
O operador financeiro Bernie Madoff, que foi condenado pela maior fraude financeira da hist�ria dos Estados Unidos, morreu na pris�o aos 82 anos. A causa n�o foi divulgada.
Madoff havia sido sentenciado a 150 anos de deten��o em 2009, depois de admitir que montou um esquema de pir�mide da ordem de US$ 65 bilh�es e que entrou em colapso durante a crise financeira de 2008.
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Sua empresa chegou a ser investigada oito vezes pela Comiss�o de Valores Mobili�rios dos Estados Unidos (SEC, na sigla em ingl�s), ag�ncia que fiscaliza esse mercado, porque havia obtido ganhos excepcionais.
Mas foi a recess�o global que efetivamente levou Madoff � ru�na depois de quase 50 anos de opera��es em Wall Street.
Seus investidores, ao serem atingidos pela crise, tentaram retirar cerca de US$ 7 bilh�es de seus fundos de investimento, e ele n�o conseguiu cobrir esses saques.

A lista das v�timas de Madoff inclui a funda��o de caridade do diretor de cinema Steven Spielberg, Wunderkinder, bancos como o HSBC, o Royal Bank of Scotland e o Santander, e outras firmas de investimentos como o Man Group, da Inglaterra, e a Nomura Holdings, do Jap�o.
Professores, fazendeiros, mec�nicos e muitos outros cidad�os comuns tamb�m perderam todas as suas economias. Ao menos duas pessoas cometeram suic�dio por causa disso.
"N�s pensamos que ele era Deus. Confiamos em tudo em suas m�os", disse o vencedor do Pr�mio Nobel da Paz Elie Wiesel, cuja funda��o perdeu US$ 15,2 milh�es, em 2009.
At� hoje, apenas uma fra��o dos US$ 65 bilh�es envolvidos no esquema de Madoff foram recuperados.
Aura de exclusividade
Filho de um casal de imigrantes do Leste Europeu, Bernie Madoff nasceu e cresceu em Nova York.
Ele come�ou sua carreira no mercado financeiro aos 22 anos, com US$ 5 mil que havia ganho ao trabalhar durante suas f�rias de ver�o como instalador de irrigadores de jardim.
Ele criou a Bernard L. Madoff Investment Securities em 1960. A empresa se tornou uma das maiores respons�veis pela forma��o desse mercado nos Estados Unidos, ao fazer a ponte entre quem compra e quem vende a��es. Madoff tamb�m foi presidente da bolsa de valores Nasdaq.
Madoff era descrito como "af�vel" e uma pessoa "de alto n�vel, mas discreto". Ele sempre se esfor�ou para manter sua aura de exclusividade.
Muitos de seus clientes mais ricos foram conquistados em conversas em clubes para os mais abastados em Nova York ou na Fl�rida. Madoff dava a eles a sensa��o de pertencerem a um c�rculo privilegiado.
Ele usou esses grandes nomes para atrair outros investidores, at� que sua influ�ncia passou a se estender a grandes bancos, fundos e at� mesmo organiza��es beneficentes.
Opera��es obscuras

Como um dos maiores investidores do mundo, Madoff administrava com sua empresa cerca de US$ 17 bilh�es.
Mas, segundo a den�ncia feita pelo procurador-geral dos Estados Unidos, ele teria dito a empregados que a empresa estava insolvente havia anos.
Ningu�m parece saber ao certo o que aconteceu com todo o dinheiro envolvido no esquema fraudulento mantido por Madoff desde o in�cio dos anos 1990.
Ao Minist�rio P�blico Federal americano, ele teria dito que n�o tinha "absolutamente nada".
Suas opera��es eram de fato bem obscuras. Al�m de sua empresa original, ele dirigia uma empresa de assessoria financeira totalmente independente.
Ele nunca revelou seus m�todos de opera��o no mercado ou como gerava os lucros substanciais para os investidores que representava.
Em �pocas boas ou ruins, ele era capaz de pagar 10% ou mais de rentabilidade todos os anos. "� uma estrat�gia do meu neg�cio. N�o posso dar muitos detalhes", disse ele certa vez.
As investiga��es apontaram que a "estrat�gia do neg�cio" era usar dinheiro de novos investidores para pagar dividendos aos mais antigos. Conhecida no mercado como um esquema de pir�mide financeira, essa forma de opera��o � insustent�vel no longo prazo e, sobretudo, ilegal.
Madoff confessou seus crimes aos seus dois filhos quando tudo come�ou a ruir. Eles o denunciaram � pol�cia, que o prendeu no dia seguinte, em 11 de dezembro de 2008, em sua cobertura em Manhattan.
Brechas regulat�rias

Mas como essa situa��o n�o levantou antes suspeitas dos �rg�os reguladores?
A resposta envolve provavelmente uma combina��o do prest�gio pessoal de Madoff com sua explora��o cuidadosa de certas brechas no sistema.
Como ex-presidente da Nasdaq, com uma cole��o de outras diretorias no curr�culo, e generoso doador a causas beneficentes, ele era um homem que inspirava confian�a.
Quanto aos �rg�os reguladores, a SEC regularmente fiscalizava a Bernard L. Madoff Investment Securities, mas n�o sua empresa de assessoria financeira, que gerenciava um fundo hedge.
Fundos hedge s�o aplica��es mais especulativas e arriscadas do que os produtos financeiros convencionais, mas que frequentemente trazem retornos mais altos.
Esse fundo de Madoff n�o estava registrado na SEC at� setembro de 2006 e que, de acordo com relatos, nunca foi sujeito a inspe��o depois disso.
Madoff teria dito ao FBI, a pol�cia federal americana, que n�o havia uma "explica��o inocente" para o colapso de seu esquema de investimento.
Em 2011, em entrevista ao jornal The New York Times, ele afirmou que bancos e fundos que negociaram com sua empresa de consultoria de investimentos preferiram manter uma "cegueira deliberada" em rela��o �s suas atividades criminosas.
"A atitude deles era algo do tipo: 'Se voc� est� fazendo algo errado, n�o queremos saber'", disse Madoff, sem especificar a quais empresas estava se referindo.
Suic�dio e c�ncer
Em 2011, a esposa de Madoff disse em uma entrevista � emissora americana CBS que o casal tentou suic�dio depois de o esquema ser exposto.
Ruth Madoff afirmou ao programa 60 Minutes que ela e o marido tomaram um "monte de comprimidos" de sedativos e medicamentos usados para o tratamento de convuls�es e s�ndrome do p�nico, na v�spera de Natal de 2008.
"N�o sei de quem foi a ideia, mas decidimos nos matar, porque era horr�vel o que estava acontecendo", disse ela.
"Tomamos comprimidos e acordamos no dia seguinte... Foi muito impulsivo, e estou feliz por termos acordado."
O filho mais velho do casal, Mark, se matou em seu apartamento em Manhattan em dezembro de 2010. Seu advogado disse na �poca que ele era uma "v�tima inocente do crime monstruoso de seu pai".
Em setembro de 2014, o filho mais novo de Madoff, Andrew, morreu de c�ncer aos 48 anos. Ele culpou o estresse do esc�ndalo pelo retorno da doen�a contra a qual havia lutado em 2003.

'Legado de vergonha'
Em junho de 2009, Madoff foi considerado culpado de 11 crimes, entre eles fraude e lavagem de dinheiro.
Durante o julgamento, ele disse que esperava inicialmente que o esquema fosse praticado apenas por um per�odo limitado.
Madoff admitiu diante do tribunal sua culpa e pediu desculpas pelo "legado de vergonha" que ele trouxe para sua fam�lia e para o mercado financeiro.
"Percebi que minha pris�o e este dia chegariam inevitavelmente", declarou.
Quando sua senten�a foi proferida, aplausos e gritos foram ouvidos no tribunal.
'Erro terr�vel'
No ano passado, Madoff solicitou a antecipa��o de sua liberta��o alegando problemas de sa�de, incluindo uma doen�a renal.
Em uma entrevista ao jornal The Washington Post, ele disse que "cometeu um erro terr�vel".
"Estou com uma doen�a terminal", disse ele. "N�o h� cura para o meu tipo de doen�a. Ent�o, voc� sabe, eu servi. J� cumpri 11 anos e, para ser franco, j� sofri com isso."
O juiz negou seu pedido, observando que muitas v�timas ainda estavam sofrendo devido �s perdas financeiras.
"Tamb�m acredito que o sr. Madoff nunca sentiu remorso verdadeiro, e que ele apenas lamentou que sua vida como ele a conhecia estava desmoronando", afirmou o juiz.
O Bureau Federal de Pris�es n�o especificou a causa de sua morte e informou que o motivo ser� determinado por um m�dico legista.
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