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Teste r�pido ap�s vacina contra covid: 4 raz�es para fugir dele, segundo cientistas

Com avan�o da vacina��o, ainda que lentamente, brasileiros t�m buscado testes que medem anticorpos para supostamente checar se est�o protegidos contra a covid-19. Entenda por que esses testes n�o s�o essa resposta, segundo pesquisadores.


01/06/2021 05:38 - atualizado 01/06/2021 08:01


'Teste sorológico rápido feito na farmácia não vai medir se a pessoa está protegida ou não após a vacina', diz Silvia Costa, da USP(foto: Getty Images)
'Teste sorol�gico r�pido feito na farm�cia n�o vai medir se a pessoa est� protegida ou n�o ap�s a vacina', diz Silvia Costa, da USP (foto: Getty Images)

Tomei vacina contra a covid-19, fiz um teste r�pido de anticorpos e deu negativo. Devo entender que a vacina n�o fez efeito?

Voc� n�o deve ter essa interpreta��o e nem mesmo deveria ter feito esse tipo de teste com essa finalidade, segundo cientistas.

A BBC News Brasil ouviu especialistas em biologia, virologia e doen�as infecciosas e explica, em quatro pontos, por que o teste r�pido de anticorpos n�o deve ser usado como forma de "checar se a vacina fez efeito".

"Um teste sorol�gico r�pido feito na farm�cia n�o vai medir se a pessoa est� protegida ou n�o ap�s a vacina. Tome cuidado com isso", diz Silvia Costa, m�dica especialista em doen�as infecciosas e professora da Universidade de S�o Paulo (USP).

A bi�loga Natalia Pasternak, fundadora do Instituto Quest�o de Ci�ncia, tamb�m faz este alerta.

"Testes r�pidos de anticorpo de farm�cia n�o servem para dar uma resposta individual, se voc� est� protegido ou n�o. Eles n�o servem para isso, eles s� servem para fazer an�lises populacionais. � jogar dinheiro fora e criar minhoca na cabe�a. A pessoa vai ficar preocupada � toa."

E provoca: "Eu gostaria de saber quem levou os filhos pequenos, ap�s tomar vacina contra sarampo, para fazer teste de anticorpo pra ver se a vacina pegou. N�o, n�, gente? A gente simplesmente vacina nossos filhos. � a mesma coisa."

A explica��o sobre por que esses testes n�o s�o uma forma de verificar como seu corpo reagiu � vacina tem a ver com a baixa sensibilidade deles e com o fato de analisarem s� um peda�o da resposta do sistema imunol�gico. Veja as quatro raz�es principais:

1. Testes r�pidos de anticorpos foram elaborados contra infec��o viral (e n�o vacina)

O virologista Fl�vio da Fonseca, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV) e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que, primeiro, devemos lembrar que esses testes n�o foram desenvolvidos com a finalidade de checar como o corpo reagiu a vacinas.

"Esses testes foram todos constru�dos e testados contra infec��es virais. Nenhum teste foi desenvolvido contra a vacina. Ent�o h� varia��es na resposta imune que os testes podem n�o pegar", resume o pesquisador, que integra o Comit� Permanente de Enfrentamento do Novo Coronav�rus da UFMG.

Testes sorol�gicos, segundo os especialistas, t�m papel importante do ponto de vista coletivo - quando s�o feitos em muitas pessoas em uma determinada comunidade, ajudam a responder sobre a circula��o do v�rus naquele ambiente.

"O teste sorol�gico � importante para ver quanto o v�rus j� circulou. Por exemplo, eu fa�o em Manaus, ap�s a detec��o da P1, e a� vejo, entre assintom�ticos, quem j� tem a sorologia positiva", explica Silvia Costa.


Teste sorológico é importante para ver quanto o vírus já circulou em uma comunidade, por exemplo(foto: Science Photo Library)
Teste sorol�gico � importante para ver quanto o v�rus j� circulou em uma comunidade, por exemplo (foto: Science Photo Library)

2. R�pidos, mas com baixa sensibilidade

O segundo ponto a ser levado em conta, quando se trata da tentativa de chegar a uma resposta individual, � que esses testes n�o v�o al�m de uma resposta de "sim ou n�o".

"O teste de farm�cia, r�pido, � o menos sens�vel. Ele s� tem uma vantagem: � r�pido. Ele tem uma taxa de falso negativo elevada e, por ser um teste de verifica��o visual, a sensibilidade dele � menor", diz Fonseca.

Pasternak tamb�m aponta que esse tipo de teste tem taxa de erro alta e que depende de uma determinada quantidade de anticorpos para ser capaz de detect�-los na amostra de sangue.

"Mesmo que voc� n�o esteja dentro dessa faixa de erro - ou seja, o teste 'funcionou', mas n�o acusou anticorpos -, tem a quest�o da sensibilidade do teste, do quanto voc� precisa ter minimamente de anticorpos no sangue naquele momento que voc� testou para que o teste tenha capacidade de detectar", diz ela.

Esse � um dos motivos que explicam por que um resultado negativo nesses testes n�o significa necessariamente que voc� n�o tem anticorpos.

3. S� medem um componente da resposta imune


'O que disse que a vacina funciona são os testes clínicos de fase 3, quando a gente comparou grupo de pessoas vacinadas com grupo de pessoas não vacinadas', diz Pasternak(foto: Reuters)
'O que disse que a vacina funciona s�o os testes cl�nicos de fase 3, quando a gente comparou grupo de pessoas vacinadas com grupo de pessoas n�o vacinadas', diz Pasternak (foto: Reuters)

Outra raz�o central pela qual os cientistas n�o recomendam o teste como forma de checar efeito da vacina � que eles s� medem um componente da resposta do sistema imunol�gico.

"H� outros componentes da resposta imune que voc� n�o mede ao fazer teste sorol�gico. Ele mede simplesmente anticorpos", diz Fonseca.

Pasternak refor�a que, mesmo para um corpo vacinado e preparado para reagir a uma infec��o, o teste poderia dar negativo, j� que ele mede s� um componente da resposta imune.

"Esse teste n�o consegue dizer se voc� tem c�lulas de mem�ria, se voc� tem resposta celular de linf�citos T… Ele s� vai te dizer um tipo de anticorpo e s� se a quantidade for detect�vel de acordo com a sensibilidade do teste. Isso n�o quer dizer que voc� n�o est� protegido. Voc� pode estar cheio de c�lulas de mem�ria, prontinhas para secretar um monte de anticorpos no seu sangue na hora que voc� tiver contato com o v�rus", diz.

Dependendo do teste e da vacina tomada, ele pode nem mesmo estar buscando identificar o elemento correto.

"Os testes de farm�cia geralmente procuram anticorpos contra a prote�na N, do n�cleo caps�deo, e n�o a prote�na S, da esp�cula, que � justamente a prote�na que est� presente na maior parte das vacinas. Ent�o, todas as vacinas que trabalham com subunidade ou as vacinas gen�ticas v�o gerar anticorpos contra a prote�na S e isso n�o vai aparecer no teste de farm�cia porque ele procura anticorpos contra a prote�na N", explica Pasternak.

4. Comportamento do sistema imunol�gico n�o � est�tico

Outro ponto � que o resultado do teste seria uma fotografia do momento e n�o te daria uma garantia de como seu corpo estar� amanh� ou depois, dizem os especialistas.

"O comportamento do sistema imunol�gico n�o � est�tico, ele � din�mico. Ent�o, se fizer um teste hoje, amanh� o resultado ser� diferente. Para chegar a uma conclus�o, tem que ter pelo menos dois pontos - um comparando com outro, para entender a din�mica", diz Fonseca.

Os pesquisadores ainda buscam identificar quanto tempo a vacina ter� efeito em nosso corpo. Enquanto isso e com a circula��o do v�rus t�o alta como est� no Brasil, esclarecem que as pessoas devem confiar nos testes de efic�cia das vacinas, al�m de tomar as duas doses e n�o abandonar medidas de prote��o - como uso de m�scaras, distanciamento social e evitar principalmente locais fechados.

"Quase todas as vacinas at� o momento precisam de duas doses e essa prote��o vai ocorrer ap�s, pelo menos, duas semanas da segunda dose. Ent�o, entre uma e outra, se o indiv�duo tiver uma exposi��o, ele pode ter a doen�a e pode ser grave. Em menos de duas semanas ap�s a segunda dose, tamb�m. Ent�o as pessoas precisam continuar se protegendo", diz Silvia Costa.

Pasternak refor�a que a efic�cia da vacina j� est� testada e que as pessoas precisam entender que a vacina��o � um movimento coletivo e n�o individual:

"Confie nos testes cl�nicos. O que disse que a vacina funciona s�o os testes cl�nicos de fase 3, quando a gente comparou grupo de pessoas vacinadas com grupo de pessoas n�o vacinadas. A vacina � uma atividade coletiva, n�o � uma atividade individual. Ela funciona na popula��o: quanto maior o n�mero de pessoas vacinadas, mais a doen�a deixa de circular e ficamos todos protegidos."

E os testes sorol�gicos de laborat�rio?


Testes sorológicos feitos em laboratórios são mais sensíveis que os de farmácia, mas também não servem para 'checar' vacina(foto: Getty Images)
Testes sorol�gicos feitos em laborat�rios s�o mais sens�veis que os de farm�cia, mas tamb�m n�o servem para 'checar' vacina (foto: Getty Images)

Os testes sorol�gicos feitos em laborat�rios s�o mais sens�veis que os de farm�cia e podem, segundo os pesquisadores, mostrar resultados diferentes em rela��o aos resultados aferidos num teste r�pido.

Mesmo assim, n�o recomendam que as pessoas busquem esses testes com essa finalidade e sem acompanhamento m�dico.

"A sensibilidade do teste de um laborat�rio diagn�stico � muito maior, mas, de novo, s� vai te dizer se voc� tem anticorpos, n�o vai te dizer que tipo de anticorpos s�o, n�o vai te dizer qual � a sua resposta celular, se voc� tem c�lulas de mem�ria, ent�o novamente voc� vai estar medindo apenas um aspecto da resposta imune, quando na verdade a resposta imune � muito mais ampla", diz Pasternak.

Silvia Costa diz que o resultado pode ser um relaxamento indevido ou uma preocupa��o desnecess�ria.

"As pessoas podem ficar preocupadas se o teste for negativo e ao contr�rio, tamb�m podem achar que s�o superprotegidas com um teste que n�o tem um significado de prote��o. Ent�o, n�o recomendamos a realiza��o do teste sorol�gico ap�s a vacina. Pode s� criar esse estresse, essa preocupa��o."

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