"Eu estou procurando emprego desde o come�o de 2020", conta Pedro Henrique da Silva Souza, de 17 anos e morador de Parais�polis, na zona sul de S�o Paulo.
"Resolvi procurar emprego agora para ajudar meus pais em casa e comprar aquilo que eu preciso. Conquistar meus objetivos, pagar meus cursos e guardar dinheiro para minha faculdade, porque eu quero me formar", enumera o estudante do terceiro ano do ensino m�dio, chefe do gr�mio da sua escola e bailarino.
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"Por conta da pandemia, procurar emprego est� sendo algo quase imposs�vel, porque as empresas est�o fechando as portas, est�o diminuindo o n�mero de funcion�rios", lamenta o jovem. "A gente espera semana ap�s semana, sem resposta."
Pedro � um dos milh�es de jovens brasileiros que est�o desempregados em meio � pandemia.
Mesmo antes da covid-19, os mais jovens sempre enfrentaram a maior dificuldade para encontrar trabalho no Brasil, diante da competi��o com milh�es de outros desempregados - muitos deles, mais experientes.
A pandemia agravou essa situa��o, com a taxa de desemprego para pessoas com idades entre 18 e 24 anos tendo passado de 23,8% no quarto trimestre de 2019 para 29,8% ao fim de 2020, com mais de 4 milh�es de jovens adultos em busca de emprego.
No mesmo intervalo, a taxa de desemprego para a popula��o em geral subiu de 11% para 13,9%.

Em meio a esse cen�rio, na favela de Parais�polis, a segunda maior da capital paulista, com mais de 100 mil habitantes, 21 mil domic�lios e uma �rea de 10 km�, l�deres comunit�rios est�o enfrentando a pandemia e o desemprego da juventude ao mesmo tempo.
"Aqui em Parais�polis, n�s criamos uma grande rede de solidariedade chamada Presidentes de Rua, onde a cada 50 casas temos um morador volunt�rio cuidando de 50 fam�lias", conta Gilson Rodrigues, presidente da associa��o comunit�ria G10 Favelas.
"Foi uma forma que n�s encontramos para que chegasse alguma ajuda para a popula��o que mais precisa", acrescenta o l�der comunit�rio. Cada presidente de rua monitora as fam�lias atrav�s do WhatsApp, chama o socorro quando necess�rio e faz a distribui��o de cestas b�sicas e kits de higiene.
"S�o 658 presidentes de rua, em sua maioria jovens, mulheres, que atuam como volunt�rias. E, para manter essa estrutura funcionando, n�s contratamos por volta de 200 jovens, para que eles pudessem ajudar nessa coordena��o", conta o presidente da entidade, acrescentando que a experi�ncia iniciada em Parais�polis j� foi replicada para 389 comunidades em 16 Estados.

Graziele Jesus Santos, de 25 anos e m�e de uma menina, � uma das jovens atualmente empregadas pelo G10 Favelas.
Ela come�ou no ano passado como volunt�ria, depois tornou-se presidente de rua e, atualmente, � administradora da Horta AgroFavela, uma iniciativa voltada para as mulheres de Parais�polis. Como parte de seu trabalho, Grazi acolhe as mulheres da comunidades, algumas delas, v�timas de viol�ncia dom�stica.
"Me sinto muito orgulhosa, porque, quando eu comecei, eu estava desempregada, estava desesperada, ent�o come�ar a trabalhar com um projeto incr�vel...", relata a jovem, se emocionando ao falar.
"Eu falo para minha m�e todos os dias... Na verdade, a minha m�e � que fala, o quanto eu mudei."

Outra iniciativa est� ajudando centenas de moradores de Parais�polis a encontrar trabalho em empresas localizadas nos entornos da comunidade, incluindo jovens em busca do primeiro emprego ou de recoloca��o. O projeto � conhecido no bairro como o "LinkedIn da favela".
"O Emprega Comunidades foi criado em 2017, e n�s j� cadastramos mais de 17 mil pessoas no nosso banco de dados, j� qualificamos mais de 1,5 mil pessoas e j� encontramos empregos para cerca de 2,7 mil pessoas", conta Rejane Santos, fundadora do programa.
Rejane e Gilson ressaltam a import�ncia das iniciativas pr�prias da comunidade, diante da aus�ncia de pol�ticas p�blicas para a popula��o de baixa renda e moradora de bairros perif�ricos.
"� muito importante que a comunidade se organize e seja agente da pr�pria transforma��o", afirma o presidente do G10 Favelas.
"A favela tem crescido de maneira desordenada porque falta pol�tica p�blica, mas percebemos que, se n�s nos organizarmos, � poss�vel que, mesmo sem a pol�tica p�blica, as coisas comecem a acontecer."
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