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Estado de Minas

O remoto lugar nos EUA que vive boom com alta dos pre�os do petr�leo no mundo

Para muitos, foi um novo renascimento semelhante ao que a regi�o experimentou h� mais de uma d�cada, quando a perfura��o de xisto come�ou a tornar o mercado de energia dos EUA autossuficiente.


22/10/2021 08:36 - atualizado 22/10/2021 09:03

Em uma vasta �rea remota entre os Estados do Novo M�xico e do Texas, devastada por frequentes tempestades de areia, com o p�r do sol avermelhado e o calor sufocante do deserto, est� a maior reserva natural de energia dos Estados Unidos e uma das maiores do planeta.

Foi gra�as � sua explora��o que os EUA conseguiram se tornar o maior produtor de petr�leo do mundo.

No entanto, a Bacia do Permiano, uma �rea de 220 mil quil�metros quadrados no sudoeste da Am�rica do Norte, estava passando recentemente por um crep�sculo inesperado. No ano passado, a pandemia do coronav�rus fez despencar os pre�os do mercado de energia e os esfor�os de extra��o ca�ram drasticamente.

No entanto, agora, com um barril de petr�leo girando em torno de US$ 80 (cerca de R$ 450), em tend�ncia de alta, a Bacia vive o que a m�dia dos Estados Unidos descreveu como um novo "boom", a tal ponto que v�rias empresas de an�lise setorial acreditam que ele retornar� aos n�veis da produ��o pr�-pand�mica nas pr�ximas semanas.

"H� um ano e meio, tudo estava no ch�o. Agora, o tr�nsito intenso de sempre nas estradas mostra que h� trabalho de novo", disse � BBC News Mundo (servi�o em espanhol da BBC) Fernando Acosta, motorista cubano que trabalha na Bacia do Permiano dirigindo um caminh�o-tanque.

O novo boom foi impulsionado principalmente por empresas privadas menores, j� que grandes empresas como a Shell venderam seus terrenos, um sinal que os especialistas veem como indicativo dos altos pre�os pelos quais essas terras agora podem ser vendidas.

Para muitos, foi um novo renascimento semelhante ao que a regi�o experimentou h� mais de uma d�cada, quando a perfura��o de xisto come�ou a tornar o mercado de energia dos EUA autossuficiente.

A Bacia do Permiano

A Bacia do Permiano tem esse nome porque � composta por um dos dep�sitos de rocha mais grossos do mundo desde o per�odo geol�gico do Permiano (come�ou h� cerca de 299 milh�es de anos e terminou h� cerca de 251 milh�es de anos).

H� muito tempo, um vasto mar pr�-hist�rico depositou ali material org�nico rico ao longo de milh�es de anos para formar n�o apenas uma das estruturas de hidrocarbonetos mais densas do mundo, mas tamb�m grandes reservas de sais de pot�ssio, sal-gema e outros minerais.

poco de extracao de petroleo
Reservas de petr�leo bruto que fizeram com que o Texas vivesse um boom econ�mico ao longo do s�culo 20 (foto: Getty Images)

Mas foram as reservas de petr�leo bruto que fizeram com que o Texas vivesse um boom econ�mico ao longo do s�culo 20.

Os po�os tradicionais, por�m, amadureceram e, no final do s�culo a Bacia passou por mais um per�odo de crise.

Segundo o professor Jorge Pi��n, especialista em quest�es energ�ticas da Universidade do Texas (EUA), havia reservas de energia em outras formas.

"Forma��es geol�gicas n�o convencionais (como � chamada a categoria de forma��es geol�gicas chamadas xistos, xisto, xisto betuminoso) � o petr�leo que se encontra dentro de fissuras dentro da rocha e a �nica maneira de extra�-lo � fraturando a rocha. � preciso quebrar a rocha e extraia esse l�quido", explica � BBC News Mundo.

Segundo o pesquisador, esses tipos de forma��es geol�gicas s�o conhecidas h� s�culos, mas havia dois problemas: o pre�o do petr�leo n�o era alto o suficiente para justificar a lucratividade da explora��o dessas forma��es e n�o havia as tecnologias adequadas para sua explora��o.

No entanto, no in�cio dos anos 2000 os pre�os do petr�leo dispararam e muitas grandes empresas viram as forma��es geol�gicas n�o convencionais como uma nova forma de produzir petr�leo e g�s natural.

Novas t�cnicas foram implantadas, como o fracking (fraturamento), com o qual a rocha � fraturada com �gua pressurizada para a extra��o dos combust�veis. A pr�pria composi��o geol�gica do terreno tamb�m permitiu a extra��o de �leo de xisto com a perfura��o de um �nico po�o.

A nova f�rmula que transformou a antiga �rea tradicional de explora��o de petr�leo, no entanto, � bastante pol�mica. H� anos organiza��es ambientais denunciam a enorme polui��o que ocorre na bacia e a grande quantidade de �gua necess�ria para o fraturamento, embora a t�cnica tenha melhorou.

tráfego intenso na bacia do permiano
Tr�fego intenso na Bacia do Permiano aponta retomada do setor petroleiro para os n�veis pr�-pandemia (foto: Getty Images)

Em 2018, o U.S. Geological Survey estimou que a Bacia do Delaware, no oeste do Texas e no sul do Novo M�xico, tem potencial para produzir 46,3 bilh�es de barris de petr�leo e cerca de 281 trilh�es de p�s c�bicos de g�s natural.

Atualmente, mais de 70% da produ��o de petr�leo nos Estados Unidos saem de po�os n�o convencionais e quase 40% desse total s�o extra�dos da Bacia do Permiano (de onde sai tamb�m mais 15% do g�s natural produzido no pa�s), segundo dados do Federal Reserve Bank de Dallas.

O sucesso dos EUA

Segundo Pi��n, embora outros pa�ses tamb�m possuam forma��es rochosas n�o convencionais que permitiriam uma maior produ��o de energia, os EUA e a Bacia do Permian atingiram um alto patamar de produ��o por um fator sociopol�tico que vai al�m dos mesmos recursos energ�ticos.

"Em �ltima an�lise, o que tem permitido esse desenvolvimento da produ��o � que os EUA s�o provavelmente o �nico lugar do mundo, com poucas exce��es, onde os direitos minerais pertencem aos donos das terras e n�o ao Estado", afirma. Isso, segundo Pi��n, "facilitou as coisas", destravou a burocracia e tornou os processos de produ��o mais eficazes.

Mas a explora��o da Bacia gerou muita controv�rsia e cr�ticas. Por ser um dos maiores campos de explora��o de petr�leo do mundo, tamb�m � um dos mais poluentes. Segundo relat�rios de �rg�os ambientais, os n�veis de metano expelido da regi�o para a atmosfera tamb�m voltaram aos n�veis pr�-pand�micos, um dos mais altos do mundo.

Dados da ONG Fundo de Defesa Ambiental indicam que cerca de 1,4 milh�o de toneladas m�tricas de metano saem da Bacia a cada ano, g�s suficiente para atender quase 2 milh�es de resid�ncias. Isso, segundo o relat�rio, implica que seu dano ambiental triplique o impacto da queima do g�s ali produzido em um per�odo de 20 anos.

E embora os m�todos de reciclagem da �gua injetada na rocha com fracking tenham sido aprimorados, grupos ambientalistas alertam que essa t�cnica contamina o len�ol fre�tico com produtos qu�micos, o que pode afetar muitas comunidades da regi�o Oeste dos EUA.

cuenca pérmica
Bacia do Permiano � rica em minerais valiosos no mercado internacional (foto: Getty Images)

Al�m disso, v�rios dos locais com po�os s�o considerados territ�rios sagrados por tribos ind�genas americanas, que viram milhares de pessoas chegarem ao longo dos anos �s proximidades de suas reservas para trabalhar na ind�stria do petr�leo.

Eles n�o s�o os �nicos.

A chegada de numerosos trabalhadores � �rea tamb�m impactou muitas comunidades locais, que t�m um n�mero limitado de hospitais ou infraestruturas para acomodar um n�mero crescente de habitantes. Tudo isso fez do futuro da Bacia do Permiano uma dor de cabe�a para as autoridades locais e federais. E mais durante o atual governo, que defende a implementa��o de regras ambientais mais duras.

No entanto, especialistas como Pi��n estimam que, para al�m da regulamenta��o, ser� dif�cil acabar com a produ��o da Bacia, apesar das mudan�as num futuro pr�ximo que muitos j� preveem para o setor energ�tico.

"A descarboniza��o do setor de energia n�o tem fim. Esse trem j� partiu. Mas isso n�o significa que o petr�leo vai desaparecer, n�o importa quantos Teslas ou outros carros el�tricos sejam vendidos: 25% do petr�leo que � produzido atualmente vai para a ind�stria petroqu�mica", afirma.

"As empresas j� est�o voltando para a Bacia do Permiano, e isso � um sinal de que elas enxergam um futuro ali pelo menos nos pr�ximos 10 a 30 anos", afirma.


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