O presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), Fl�vio da Fonseca, diz que os dados dispon�veis at� o momento sobre a variante �micron ainda s�o insuficientes para prever o impacto que ter�, mas aponta que ela tem "potencial de dissemina��o gigantesco".
"Embora os dados ainda sejam fragmentados, est� claro que ela (�micron) tem potencial de dissemina��o gigantesco pelo n�mero alto de muta��es e pela rapidez com que j� se disseminou", disse em entrevista � BBC News Brasil o virologista, que tamb�m � professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
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A variante �micron do coronav�rus, detectada na �frica do Sul, acendeu o alerta entre autoridades de sa�de de todo o mundo nos �ltimos dias - o que gerou medidas restritivas principalmente relativas a viagens com origem em pa�ses do sul da �frica. As a��es foram condenadas pelo governo da �frica do Sul, que as considera injustificadas (leia mais abaixo).
A quantidade e a variedade de muta��es na �micron, algumas delas in�ditas, v�m sendo apontadas como motivos de preocupa��o por cientistas. A nova variante tem uma longa lista de altera��es gen�ticas 50 no total. Destas, 32 est�o na prote�na spike (ou esp�cula) do v�rus a parte que conecta o microorganismo � c�lula humana para iniciar a infec��o.
�micron pode ter efeito como o da delta no Brasil?
Antes de sabermos da exist�ncia da �micron, outra variante levou pa�ses da Europa e de outras regi�es a registrarem novas ondas de infec��es: a delta.
Apesar da preocupa��o que a delta (primeiro identificada na �ndia) gerou em outros pa�ses, no Brasil o cen�rio n�o foi igual: ela n�o causou um aumento de casos na propor��o vista em outros pa�ses, segundo os dados dispon�veis ou pelo menos n�o at� agora.
Esse cen�rio poderia se repetir com a �micron?
� cedo para prever, diz Fonseca. � que a resposta para esta pergunta depende principalmente de dois pontos que ainda n�o est�o claros: dados sobre como as muta��es verificadas na variante afetam ou n�o a efic�cia das vacinas e informa��es sobre o comportamento da variante em pa�ses com cobertura vacinal maior que a verificada no sul da �frica.
"Neste momento, � dif�cil dizer se a �micron teria um impacto m�nimo na nossa sociedade como a delta teve", diz Fonseca.
"Na delta, com nossa cobertura vacinal crescendo r�pida e adequadamente, e com o fato de que tivemos segunda onda muito intensa com um v�rus que tamb�m apresentava muitas muta��es (gama), isso em conjunto explica o impacto que a variante teve no Brasil quando comparado � Europa."
Em seguida, no entanto, ele alerta que a �micron apresenta uma "constela��o de muta��es que vai muito al�m das existentes na gama ou na delta".
� por isso que cientistas buscam agora entender se as vacinas atualmente em uso s�o capazes de dar a mesma prote��o em rela��o � �micron.
Fonseca diz que essa resposta, por sua vez, ajudar� a entender o poss�vel impacto da variante no Brasil. Al�m desse fator, ele refor�a que os pesquisadores est�o atentos ao comportamento dessa variante em regi�es com maior cobertura vacinal do que o sul da �frica, como alguns pa�ses da Europa, para buscar mais elementos para tentar prever impactos em territ�rio brasileiro.
Restri��es de viagem

Diversos pa�ses j� conseguiram detectar casos da variante, como Reino Unido, Alemanha, It�lia, Austr�lia, Rep�blica Tcheca, Israel, B�lgica, Honk Kong, Botsuana, al�m da �frica do Sul.
Na ter�a-feira (30/11), a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) e a Secretaria Estadual de Sa�de de S�o Paulo divulgaram que um casal, um homem de 41 anos e uma mulher de 37 anos, teve amostras analisadas e detectadas com a presen�a da variante no Brasil. Entretanto, ainda ser� realizada uma nova an�lise laboratorial "confirmat�ria".
O governo brasileiro havia anunciado, na noite de sexta-feira (26/11), o fechamento de voos vindos de seis pa�ses do sul da �frica.
EUA, Canad�, Uni�o Europeia e Reino Unido est�o entre os que anunciaram uma sequ�ncia de restri��es a viagens e voos vindos de locais em que j� h� casos confirmados de infec��o desse novo tipo de coronav�rus.
Depois do an�ncio dessas medidas, o presidente da �frica do Sul condenou as proibi��es de viagens decretadas contra seu pa�s e seus vizinhos devido � �micron.
Cyril Ramaphosa disse estar "profundamente desapontado" com as medidas, que ele descreveu como injustificadas, e pediu que as proibi��es fossem suspensas com urg�ncia.
A �micron foi classificada como uma "variante de preocupa��o" pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) e informou que evid�ncias preliminares sugerem que essa variante oferece um risco maior de reinfec��o de covid-19 do que suas antecessoras.
A m�dica sul-africana que primeiro identificou a nova variante �micron do coronav�rus, Angelique Coetzee, diz que os pacientes infectados at� o momento mostram "sintomas extremamente leves" mas mais tempo ainda � necess�rio para avaliar o efeito em pessoas vulner�veis.
Questionada se os pa�ses em que a variante foi identificada est�o em p�nico desnecessariamente, Coetzee diz que, neste momento, avalia que sim.
"Os casos j� devem estar circulando nos pa�ses sem serem notados. Ent�o, nesse momento, eu diria que com certeza [o p�nico � desnecess�rio]. Em duas semanas, talvez nossa avalia��o mude."
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