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Estado de Minas POL�CIA FEDERAL

Canais bolsonaristas investigados ganharam R$ 4 milh�es no YouTube, segundo PGR

Divulga��o do inqu�rito exp�s diverg�ncias entre �rg�os envolvidos na investiga��o, cujo futuro ainda ser� decidido pelo STF. Para vice-procurador-geral Humberto Jacques, PF deixou de investigar diversos pontos ligados ao faturamento dos investigados, inclusive com dinheiro p�blico, e n�o conseguiu determinar "o envolvimento do governo federal na movimenta��o de recursos para a propaganda de processos violentos ou ilegais para altera��o da ordem pol�tica e de outros crimes previstos na lei de seguran�a nacional".


08/06/2021 17:27 - atualizado 08/06/2021 23:11

Divulgação do inquérito expôs divergências entre órgãos envolvidos na investigação, cujo futuro ainda será decidido pelo STF(foto: Getty Images)
Divulga��o do inqu�rito exp�s diverg�ncias entre �rg�os envolvidos na investiga��o, cujo futuro ainda ser� decidido pelo STF (foto: Getty Images)

Investiga��es da Pol�cia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) sobre atos antidemocr�ticos apontaram que 12 canais no YouTube de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro receberam cerca de US$ 1,1 milh�o em monetiza��o dos v�deos. O valor, que vai de junho de 2018 a maio de 2020, corresponde a cerca de R$ 4,2 milh�es em valores convertidos com o c�mbio m�dio da �poca.

"Para que se tenha uma dimens�o dos volumes envolvidos nesse mercado, um relat�rio de uma empresa especializada em an�lises estat�sticas de p�ginas do YouTube d� conta de que as 829 mil visualiza��es obtidas com o v�deo da 'live' que o presidente gravou no �ltimo dia 3 de maio na frente do Pal�cio do Planalto podem ter gerado um lucro entre 6 mil e 11 mil d�lares para o administrador do canal "Folha Pol�tica", que tem 1,8 milh�es de inscritos", afirma inqu�rito da PF cujo sigilo foi levantado nesta segunda-feira (7) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em depoimentos, todos os respons�veis por esses canais negam qualquer tipo de irregularidade. A divulga��o do inqu�rito exp�s diverg�ncias entre os �rg�os envolvidos na investiga��o, cujo futuro ainda ser� decidido pelo STF.


Para o vice-procurador-geral Humberto Jacques, por exemplo, a PF deixou de investigar diversos pontos ligados ao faturamento dos investigados, inclusive com dinheiro p�blico, e n�o conseguiu determinar "o envolvimento do governo federal na movimenta��o de recursos para a propaganda de processos violentos ou ilegais para altera��o da ordem pol�tica e de outros crimes previstos na lei de seguran�a nacional" - a PGR aponta, por exemplo, que a PF n�o pediu relat�rios de monetiza��o ao Facebook e ao Instagram e nem compilou os dados de ganhos com publicidade repassados pelo Google.

A PGR tamb�m critica o YouTube, controlado pelo Google, por ter gerado lucro expressivo e faturado "certamente muito mais" com esse tipo de conte�do antidemocr�tico "a despeito da exist�ncia de ind�cios concretos de que a plataforma tinha conhecimento de que esses produtores estavam em desconformidade com as pol�ticas e as diretrizes do seu programa de parcerias".

Questionado pela BBC News Brasil sobre as cr�ticas da PGR, o Google, empresa dona do YouTube, disse por meio de um porta-voz que "apoia consistentemente o trabalho das autoridades, produzindo dados em resposta a pedidos espec�ficos, desde que sejam feitos respeitando os preceitos constitucionais e legais previstos na legisla��o brasileira".


A empresa afirmou tamb�m que o uso do YouTube por qualquer pessoa est� sujeito � revis�o de acordo com suas "diretrizes da comunidade".

"Quando n�o h� viola��o das pol�ticas do YouTube, a decis�o sobre a necessidade de remo��o do conte�do cabe ao Poder Judici�rio, de acordo com o que estabelece o Marco Civil da Internet", acrescentou o porta-voz.


Na investiga��o, coube � PGR tabular os faturamentos dos canais investigados no inqu�rito da PF. Os tr�s canais mais lucrativos, segundo levantamento do Minist�rio P�blico, s�o: Folha Pol�tica (US$ 486 mil), Folha do Brasil/Foco do Brasil (US$ 307 mil) e O Giro de Not�cias (US$ 219 mil).

Por outro lado, os dois menos lucrativos pertencem a Emerson Teixeira (US$ 352) e a Sara Winter (US$ 2.126), que chegou a ser presa em investiga��o sobre dissemina��o de conte�do falso na internet e amea�as ao STF.


Quanto 12 canais bolsonaristas faturaram no YouTube, segundo cálculo da PGR. Levantamento em dólares vai de junho de 2018 a maio de 2020.  .


O Folha Pol�tica, que tem 2,4 milh�es de inscritos e gera ganhos de R$ 50 mil a R$ 100 mil por m�s, � controlado pelo casal Ernani Fernandes e Thais Raposo, s�cios da empresa Raposo Fernandes Marketing Digital.


Durante a elei��o presidencial, o Facebook anunciou ter derrubado 68 p�ginas e 43 contas administradas pelo casal "por viola��o de nossas pol�ticas de autenticidade e de spam".

A plataforma disse que a suspens�o n�o estava ligada ao conte�do publicado, mas �s pr�ticas de spam, "uma t�tica geralmente usada por pessoas mal-intencionadas para aumentar de maneira artificial a distribui��o de conte�do com o objetivo de conseguir ganhos financeiros".

Segundo a plataforma, grupos como o de Fernandes e Raposo usam "cada vez mais conte�do sensacionalista pol�tico - em todos os espectros ideol�gicos - para construir uma audi�ncia e direcionar tr�fego para seus sites fora do Facebook, ganhando dinheiro cada vez que uma pessoa visita esses sites".


No YouTube, o v�deo mais assistido do canal Folha Pol�tica � "Fim da 'mamata' para presos: Veja v�deos em que Bolsonaro anunciou o que pretende fazer com…", com 5,4 milh�es de visualiza��es. Um v�deo "monetizado" significa que � acompanhado por an�ncios que podem gerar dinheiro tanto para os criadores quanto para o YouTube.


"O v�deo da 'live' presidencial no dia do Ex�rcito rendeu 1,5 milh�o de visualiza��es ao canal 'Foco do Brasil', e pode ter proporcionado um lucro entre 7,55 mil a 18,8 mil d�lares apenas com os recursos de monetiza��o oferecidos pela plataforma", afirma a PF.


Segundo os investigadores, o canal Foco do Brasil (ou Folha do Brasil) recebeu sistematicamente v�deos de Bolsonaro enviados por Tercio Arnaud Tomaz, assessor do presidente apontado como integrante do chamado "Gabinete do �dio", termo para designar um grupo dentro do Pal�cio do Planalto que supostamente dissemina mensagens difamat�rias contra advers�rios de Bolsonaro e cuida de suas redes sociais.

O Planalto nega que exista um grupo do tipo na estrutura institucional da Presid�ncia.


Segundo investigadores, Tercio Arnaud Tomaz, funcionário do Planalto e tido como membro do Gabinete do Ódio, passava sistematicamente vídeos do presidente para canais no YouTube investigados(foto: Facebook/Reprodução)
Segundo investigadores, Tercio Arnaud Tomaz, funcion�rio do Planalto e tido como membro do Gabinete do �dio, passava sistematicamente v�deos do presidente para canais no YouTube investigados (foto: Facebook/Reprodu��o)


Anderson Azevedo Rossi, dono do canal, afirmou em depoimento que seus ganhos mensais com o canal variam de R$ 50 mil a R$ 140 mil.


Mas a estrutura de faturamento dos canais vai al�m dos ganhos com visualiza��es. No inqu�rito, os investigadores explicam que o faturamento "adv�m de um programa de parceria que envolve receita de publicidade decorrente da veicula��o de an�ncios gr�ficos, de sobreposi��o e em v�deo, provenientes de empresas e �rg�os p�blicos; de valores advindos de assinaturas dos canais; da compra de produtos oficiais divulgados nas p�ginas de exibi��o; da aquisi��o, pelos usu�rios, de destaque no chat das transmiss�es ao vivo e at� mesmo de uma parcela da taxa do servi�o de assinatura paga de 'streaming' livre de propagandas".

A PF afirma que "com o objetivo de lucrar, estes canais (no YouTube), que alcan�am um universo de milh�es de pessoas, potencializam ao m�ximo a ret�rica da distin��o amigo-inimigo, dando impulso, assim, a insurg�ncias que acabam efetivamente se materializando na vida real, e alimentando novamente toda a cadeia de mensagens e obten��o de recursos financeiros".


Al�m disso, "a investiga��o permitiu identificar a exist�ncia de um grupo de pessoas que se influenciam mutuamente, tanto pessoalmente (em manifesta��es p�blicas, por exemplo), como por meio de redes sociais digitais (…), com o objetivo de auferir apoio pol�tico-partid�rias por meio da difus�o de ideologia dita conservadora, polarizada � direita do espectro pol�tico."

Rixa entre PF e PGR sobre futuro da investiga��o

Mas o resultado da investiga��o da PF desagradou a PGR, que pediu o arquivamento do inqu�rito.


De um lado, a PF diz em seu relat�rio final, de janeiro deste ano, que n�o conseguiu aprofundar alguns aspectos da investiga��o porque dilig�ncias solicitadas em junho de 2020 n�o foram autorizadas ap�s discord�ncia da PGR.


Ministro do STF Alexandre de Moraes vai decidir sobre futuro do inquérito de manifestações antidemocráticas de 2020(foto: ROSINEI COUTINHO/SCO/STF)
Ministro do STF Alexandre de Moraes vai decidir sobre futuro do inqu�rito de manifesta��es antidemocr�ticas de 2020 (foto: ROSINEI COUTINHO/SCO/STF)


De outro, a PGR acusa a Pol�cia Federal de n�o ter conduzido uma investiga��o eficiente ao longo de meses de apura��o e diz que a PF deixou de realizar uma s�rie de an�lises dos materiais apreendidos nas a��es de busca e apreens�o.


Para o vice-procurador-geral Humberto Jacques, que assina o pedido de arquivamento apresentado em 4 de junho, a falta de resultados obtidos pela PF justificam o encerramento do inqu�rito contra autoridades com foro no STF.


Ele, por�m, concordou com o pedido de abertura de outros seis inqu�ritos pela PF para apura��es mais espec�ficas de poss�veis crimes cometidos por pessoas que n�o t�m prerrogativa de fun��o. Nesse caso, Jacques recomendou que as investiga��es sejam remetidas � primeira inst�ncia.


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