O ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, admitiu na CPI da Covid que a cloroquina n�o tem efic�cia comprovada cientificamente no combate ao coronav�rus. Tamb�m durante a sess�o, na ter�a-feira (8/6), o ministro afirmou n�o ser "censor" do presidente da Rep�blica, Jair Bolsonaro (sem partido), em rela��o a aglomera��es e desinforma��o promovidas por ele.
H� um m�s, em seu primeiro depoimento, o ministro havia evitado se posicionar sobre a cloroquina rem�dio defendido e promovido por Bolsonaro desde o in�cio da pandemia, apesar de estudos robustos terem apontado sua inefic�cia contra o coronav�rus.
O ministro foi reconvocado porque, segundo os senadores, suas respostas no primeiro depoimento contiveram muitas contradi��es e n�o esclareceram os pontos investigados. Ele havia se recusado a responder diversas perguntas de maneira objetiva.
M�dico e presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Queiroga � o quarto ministro � frente da pasta no atual governo. Ele assumiu o minist�rio em mar�o deste ano, ap�s a sa�da do ex-ministro Eduardo Pazuello e em meio a um pico de mortes e contamina��es por covid-19.
Queiroga afirmou que o uso da cloroquina "tem provocado grande divis�o na classe m�dica".
Na realidade, do ponto de vista cient�fico, n�o existe uma divis�o a respeito da aplica��o ou n�o desse medicamento internacionalmente, isso n�o est� sendo debatido, porque a grande maioria da comunidade cient�fica entende que o medicamento j� demonstrou n�o ter utilidade na pandemia.
No Brasil, no entanto, h� m�dicos que defendem o uso do rem�dio, apesar de as sociedades cient�ficas mais respeitadas j� terem se posicionado contra. O Conselho Federal de Medicina (CFM) afirmou que o uso ou n�o � decis�o individual dos m�dicos.
"A mim como ministro da sa�de cabe harmonizar esse contexto para que tenhamos uma posi��o mais pac�fica", disse Queiroga. "Eu entendo que essas discuss�es s�o mais laterais e pouco contribuem para acabar com o car�ter pand�mico. O que vai colocar fim ao car�ter pand�mico dessa doen�a � a vacina��o."
A fala do ministro sobre cloroquina foi contestada por senadores da pr�pria base do governo, como Luiz Carlos Heinze (Progressistas-RS). "N�o podemos desqualificar o tratamento precoce", disse Heinze, que durante os depoimentos sempre defende o uso da cloroquina.
Falas do presidente
Queiroga foi cobrado pelo relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre seu sil�ncio diante de falas do presidente da Rep�blica.
Na segunda-feira (7/6), Bolsonaro disse, sem apresentar nenhuma prova, que "50% das mortes" por covid-19 n�o tiveram o v�rus como motivo principal. Ele citou como fonte o Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), que rebateu em nota dizendo que "n�o h� informa��es em relat�rios do tribunal que apontem que 'em torno de 50% dos �bitos por no ano passado n�o foram por covid', conforme afirma��o do presidente Jair Bolsonaro".
Mais tarde, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse que iria protocolar um pedido para ouvir na CPI o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, que atua em uma secretaria de controle externo do TCU. O servidor foi apontado como autor do "relat�rio paralelo", citado por Bolsonaro e desmentido pelo pr�prio tribunal.
"Eu sou ministro da Sa�de, n�o sou censor do presidente", afirmou Queiroga na CPI. "As orienta��es est�o postas, cabe a todos seguir."
Queiroga foi questionado se o n�mero de mortes por covid no Brasil era de 474.614 pessoas. Ele falou que sim. O ministro tamb�m disse que "procura fazer a sua parte" e promoveu uma "mudan�a de rumo" em sua gest�o, ampliando a vacina��o e a recomenda��o de medidas n�o farmacol�gicas.
Questionado se orienta o presidente sobre as mesmas medidas, Queiroga afirmou que "evidentemente que sim" e que, quando est� com ele, Bolsonaro "na maioria das vezes est� de m�scara".

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-RS) afirmou que o presidente se utiliza de desinforma��o de maneira deliberada, como no caso do suposto relat�rio do TCU.
"O presidente tinha plena consci�ncia de que estava falando uma mentira. Isso � inaceit�vel, porque em qualquer pol�tica p�blica s�ria, o l�der da na��o n�o se engaja, o senhor pode morrer trabalhando, pode se esfor�ar como for. O brasileiro n�o vai usar m�scara, n�o vai respeitar isolamento, n�o vai buscar segunda dose de vacina se seu l�der maior deliberadamente e criminosamente busca desinformar a cada minuto", disse o senador.
Copa Am�rica

Queiroga foi questionado por que o Brasil n�o se posicionou contra o recebimento da Copa Am�rica. O pa�s topou sediar o evento apesar do agravamento da pandemia por aqui em 2021. A Copa Am�rica seria sediada na Argentina, que desistiu justamente por causa da pandemia.
A mudan�a do local do evento ainda n�o havia sido anunciada quando Queiroga prestou seu primeiro depoimento, por isso o assunto n�o havia sido abordado. "O esporte est� liberado no Brasil e n�o est� comprovado que isso aumenta a contamina��o dos jogadores", afirmou o ministro.
Queiroga disse que n�o "deu aval", como havia dito o presidente, porque isso "n�o � compet�ncia do Minist�rio da Sa�de". "O que fizemos foi avaliar os protocolos que ser�o colocados em pr�tica", disse o ministro. "Sem p�blico nos est�dios, n�o teremos risco de aglomera��o."
"Agora, a decis�o de realizar ou n�o, n�o cabe a mim", afirmou. "Os protocolos s�o seguros e se forem cumpridos n�o haver� risco adicional." Questionado sobre os mais de 2 mil jornalistas estrangeiros que pediram credencial para cobrir os evento, o ministro afirmou que os jornalistas tamb�m ser�o obrigados a cumprir os protocolos.
Secretaria de Enfrentamento � Covid

O ministro foi questionado sobre a cria��o da Secretaria Extraordin�ria de Enfrentamento � Covid-19, que at� hoje est� sem titular, ap�s a m�dica infectologista Luana Ara�jo (que dep�s � CPI na semana passada) ter tido sua nomea��o ao cargo removida. "N�o � f�cil achar quadros qualificados dispostos a assumir responsabilidades", afirmou Queiroga.
Ara�jo havia sido anunciada em 12 de maio como titular, mas sua nomea��o foi cancelada dez depois. Uma reportagem do jornal O Globo mostrou que Ara�jo havia se manifestado em suas redes sociais contra o uso da cloroquina.
Convocada � CPI, a m�dica afirmou na semana passada que nunca foi informada do motivo do cancelamento de sua nomea��o. "O ministro disse que lamentava, mas que meu nome n�o ia passar pela Casa Civil", afirmou Ara�jo. "Ele disse que lamentava, mas minha nomea��o n�o sairia e meu nome n�o seria aprovado."
� CPI, no entanto, Queiroga afirmou que foi ele quem mudou de ideia sobre a nomea��o. "Nome de Luana come�ou a sofrer muitas resist�ncias por causa dos temas que estamos tratando. Ent�o, eu decidi cancelar a nomea��o", afirmou Queiroga. "N�o houve �bices formais da Casa Civil e da Segov (Secretaria de Governo). Eu desisti porque vi que o nome dela n�o estava suscitando o consenso que eu queria."
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, ent�o questionou o ministro por que ele manteve no minist�rio a m�dica Mayra Pinheiro, apesar de discordar da posi��o dela sobre cloroquina - Pinheiro defende o uso da droga contra a covid-19. "A dra. Mayra Pinheiro n�o trata desse tema no meu minist�rio. Ela cuida da �rea de gest�o do trabalho de educa��o e sa�de", afirmou Queiroga.
O ministro disse tamb�m que a n�o nomea��o de um titular para Secretaria Extraordin�ria de Enfrentamento � Covid-19 no momento n�o traz preju�zo ao combate � pandemia porque suas compet�ncias est�o hoje sob sua responsabilidade.
Durante a sess�o, o senador Alessandro Vieira afirmou que entrar� no Conselho de �tica da Casa contra o senador Luiz Carlos Heinze. Segundo Vieira, seu colega dissemina informa��es e dados falsos sobre a pandemia durante as audi�ncias da CPI, mesmo que j� existam alertas sobre a falsidade das informa��es. Heinze negou que fa�a isso e se disse tranquilo a respeito da notifica��o ao Conselho de �tica.
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