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Estado de Minas

Doria: minist�rio cometeu 'erro grav�ssimo' ao confiscar insumos para kit

Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira, o governador de S�o Paulo chamou aten��o para uma poss�vel falta de rem�dios essenciais aos pacientes internados com covid-19 grave e cobrou agilidade do Governo Federal. Entenda a situa��o.


14/04/2021 23:00 - atualizado 14/04/2021 23:00

Sem sedativos, anestésicos e bloqueadores neuromusculares, a intubação é muito mais difícil e traumática(foto: Getty Images)
Sem sedativos, anest�sicos e bloqueadores neuromusculares, a intuba��o � muito mais dif�cil e traum�tica (foto: Getty Images)
O governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), classificou como um "erro grav�ssimo" a decis�o do Minist�rio da Sa�de de centralizar a compra e a distribui��o dos medicamentos para o kit intuba��o de pacientes com covid-19.

 

Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (14/04), Doria refor�ou e ampliou um protesto feito horas antes pelo secret�rio de Sa�de do Estado, Jean Gorinchteyn, que revelou ter enviado nove of�cios ao Governo Federal pedindo aux�lio na compra de rem�dios como anest�sicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares.

 

Esses f�rmacos s�o essenciais para os casos graves de covid-19, em que o paciente precisa ser intubado.

Sem eles, n�o � poss�vel realizar de forma satisfat�ria o procedimento que garante a chegada de oxig�nio aos pulm�es nos quadros mais cr�ticos da doen�a.

 

"O Minist�rio da Sa�de cometeu um erro grav�ssimo ao confiscar os insumos que as empresas produzem. Isso foi realizado na gest�o do ministro anterior, Eduardo Pazuello, mas ainda n�o foi suspenso", disse Doria.

 

"Nenhum governo estadual, municipal ou institui��es privadas pode adquirir esses insumos porque as empresas receberam um confisco, um sequestro do Governo Federal. Gostar�amos de saber por que o Minist�rio da Sa�de n�o faz a distribui��o desse material aos Estados, que podem levar at� a ponta, nos hospitais", completou.

 

De acordo com os c�lculos de Gorinchteyn, o Estado paulista precisa receber essas medica��es em at� 24 horas para conseguir abastecer 643 hospitais pelos pr�ximos dez dias.

 

Nas palavras do secret�rio, a situa��o � "grav�ssima" e o sistema de sa�de est� na "imin�ncia do colapso" por causa da escassez desses medicamentos.

Entenda o imbr�glio

Quando a pandemia come�ou a ficar ainda mais grave, no in�cio de mar�o de 2021, o Minist�rio da Sa�de tomou uma s�rie de medidas administrativas para centralizar a compra dos rem�dios do chamado kit intuba��o.

 

Com isso, todo o excedente de produ��o dos laborat�rios farmac�uticos que fabricam esses anest�sicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares foi encaminhado para o Governo Federal, que ficou respons�vel por realizar a distribui��o para os Estados por meio do Sistema �nico de Sa�de, o SUS.

Mas, de acordo com Gorinchteyn, o n�mero de doses enviadas at� o momento � "�nfima".

 

O secret�rio de Sa�de de S�o Paulo revelou que nos �ltimos 40 dias j� encaminhou nove of�cios ao Minist�rio da Sa�de sobre a situa��o e a redu��o cont�nua dos estoques.

 

Por�m, segundo o relato dele, n�o foi enviada nenhuma resposta.

 

"� medida que o Governo Federal fez essa requisi��o emergencial, n�s perdemos a possibilidade de adquirir esses produtos. N�s atendemos os nossos hospitais estaduais, mas os munic�pios tamb�m est�o pedindo ajuda e n�s precisamos acolh�-los", afirmou Gorinchteyn, durante a entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira no Pal�cio dos Bandeirantes.

 

"Precisamos que o governo nos responda, mas de forma ativa. � necess�rio que o pa�s tenha um estoque desses medicamentos por muito mais tempo, pois estamos num momento muito dram�tico", completou.

 

J� o governador Jo�o Doria fez um apelo direto ao novo ministro da saS�de. "O ministro Marcelo Queiroga tem mostrado boa vontade e sensibilidade na defesa da ci�ncia. Que ele se sinta compelido pela situa��o e resolva o envio dos insumos".

 

E n�o � s� S�o Paulo que levantou preocupa��es sobre a disponibilidade do kit intuba��o.

 

Nos �ltimos dias, representantes de Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Bahia e outros Estados tamb�m fizeram manifesta��es e alertas sobre a escassez dessas medica��es.

'Situa��o desesperadora'

Um levantamento da Federa��o das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de S�o Paulo (Fehosp) indica que 160 unidades de sa�de que fazem atendimento dos casos graves de covid-19 tem estoque para, no m�ximo, os pr�ximos tr�s a cinco dias.

 

"Monitoramos a situa��o por meio de um grupo online com mais de 200 hospitais e a cada dia a situa��o � mais desesperadora. Mesmo os hospitais que apontam entre 8 e 10 dias de estoque, a situa��o � delicada, pois s�o institui��es maiores, que tamb�m recebem grande volume de novas interna��es a cada dia e, dependendo da regi�o, o estoque cai bruscamente de um dia para o outro", explica Edson Rogatti, diretor-presidente da Fehosp, por meio de nota enviada � imprensa.


Sem sedativos, anestésicos e bloqueadores neuromusculares, a intubação é muito mais difícil e traumática(foto: Getty Images)
Sem sedativos, anest�sicos e bloqueadores neuromusculares, a intuba��o � muito mais dif�cil e traum�tica (foto: Getty Images)

No estado paulista, cidades como Mat�o, Guaruj�, Votuporanga e Fernand�polis s� possuem uma quantia suficiente para dois ou tr�s dias.

 

Rogatti declara tamb�m que os gestores hospitalares n�o t�m conseguido encontrar fornecedores para realizar as compras.

 

"A Secretaria estadual tem ajudado, mas tamb�m n�o est� conseguindo grandes volumes. Estamos batalhando por importa��es que est�o sendo lideradas pela Confedera��o das Santas Casas, mas os estoques no exterior tamb�m n�o est�o dispon�veis e tememos pelo pior. Se o volume de interna��o n�o cair rapidamente, n�o conseguiremos repor os estoques e ser� uma situa��o tr�gica", alerta.

 

Outro levantamento feito pela Associa��o Nacional de Hospitais Privados (Anahp) no dia 7 de abril j� antecipava para uma poss�vel falta dos rem�dios de kit intuba��o, oxig�nio e anest�sicos.

 

Na pesquisa feita com 88 institui��es, 75% delas disseram que s� teriam estoque para mais uma semana.

 

"Os associados da Anahp, em um esfor�o emergencial, definiram a estrat�gia de acesso e est�o realizando importa��es extraordin�rias dos produtos em falta, com total apoio e agilidade da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), que alterou procedimentos administrativos de modo a permitir as importa��es no menor tempo poss�vel", relatou a diretoria da entidade em nota.

A resposta do governo

A reportagem da BBC News Brasil entrou em contato com a assessoria de comunica��o do Minist�rio da Sa�de, que nos respondeu por meio de uma nota enviada por e-mail.

  

O texto informa que o minist�rio "j� distribuiu aos estados e munic�pios mais de 8 milh�es de medicamentos para intuba��o de pacientes ao longo da pandemia.

 

Nesta semana, um grupo de empresas vai doar mais de 3,4 milh�es de medicamentos, que ser�o distribu�dos imediatamente aos entes federativos. Al�m disso, est� em andamento dois preg�es e uma compra direta via OPAS [Organiza��o Pan-Americana de Sa�de]".

 

"A pasta esclarece que todos os acordos feitos para aquisi��o de medicamentos de intuba��o orotraqueal (IOT) respeitam a realidade de cada fabricante, os contratos fechados anteriormente e a necessidade do Brasil, contemplando hospitais p�blicos e privados nas regi�es com maior risco de desabastecimento", finaliza a nota.

An�ncios e pend�ncias

Durante a coletiva, Doria tamb�m anunciou que 2,2 milh�es de paulistas com idade entre 60 e 64 anos ser�o vacinados entre o final de abril e o come�o de maio.

 

"A vacina��o depender� da entrega da vacina de Astrazeneca/Oxford pela Fiocruz. A Fiocruz informou o Governo do Estado de S�o Paulo, os governadores e o Minist�rio da Sa�de sobre a entrega da vacina. Essas pessoas nessas faixas et�rias ser�o vacinadas majoritariamente com a vacina da Fiocruz, mas tamb�m com a vacina do Butantan."

 

Com os idosos de todas as faixas et�rias imunizados, a pr�xima etapa da campanha de vacina��o deve focar em indiv�duos portadores de doen�as cr�nicas que apresentam maior risco de agravamento da covid-19.

 

"Seguindo o planejamento do Programa Nacional de Imuniza��es, o PNI, assim que finalizarmos a prote��o das pessoas com 60 anos ou mais, vamos come�ar a trabalhar com os indiv�duos com comorbidades", anunciou Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imuniza��o (PEI) de S�o Paulo.

 

A especialista, por�m, demonstrou certa preocupa��o com os seguidos atrasos nas entregas das vacinas de AstraZeneca/Oxford pela Fiocruz.

 

"A expectativa era que o Estado de S�o Paulo recebesse em abril 720 mil doses, mas s� chegaram 510 mil. Temos que acompanhar o quantitativo total e precisamos de mais doses", vislumbra.

 

Sobre a CoronaVac, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que os resultados de um estudo cl�nico divulgados recentemente n�o alterar�o em nada as campanhas de vacina��o que j� est�o em curso.

 

No �ltimo domingo (11/04), novos dados sobre o imunizante desenvolvido por Sinovac e Instituto Butantan revelaram que esperar um intervalo de 21 dias entre a primeira e a segunda dose aumenta a taxa de efic�cia contra o coronav�rus.

 

At� o momento, as autoridades orientavam aguardar de 14 a 28 dias entre as duas aplica��es.

 

"Essa descoberta n�o impacta o nosso cronograma e a orienta��o segue para que as pessoas respeitem esse intervalo de at� 28 dias. Isso permitir� um aumento da efic�cia da vacina, como aponta o nosso estudo cl�nico", explicou.

 

Por fim, Doria disse n�o ver problemas na instaura��o da CPI da pandemia no Senado e na poss�vel investiga��o n�o s� do Governo Federal, mas tamb�m de estados e munic�pios.

 

"Quem n�o deve, n�o teme. Apoio meu partido sobre a CPI que est� sendo instalada e discutida no Senado para avaliar aquilo que o Governo Federal deixou de fazer", declarou.

 

O governador aproveitou tamb�m para tecer cr�ticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

 

"Acabo de ver que Bolsonaro fez um pronunciamento onde afirmou a apoiadores, que s�o malucos como ele, que espera alguma sinaliza��o para tomar provid�ncias. O que ele deveria fazer � ter compaix�o e prote��o � popula��o de seu pa�s", comentou.

 

"Com o negacionismo, o senhor [Bolsonaro] � respons�vel por uma parcela consider�vel de mortes por covid-19 no pa�s. O senhor deveria ter dado vacina, e n�o cloroquina, aos brasileiros", completou.


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