
'Foi um milagre'. � assim que Marriam Ahmad descreve o que viveu na semana em que deu � luz a filha. Ela pegou covid, entrou em coma induzido e passou pelo parto enquanto estava inconsciente.
Ahmad conta que tudo aconteceu muito r�pido. Quando foi ao hospital Grange, em Cwmbran, na Inglaterra, ap�s testar positivo para covid, ela n�o pensou em levar roupas para passar a noite, porque pensou que ficaria por pouco tempo l�.
Gr�vida de 29 semanas, ela e o marido, Usman, ainda n�o haviam escolhido o nome do beb�. Mas o quadro de sa�de de Marriam se deteriorou rapidamente depois de chegar ao hospital. Aos 27 a assistente de advocacia disse que logo se encontrou numa situa��o "assustadora".
"De repente, minha m�scara de oxig�nio estava num volume muito mais alto. Eu n�o conseguia escutar nada direito", disse.
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"Tinha uma pessoa lavando meu rosto, cuidando de mim. Eu estava muito fraca."
'Diga adeus'
Foi ent�o que o m�dico falou sobre a necessidade de fazer um parto ces�rea e disse que Marriam estaria consciente durante toda a cirurgia. Mas ele informou que o beb� talvez n�o fosse forte o suficiente para sobreviver.
No decorrer do dia, a equipe de m�dicos decidiu que Marriam precisava ser sedada. Um deles segurou a m�o dela e disse: "Pode ser que voc� n�o volte."

Pouco antes de ser sedada, Marriam disse adeus a alguns familiares. "Tudo aconteceu t�o r�pido", disse. "Foram cinco minutos. Eles me falaram: 'voc� vai ser intubada, vai passar por uma ces�rea, o beb� vai sair, voc� vai estar inconsciente, pode ser que voc� n�o sobreviva. Diga adeus.'"
Marriam ligou para seus pais em Swansea, no Pa�s de Gales, e o m�dico telefonou para o marido dela, que estava em casa, na cidade de Newport, com o filho mais velho do casal, Yusuf, de um ano.
"Eu nem consegui falar com meu marido e meu filho. Eu nunca tinha ficado longe do meu filho por uma noite sequer", conta.
"Fiz uma chamada pelo Facetime com os meus pais. Eu estava chorando. Foi uma liga��o de dois minutos. Eu estava me sentindo sozinha e assustada."
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O nascimento do beb�
A beb� de Marriam nasceu no dia 18 de janeiro �s 20h27. Chamado inicialmente de beb� Ahmad, o sobrenome de Marriam, a crian�a pesava o equivalente a um saquinho de a��car: 1,17 kg.
Surpreendentemente, apesar dos temores dos m�dicos, Marriam teve uma melhora e acordou do coma no dia seguinte ao parto, por volta de meio-dia.
"Eu n�o tinha ideia do que tinha acontecido", disse. "Eu acordei e obviamente pude perceber que n�o tinha mais nada no meu �tero. E eu estava sentindo muitas dores."
Por uma semana, ela n�o pode conhecer o beb�. As enfermeiras levavam fotos e v�deos para mostrar a Marriam. Ela deixou a UTI depois de despertar, mas ainda se recuperava na unidade semi-intensiva.
Toda a equipe do hospital queria saber como m�e e beb� estavam. "At� o faxineiro da UTI se lembrava de mim", disse.
"Ele costumava vir e perguntar: 'Como voc� est�? Como vai a beb� Ahmed? Qual vai ser o nome dela? D� a ela um nome especial'", conta.
Nome forte para uma menina forte
Enquanto se preparavam para conhecer sua filha, Marriam e Usman decidiram dar � beb� o nome de Khadija.
"Na f� isl�mica, Khadija � uma mulher forte e independente", explica Marriam. "Eu acho que a Khadija foi muito forte. Ela n�o teve complica��es para um beb� nascido com 29 semanas. Eles me falavam de todas as complica��es poss�veis e ela n�o teve nenhuma. Foi um milagre", diz.

Ent�o, como foi finalmente ver e segurar sua filha beb�?
"Eu simplesmente a achei t�o bonita", disse ela. "Mesmo que ela estivesse coberta com todos esses fios e apenas com uma fralda. Eu apenas pensei 'esta � a minha beb�'. Parecia muito natural."
Khadija foi ent�o transferida para a unidade de terapia intensiva neonatal no hospital Singleton em Swansea para que Marriam pudesse ficar mais perto de sua fam�lia.
As semanas que se seguiram foram igualmente "intensas", com Marriam decidida a tentar amamentar a filha, o que significava entregas constantes de leite ao hospital.
'T�o grata'
Depois de oito semanas no hospital, Khadija agora est� em casa. Aos tr�s meses e meio, ela est� feliz, saud�vel e se alimentando bem, agora pesando quase 4 kg.
Marriam admite que a vida com um rec�m-nascido e um filho de 16 meses significa que ela "n�o teve tempo para pensar" sobre o que aconteceu.
"Estou t�o grata — que ela ainda est� viva, que eu ainda estou viva."
"Mesmo tendo sido uma experi�ncia t�o horr�vel e traum�tica, eu me descobri ainda mais grata pelas pequenas coisas. Apenas por passar um tempo com a fam�lia."
"Aproveite ao m�ximo cada oportunidade e seja grata — foi isso que aprendi."
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