uma popula��o de cerca de 17,3 milh�es de habitantes e aproximadamente 13 milh�es de eleitores, o Equador registra 32% de pobres, segundo dados oficiais. O pa�s onde a moeda � o d�lar registrou queda de 7,5% da sua economia em 2020, segundo o Fundo Monet�rio Internacional (FMI).

Para este ano, o organismo prev� que o pa�s registrar� recupera��o de apenas 2,5%, segundo publicou o jornal El Comercio, de Quito. A situa��o econ�mica, incluindo a manuten��o ou n�o do d�lar, e o poss�vel retorno de Correa ao pa�s, caso Arauz seja eleito, fizeram parte das discuss�es pol�ticas na reta final da campanha, em que os candidatos apareceram quase todo o tempo usando m�scaras como preven��o contra o coronav�rus.


Seis dos 18 candidatos no Peru têm chances de chegar ao segundo turno da eleição mais acirrada dos últimos anos(foto: Gertty Images)
Seis dos 18 candidatos no Peru t�m chances de chegar ao segundo turno da elei��o mais acirrada dos �ltimos anos (foto: Gertty Images)

Fragmenta��o e 'Bolsonaro peruano'

No vizinho Peru, a fragmenta��o pol�tica � tal que a disputa neste primeiro turno inclui uma lista de 18 candidatos presidenciais.

Nos dois casos, existe cautela entre os analistas sobre o resultado, apesar de, no Peru, a expectativa ser de realiza��o do segundo turno no dia seis de junho.

"Aqui todos parecem opositores e o candidato governista (Julio Guzm�n) aparece com poucas chances", disse um observador dos bastidores da pol�tica local.

Dos 18 candidatos, 6 deles teriam a chance de chegar ao segundo turno — entre eles a filha do ex-presidente Alberto Fujimori e ex-candidata presidencial Keiko Fujimori que disputa a corrida pela terceira vez.

Na campanha anterior, ela evitava a figura do pai, preso. Nesta, a candidata mostra aproxima��o com o pol�tico que governou o pa�s durante dez anos entre 1990 e 2000. Ela passou a defender "la mano dura" (m�o dura) contra a criminalidade, despertando apoio de antigos e novos eleitores fujimoristas, de acordo com observadores locais.

Entre os outros candidatos que se destacaram nos �ltimos dias est�o Pedro Castillo, da esquerda Peru Libre, Ver�nila Mendoza, da esquerda Juntos por el Per�, Hernando de Soto, de direita, do Avanza Pa�s, Yonhy Lescano, da tradicional Acci�n Popular, e e o milion�rio e ultraconservador Rafael L�pez Aliaga, da Renovaci�n Popular.

No �mbito pol�tico e na imprensa local, L�pez Aliaga � chamado de "Bolsonaro peruano" pelo discurso agressivo, por ter constru�do sua base com apoio de religiosos e por n�o defender, por exemplo, o uso de m�scara contra a covid. "O Bolsonaro do Peru que disputa a elei��o", replicou o jornal P�gina 12, de Buenos Aires, a partir da imprensa peruana.

"Esta � a elei��o mais fragmentada da nossa hist�ria e, ao mesmo tempo, muito polarizada entre os extremos de direita e de esquerda. Os de centro n�o conseguiram apoio", disse Torres.

"Com mais de 30% de indecisos ou que j� declararam que votar�o em branco ou nulo qualquer resultado � esperado para este domingo. A �nica certeza que temos � que haver� segundo turno", diz o professor Carlos Aquino, da Universidade Nacional Mayor de San Marco (UNMSM), de Lima.

A volatilidade da inten��o de votos dos eleitores peruanos j� colocou Lescano � frente com apenas 10% das inten��es de votos e diferen�as m�nimas para os demais candidatos na pesquisa realizada pela Ipsos para o jornal El Comercio, de Lima, publicada no dia quatro de abril. Mas horas antes da vota��o, o quadro parecia diferente e analistas n�o descartavam que os vencedores deste primeiro turno seriam — "os extremos opostos — Keiko e Castillo.

Nos debates, al�m da pandemia e da economia, surgiram temas ligados ao Brasil, como os esc�ndalos envolvendo empreiteiras brasileiras como a Odebrecht, que estiveram ligados �s pris�es de tr�s presidentes e ao suic�dio do ex-presidente Alan Garc�a.

Pa�s com pouco mais de 32 milh�es de habitantes e quase 25 milh�es de eleitores, o Peru mostrou na pandemia que seu desempenho macroecon�mico, com estabilidade e crescimento constante nos �ltimos anos e que era apontado como um dos modelos da regi�o, n�o foi transferido para o bem-estar da popula��o, apesar da forte queda na pobreza que tinha registrado recentemente, segundo analistas locais.

A pobreza havia ca�do drasticamente na d�cada passada, mas, com cerca de 74% dos trabalhadores na economia informal, e hospitais despreparados e carentes de leitos e oxig�nio para seus pacientes, o Peru foi palco de algumas das cenas globais mais dram�ticas de colapso na sa�de nos primeiros meses da pandemia. Apesar do fechamento de fronteiras para tentar evitar a amplia��o da chegada do v�rus ao pa�s, os trabalhadores continuaram saindo para trabalhar — "porque n�o t�m outra op��o j� que a informalidade � dominante no pa�s", disse o professor Carlos Aquino, da Universidade Nacional Mayor de San Marco (UNMSM), de Lima.

Segundo a Comiss�o Econ�mica para Am�rica Latina e Caribe (Cepal), a economia peruana encolheu quase 13% em 2020, mas deve registrar forte recupera��o de aproximadamente 9% em 2021. No entanto, 7 de cada 10 peruanos s�o considerados hoje pobres ou podem entrar na pobreza diante da sua fr�gil situa��o econ�mica, segundo publicou o di�rio Gesti�n, de Lima.

Neste domingo, al�m de votar para presidente, os peruanos votam para eleger os congressistas do Parlamento, que � unicameral. A expectativa � de fragmenta��o tamb�m na casa.


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