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Estado de Minas

Pandemia causa maior redu��o da expectativa de vida nos EUA e na Europa desde a 2� Guerra

Essas redu��es s�o atribu�das principalmente ao aumento da mortalidade em pessoas com mais de 60 anos e �s mortes registradas oficialmente por covid-19 - por causa da subnotifica��o, o volume desses �bitos pode ser muito maior.


03/10/2021 16:12 - atualizado 09/10/2021 17:39

Cemitério em Nova York
EUA foi o pa�s que sofreu a maior queda de expectativa de vida entre as na��es consideradas desenvolvidas (foto: Getty Images)

Sob o impacto da pandemia de covid-19, 27 dentre 29 pa�ses estudados tiveram uma queda expectativa de vida para ambos os sexos de 2019 a 2020, com exce��o das mulheres na Finl�ndia e de homens e mulheres na Dinamarca e na Noruega.

Mulheres em 15 pa�ses e homens em 10 pa�ses acabaram com uma expectativa de vida menor ao nascer em 2020 do que tinham em 2015.

E os Estados Unidos sofreram as maiores quedas, com recuos de mais de dois anos para os homens, segundo dados analisados pelos pesquisadores do Centro de Ci�ncias Demogr�ficas Leverhulme, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Essas redu��es, explicam os especialistas, s�o atribu�das principalmente ao aumento da mortalidade em pessoas com mais de 60 anos e �s mortes registradas oficialmente por covid-19 (por causa da subnotifica��o, o volume desses �bitos pode ser muito maior).

A pandemia teve um "impacto bastante consider�vel e sem precedentes" nas taxas de mortalidade e expectativa de vida, diz Ridhi Kashyap, professor de demografia social da universidade e um dos principais autores do estudo.

Perdas de mais de um ano s�o particularmente incomuns. "Isso � algo que realmente n�o temos desde a Segunda Guerra Mundial para a maior parte da Europa Ocidental, e desde a dissolu��o da Uni�o Sovi�tica, na d�cada de 1990, na Europa Oriental", afirma Kashyap.

Dada a gravidade da pandemia de covid-19, a surpresa n�o � pela queda generalizada na expectativa de vida, diz o coautor do estudo, Jose Manuel Aburto, mas a "a magnitude da queda".

Os EUA foram particularmente afetados porque as taxas de mortalidade de covid-19 foram altas na popula��o em idade ativa, em vez de se limitarem � popula��o idosa, um padr�o visto em v�rios pa�ses do Leste Europeu e at� certo ponto na Esc�cia.

Em compara��o, as mulheres na Finl�ndia e ambos os sexos na Dinamarca e na Noruega mostraram ligeiros aumentos na expectativa de vida, e pa�ses como a Est�nia e a Isl�ndia tiveram pequenas perdas.

Imagem do memorial em homenagem às vítimas da covid no Reino Unido
No Reino Unido, onde foi criado um extenso mural colaborativo para lembrar os mortos por covid, a expectativa de vida caiu pela primeira vez em 40 anos (foto: Getty Images)

No Reino Unido, a expectativa de vida dos homens caiu pela primeira vez em 40 anos. Em geral, esses �ndices aumentam com o tempo, e as quedas s�o raras. E isso n�o deve parar por a�.

Especialistas dizem ainda que outras quedas na expectativa de vida podem ocorrer nos pr�ximos anos, antes que esse indicador comece a se recuperar.

Desigualdade

Outro "resultado alarmante", explica Aburto, � a diferen�a que existe entre os pa�ses, ou seja, a pandemia afetou de forma distinta os pa�ses desenvolvidos, assim como v�rias na��es inclu�das na pesquisa.

"Os EUA s�o um pa�s que se considera desenvolvido, mas tamb�m s�o um pa�s com muita desigualdade, e isso se reflete nesse patamar de queda acentuada de expectativa de vida".

Embora o estudo tenha permitido observar que "a maior parte das perdas na expectativa de vida se deveu � mortalidade ocorrida acima de 60 anos", Aburto explica que pa�ses como os EUA viram "a mortalidade de adultos jovens tamb�m contribuir muito para esse decl�nio na expectativa de vida".

Para o especialista, diversos motivos podem explicar as diferen�as do impacto da pandemia nesses lugares. "Cada pa�s agiu de maneira diferente em rela��o � pandemia. Por exemplo, houve pa�ses que seguiram interven��es n�o farmac�uticas com mais rapidez e efic�cia, como lockdowns, uso obrigat�rio de m�scara e assim por diante".

Al�m disso, diz Aburto, outro fator fundamental � a qualidade dos servi�os de sa�de, e "isso tamb�m se reflete negativamente no caso dos EUA".

'Efeito de sobreviv�ncia'

Apesar do nome, esses n�meros da expectativa de vida, conhecidos como "expectativa de vida de per�odo", n�o preveem uma expectativa de vida real. Em vez disso, mostram a idade m�dia que um rec�m-nascido viveria se as taxas de mortalidade atuais continuassem por toda a sua vida.

E como as taxas de mortalidade da covid-19 n�o devem continuar a longo prazo, as novas estimativas n�o significam que um menino nascido em 2020 ter� uma vida mais curta do que um menino nascido em 2019.

Pés de bebê são cercados por mãos de adulto
Indicador de expectativa de vida trata da estimativa m�dia de rec�m-nascidos em determinados anos (foto: Getty Images)

Mas eles fornecem um instant�neo do efeito da pandemia que pode ser comparado ao longo do tempo e entre pa�ses e diferentes popula��es.

E assim que a pandemia acabar e "suas consequ�ncias para a mortalidade futura forem finalmente conhecidas, � poss�vel que a expectativa de vida volte a uma tend�ncia de melhora no futuro", diz afirma a estat�stica Pamela Cobb, do ONS (org�o brit�nico de estat�sticas).

Pode at� haver uma recupera��o no primeiro ano ou logo depois gra�as ao que os dem�grafos chamam de "efeito de sobreviv�ncia".

"Essencialmente, isso significa que voc� perdeu uma grande parte de sua popula��o mais fr�gil e tem agora uma popula��o sobrevivente mais saud�vel. Ent�o voc� esperaria matematicamente que houvesse menos mortes no per�odo que se segue", afirma o especialista em avalia��o de risco Stuart McDonald, cofundador do Grupo de Resposta de Atu�rios da Covid-19.

Mas, segundo ele, h� ainda uma s�rie de lacunas para an�lises de longo prazo menos incertas. Por um lado, novas ondas de variantes do coronav�rus, covid longa, decl�nios econ�micos e atrasos no tratamento de c�ncer e outras doen�as graves t�m o potencial de manter baixa a expectativa de vida no Reino Unido, diz McDonald.

De outro, o avan�o dos programas de vacina��o, um melhor conhecimento do controle de infec��es em massa e um maior foco na sa�de podem ajudar na recupera��o dos �ndices de expectativa de vida.

"A expectativa de vida volta � sua trajet�ria original e continua aumentando ou aumenta do ponto mais baixo? Vou fazer o hedge: acho que � um pouco dos dois. Na minha opini�o, e no consenso emergente na profiss�o atuarial, � que, mesmo em uma base de longo prazo, isso � um resultado negativo l�quido, o que significa um crescimento mais lento", conclui McDonald.

Impacto no Brasil

A pesquisa publicada na revista especializada International Journal of Epidemiology analisou informa��es dos seguintes pa�ses: Espanha, Su��a, Fran�a, It�lia, Finl�ndia, Su�cia, Portugal, Noruega, Isl�ndia, �ustria, Eslov�nia, B�lgica, Chile, Gr�cia, Alemanha, Holanda, Inglaterra e Pa�s de Gales, Dinamarca, Est�nia, Irlanda do Norte, Rep�blica Tcheca, Cro�cia, Pol�nia, Estados Unidos, Litu�nia, Esc�cia, Eslov�quia, Hungria e Bulg�ria.

Aburto, da Universidade de Oxford, explica que o estudo se concentrou nesses 29 pa�ses porque havia dados dispon�veis para eles, divididos por idade, e isso permitiu fazer uma an�lise da expectativa de vida.

O Chile � uma exce��o na Am�rica Latina em quest�es de dados de sa�de consistentes e de qualidade. "No contexto latino-americano, mesmo que um pa�s forne�a informa��es em tempo, os dados de mortalidade tendem a apresentar falhas que devem ser corrigidas antes de se fazer c�lculos comparativos, como essee da expectativa de vida".

mulher idosa olha para o horizonte próxima à janela
Impacto da pandemia e na expectativa de vida foi menor entre as mulheres, um padr�o visto ao redor do mundo (foto: Getty Images)

Embora o estudo tenha se concentrado em 29 pa�ses, os autores observam que "evid�ncias emergentes de pa�ses de baixa e m�dia renda (como Brasil e M�xico), que foram devastados pela pandemia, indicam que as perdas na expectativa de vida ainda podem ser maiores em essas popula��es".

Em abril de 2021, uma equipe de pesquisadores liderados pela dem�grafa M�rcia Castro, professora da Faculdade de Sa�de P�blica da Universidade Harvard, apontou que o brasileiro perdeu quase dois anos de expectativa de vida em 2020 por causa da pandemia de covid-19.

Em m�dia, beb�s nascidos no Brasil em 2020 viver�o 1,94 ano a menos do que se esperaria sem o quadro sanit�rio atual no pa�s. Ou seja, 74,8 anos em vez dos 76,7 anos de vida anteriormente projetados. Com isso, a esperan�a de longevidade dos brasileiros retornou ao patamar de 2013.

A queda interrompe um ciclo de crescimento da expectativa de vida no pa�s, que partiu da m�dia de 45,5 anos, em 1945, at� atingir os estimados 76,7 anos, em 2020, um ganho m�dio de cinco meses por ano-calend�rio.

O estudo, ainda em vers�o pr�-print (sem revis�o pelos pares), indica tamb�m que a pandemia reduziu de modo desigual a expectativa de vida a depender da regi�o do pa�s.

Os pesquisadores descobriram que o Distrito Federal, onde est� a capital do pa�s, registrou o pior resultado: ali, a expectativa de vida recuou em mais de 3 anos. O DF foi seguido por tr�s Estados do Norte: Amap�, com queda de 2,98 anos na expectativa de vida, Amazonas, com perda de 2,92 anos, e Roraima, com redu��o de 2,74 anos. Na outra ponta, entre os Estados que menos perderam na expectativa de vida em 2020, est�o v�rios nordestinos, como Maranh�o, Piau� e Bahia, os tr�s abaixo de 1,49 ano de redu��o na expectativa de vida.

Mas os dados podem ser na verdade piores do que essa estimativa. "A gente sabe que houve muita dificuldade de acesso ao teste de covid-19, subnotifica��o e muita morte pelo novo coronav�rus que n�o foi registrada dessa maneira", explica Castro.

*Com informa��es da BBC News Brasil e da BBC News Mundo


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