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Estado de Minas

Covid: o que s�o os anticorpos vil�es que podem provocar casos mais graves da doen�a

H� cada vez mais evid�ncias de que muitas rea��es extremas ao coronav�rus podem estar associadas � presen�a de autoanticorpos que atacam tecidos e �rg�os saud�veis.


26/09/2021 16:47 - atualizado 26/09/2021 17:02

Anticorpos são essenciais para combater vírus, mas às vezes 'se tornam vilões' e atacam órgãos e tecidos saudáveis
Anticorpos s�o essenciais para combater v�rus, mas �s vezes 'se tornam vil�es' e atacam �rg�os e tecidos saud�veis (foto: Getty Images)

Desde o surgimento da covid-19, os cientistas v�m tentando entender o que faz as pessoas reagirem de maneira t�o diferente � doen�a.

Por que algumas ficam muito mais doentes do que outras? E por que afeta diferentes �rg�os do corpo, eventualmente por longos per�odos, como na covid longa?

Agora, h� cada vez mais evid�ncias de que alguns desses processos podem estar ligados � produ��o de anticorpos nocivos, conhecidos como autoanticorpos.

Os anticorpos normalmente combatem a infec��o, mas os autoanticorpos miram por engano as c�lulas, tecidos ou �rg�os do pr�prio corpo.

Afinal, qual � o papel deles na covid-19 e como podem levar � forma grave da doen�a?

Quando o corpo se volta contra si mesmo

Mesmo pessoas saud�veis produzem autoanticorpos, mas geralmente n�o em quantidade grande o suficiente para causar danos significativos ao sistema imunol�gico.

No entanto, em pacientes com covid-19, se verificou que eles danificaram n�o apenas o sistema imunol�gico, como tamb�m o tecido saud�vel do c�rebro, vasos sangu�neos, plaquetas, f�gado e trato gastrointestinal, de acordo com pesquisadores da Universidade de Yale, nos EUA.

Autoanticorpos atacam várias vias do sistema imunológico, de acordo com pesquisadores de Yale
Autoanticorpos atacam v�rias vias do sistema imunol�gico, de acordo com pesquisadores de Yale (foto: Getty Images)

Nas infec��es por covid, os autoanticorpos podem ter como alvo "dezenas de vias imunol�gicas", diz � BBC Aaron Ring, professor-assistente de Imunobiologia da Escola de Medicina de Yale.

Em um estudo recente publicado na revista Nature, sua equipe examinou o sangue de 194 pacientes que contra�ram o v�rus com diferentes graus de gravidade e identificaram "aumentos significativos" na atividade de autoanticorpos em compara��o com indiv�duos n�o infectados.

Quanto mais autoanticorpos detectados, maior era a gravidade da doen�a nos pacientes.

"� uma faca de dois gumes. Os anticorpos s�o cruciais para evitar a infec��o, mas alguns pacientes com covid-19 tamb�m desenvolvem anticorpos que danificam suas pr�prias c�lulas e tecidos", explica.

Bloqueando a resposta imunol�gica � covid

O estudo de Ring foi baseado em pesquisas anteriores lideradas por Jean-Laurent Casanova na Universidade Rockefeller, em Nova York.

O laborat�rio de Casanova tem estudado varia��es gen�ticas que afetam a capacidade de uma pessoa de combater infec��es h� mais de 20 anos.

Sua pesquisa destaca o papel dos autoanticorpos que atacam algumas das mesmas prote�nas encarregadas de combater infec��es virais e impedir a replica��o do v�rus (chamadas interferon tipo 1).

Em outubro de 2020, a equipe de Casanova publicou na revista Science que havia encontrado esses autoanticorpos em cerca de 10% de quase 1 mil pacientes com covid-19 grave.

Um detalhe importante: quase 95% deles eram homens, o que poderia explicar porque os homens s�o maioria entre as pessoas que desenvolvem covid grave.

Casanova encontrou evidências que podem ajudar a explicar por que covid parece ser mais grave entre pacientes mais velhos do sexo masculino
Casanova encontrou evid�ncias que podem ajudar a explicar por que covid parece ser mais grave entre pacientes mais velhos do sexo masculino (foto: Getty Images)

E, no m�s passado, eles publicaram na revista cient�fica Science Immunology os resultados de um estudo maior, com 3,6 mil pacientes internados no hospital com covid grave.

Os pesquisadores encontraram autoanticorpos contra interferon tipo 1 no sangue de 18% das pessoas que morreram da doen�a.

Mais de 20% dos pacientes com mais de 80 anos com covid grave tinham esses autoanticorpos, em compara��o com 9,6% entre aqueles com menos de 40 anos.

De acordo com Casanova, estas descobertas oferecem "fortes evid�ncias" de que a "perturba��o" provocada por esses anticorpos vil�es "� muitas vezes a causa da covid-19 com risco de morte".

Autoanticorpos, doen�a autoimune e covid longa

Outros estudos est�o encontrando liga��es entre os autoanticorpos e problemas de sa�de relacionados � covid-19 que continuam mesmo depois que o v�rus � eliminado do corpo.

Em um estudo publicado neste m�s na revista Nature Communications, pesquisadores de Stanford, nos EUA, descobriram que pelo menos uma em cada cinco pessoas internadas no hospital com covid-19 desenvolveram autoanticorpos na primeira semana de interna��o.

Para cerca de 50 pacientes, amostras de sangue coletadas em dias diferentes, incluindo o dia em que foram internados, estavam dispon�veis.

"Uma semana ap�s darem entrada no hospital, cerca de 20% desses pacientes desenvolveram novos anticorpos para seus pr�prios tecidos que n�o estavam l� no dia em que foram internados", diz PJ Utz, pesquisador-chefe e professor de Imunologia e Reumatologia da Escola de Medicina da Universidade de Stanford (Estados Unidos).

Especialistas dizem que descobertas reforçam argumento para aumentar imunidade por meio da vacinação
Especialistas dizem que descobertas refor�am argumento para aumentar imunidade por meio da vacina��o (foto: Reuters)

Utz afirma que isso tamb�m pode explicar por que alguns sintomas perduram meses, mesmo depois que a doen�a vai embora, na condi��o conhecida como covid longa.

"Se voc� ficar bem doente com covid-19 e acabar no hospital, talvez n�o esteja fora de perigo mesmo depois de se recuperar."

No Reino Unido, pesquisadores do Imperial College London encontraram autoanticorpos em pacientes com covid longa que n�o estavam presentes em pessoas que se recuperaram rapidamente do v�rus ou que n�o testaram positivo para a doen�a.

Danny Altmann, que lidera a equipe de pesquisa, disse � BBC que eles est�o trabalhando para descobrir se a covid longa pode ser diagnosticada identificando autoanticorpos que foram gerados recentemente.

A pesquisa ainda est� em est�gio inicial, mas um resultado poss�vel pode ser o desenvolvimento de um teste simples o suficiente para ser usado em um consult�rio m�dico.

"Esperamos sinceramente n�o s� avan�ar em dire��o a um diagn�stico, como tamb�m a ideias terap�uticas: esperamos que d� uma luz em rela��o a mecanismos e tratamentos espec�ficos", diz ele.

Para os especialistas, essas descobertas tamb�m refor�am a import�ncia da vacina��o.

Em uma infec��o viral mal controlada, o v�rus permanece por um longo tempo, enquanto uma resposta imune intensa continua a quebrar as part�culas virais em peda�os, confundindo o sistema imunol�gico, diz Utz.

As vacinas, no entanto, cont�m apenas uma �nica prote�na spike ou instru��es gen�ticas para produzi-la, de modo que o sistema imunol�gico n�o � exposto � mesma atividade fren�tica que poderia levar � produ��o de autoanticorpos.

S� uma parte da hist�ria

Especialistas advertem que resposta imunológica à covid é complexa e que autoanticorpos são apenas parte da história
Especialistas advertem que resposta imunol�gica � covid � complexa e que autoanticorpos s�o apenas parte da hist�ria (foto: Getty Images)

Mas embora os avan�os nesta �rea sejam empolgantes, os cientistas alertam que a resposta imunol�gica � covid � complexa e os autoanticorpos s�o apenas uma parte da hist�ria.

Outro mecanismo que est� sendo pesquisado � a resposta imune hiperativa que ocorre em alguns casos.

A produ��o de prote�nas chamadas citocinas pode atingir n�veis perigosos e causar danos �s pr�prias c�lulas do corpo a chamada tempestade de citocinas.

Ainda n�o sabemos exatamente o que acontece em nossas c�lulas quando o v�rus entra em nossos corpos � o resultado dessa batalha que determina a gravidade e, em �ltima inst�ncia, a letalidade da doen�a.


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