
Calheiros deve ser oficializado, segundo acordo entre senadores, como relator da CPI que vai investigar "a��es e omiss�es" do governo federal diante da pandemia de coronav�rus.
"A primeira resposta (a ser dada pela CPI) � se houve materializa��o da tese da imuniza��o de rebanho. A CPI vai dizer se houve a��o ou omiss�o do governo e se isso pode ter agravado as circunst�ncias. Em outras palavras: se o governo tivesse acertado a m�o, quantas vidas poderiam ter sido salvas no Brasil?", disse o senador em entrevista � BBC News Brasil.
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A primeira reuni�o da comiss�o est� marcada para ter�a-feira (27/04), quando o senador Omar Aziz (PSD-AM) deve ser escolhido como presidente do colegiado.
Calheiros disse que a CPI tamb�m vai investigar "se o governo se omitiu, deixou de fazer pr�-contratos quando laborat�rios produtores estavam ofertando, se estimulou aglomera��o, se minimizou o papel da m�scara".
"A CPI precisa cumprir o seu papel. Precisa colaborar no sentido da agiliza��o da vacina��o e caminhar no rumo da investiga��o para responsabilizar ou n�o. Se o governo tem convic��o de que acertou a m�o em todos os momentos, n�o precisa ter preocupa��o, nem sobressalto, e a CPI ser� oportunidade para que demonstre o contr�rio."
'Meio rid�culo'
Calheiros, que est� sob forte press�o de aliados do presidente, diz que "n�o h� predisposi��o contra ningu�m". "O presidente da Rep�blica n�o � nosso inimigo.
A nossa inimiga � a pandemia. S�o os por�es da pandemia que vamos investigar."
O fato de Calheiros ser pai do governador de Alagoas, Renan Filho, tem sido apontado por aliados do Pal�cio do Planalto como o que deveria ser um impeditivo para que o senador assuma a relatoria, visto que a CPI tamb�m investigar� repasses a Estados e munic�pios de verbas federais para sa�de.
"O fato que alegam, de n�o poder participar da CPI por ser pai de um governador, � meio rid�culo. O governador n�o est� sendo investigado e, se for - ningu�m estar� isento de investiga��o -, a comiss�o designar� sub-relator para fazer qualquer investiga��o, com total responsabilidade."
A deputada governista Carla Zambelli (PSL-SP) anunciou em redes sociais que ingressou com a��o na Justi�a Federal do Distrito Federal para impedir que Calheiros assuma a relatoria.
"Acabamos de ingressar com a��o na Justi�a para barrar @renancalheiros na relatoria da CPI. A presen�a de algu�m com 43 processos e 6 inqu�ritos no STF evidentemente fere o princ�pio da moralidade administrativa. Outros parlamentares tamb�m ingressar�o com a��es", escreveu a deputada em sua conta no Twitter.

Calheiros diz que a judicializa��o antes de a CPI come�ar "s� fortalece o trabalho da comiss�o".
No entanto, o senador admite a possibilidade de designar sub-relatores para cuidarem de temas espec�ficos.
"A alternativa a isso (sub-relatorias) seria fazer investiga��o sobre amigos pr�ximos, o que me deixa nessa zona da suspei��o, e sobre familiares tamb�m.
O prudente, para de logo afastar essa possibilidade, � designar sub-relatores e reafirmar que n�o decidirei monocraticamente nada, absolutamente nada."
E afirma que poderia aceitar deixar na m�o de aliados do Pal�cio do Planalto a linha de investiga��o que interessa mais a Bolsonaro, que � a aplica��o de recursos originados da Uni�o e enviados a Estados e munic�pios.
"Em havendo necessidade da indica��o de sub-relatores, vamos indicar de acordo com a pluralidade da comiss�o. N�o vamos indicar apenas pessoas da nossa corrente."
Questionado se, assim, a sub-relatoria relativa aos Estados poderia ficar com um senador alinhado ao Planalto, respondeu: "Se for necess�rio, sim".
A apura��o da aplica��o de recursos por Estados e munic�pios, inclu�da posteriormente como objeto da CPI, foi defendida por Bolsonaro, inclusive em �udio divulgado pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO).
Desgaste
Calheiros diz que o governo federal est� tratando a CPI de forma equivocada.
"Se o governo aproveitar melhor o espa�o na CPI para demonstrar o contr�rio do que a sociedade pensa, ser� melhor. Ser� muito mais produtivo do que o governo arrastar a instala��o da CPI, que deveria ter sido instalada em fevereiro", diz.
"O governo est� tratando equivocadamente esta quest�o, tem que aproveitar a oportunidade para convencer as pessoas de que n�o errou, de que fez tudo certo, na hora certa. Se n�o conseguir, paci�ncia, vai ampliar o desgaste na popula��o."
Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em mar�o mostra que 54% dos entrevistados avaliam como ruim ou p�ssimo o desempenho de Bolsonaro na gest�o da pandemia e 22% consideram �timo ou bom.

A import�ncia do tema da CPI e o fato de ela acontecer um ano antes da pr�xima elei��o levam a comiss�o a ser considerada a principal vitrine pol�tica dos pr�ximos meses.
Calheiros diz que a tentativa de atrasar os trabalhos da CPI aproxima ainda mais os resultados da comiss�o �s elei��es de 2022.
"Na medida em que o governo delonga a instala��o da CPI, colabora para que desfecho v� para diante. Teremos no pr�ximo ano elei��o nacional e, na medida em que os trabalhos da CPI cheguem mais pr�ximos das elei��es, � evidente que isso, de uma forma ou de outra, vai impactar."
E o senador tomou cloroquina, defendida pelo presidente Bolsonaro, em algum momento?
"N�o tomei porque entre a cren�a e a ci�ncia, sigo a ci�ncia. N�o tive coronav�rus, tomei a primeira dose da vacina, estou pacientemente aguardando a segunda dose, mas nunca me expus a pr�-tratamento exatamente para n�o complicar minha situa��o."
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