O governo federal anunciou na quarta-feira (5/1) a vacina��o de crian�as entre 5 e 11 anos, que deve come�ar na terceira semana de janeiro.
A expectativa � que o primeiro lote de doses chegue ao pa�s em 13 de janeiro e que sejam enviadas para a aplica��o nos munic�pios a partir do dia seguinte.
Foram compradas 20 milh�es de doses da farmac�utica Pfizer, �nica aprovada at� o momento para essa faixa et�ria no pa�s.
Elas ser�o entregues ao longo do primeiro trimestre, sendo que 3,74 milh�es chegar�o ao Brasil ainda em janeiro, segundo o minist�rio.
O governo disse que haver� uma prioridade para crian�as com comorbidades e com defici�ncia, e sugeriu a aplica��o em uma ordem de idade das mais velhas para as mais novas.
A vers�o pedi�trica da vacina da Pfizer foi aprovada pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) em 16 de dezembro.
O ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, esclareceu que seriam necess�rias em tese 40 milh�es de doses para completar o regime de imuniza��o de duas doses, porque h� 20 milh�es de crian�as nesta faixa et�ria no Brasil.
No entanto, segundo o ministro, a Pfizer s� conseguiria enviar ao Brasil 20 milh�es de doses em um primeiro momento.
Al�m disso, "n�o sabemos ainda qual ser� a taxa de ades�o dos pais,e os novos pedidos depender�o disso e da capacidade da ind�stria de entregar [os imunizantes]", disse Queiroga.
Outras 20 milh�es de doses est�o reservadas para o segundo trimestre, e os pedidos ser�o feitos conforme a vacina��o avan�ar, informou Queiroga.
"N�o faltar� vacina para nenhum pai que queira vacinar seus filhos", disse o ministro.

A composi��o da dose pedi�trica � equivalente a um ter�o da dose aplicada em adultos.
Embora a bula do imunizante preveja a aplica��o da segunda dose 21 dias depois da primeira, a Minist�rio da Sa�de instituiu um intervalo de oito semanas.
De acordo com o governo federal, Reino Unido, Canad�, Espanha, Austr�lia e Portugal adotam um intervalo igual ao do Brasil, enquanto Fran�a, Israel, Chile e Estados Unidos seguem a bula.
A secret�ria extraordin�ria de enfrentamento � covid-19, Rosana leite de Melo, explicou que a decis�o de mudar o regime de imuniza��o.
"Estudos mostram que, com um intervalo maior de tr�s semanas, h� uma maior produ��o de anticorpos neutralizantes, e n�o estamos em um cen�rio epidemiol�gico de necessidade premente de completar o esquema vacinal prim�rio", disse Melo, em refer�ncia � queda do n�mero de casos e mortes registrados na popula��o em geral e nesta faixa-et�ria nos �ltimos meses.
A secret�ria afirmou ainda que o regime vacinal adotado reduz o risco de que as crian�as desenvolvam uma miocardite, uma inflama��o de uma membrana do cora��o que � um efeito adverso raro em crian�as.
"� raro, mas queremos que o risco seja o menor poss�vel", disse ela.
Diferentemente do que foi anunciado anteriormente, n�o ser� exigido um pedido m�dico para a vacina��o, embora tenha sido refor�ado no an�ncio a import�ncia de uma consulta pr�via a um m�dico.
"� imprescind�vel", opinou a secret�ria. "A crian�a est� em pleno desenvolvimento. Temos alguns efeitos adversos e, embora sejam raros, nesse p�blico o cuidado deve ser maior."
Melo esclareceu ainda que ser� necess�ria a presen�a dos pais ou de um respons�vel da crian�a no ato da vacina��o.
Em casos em que isso n�o for poss�vel, ser� exigida uma autoriza��o dos respons�veis.
"� para a seguran�a da crian�a", afirmou a secret�ria.
Queiroga refor�ou que as vacinas s�o seguras: "Houve mais de 8 milh�es de doses aplicadas nos Estados Unidos sem que tenha sido feito nenhum alerta".
Consulta p�blica

Ao menos 39 pa�ses j� autorizaram ou j� iniciaram o uso de vacinas contra covid-19 em crian�as, sendo que a grande maioria aplica ou aplicar� o imunizante da mesma fabricante.
No entanto, Queiroga disse que esse hist�rico e o aval da Anvisa n�o eram suficientes e deu in�cio a um processo de consulta p�blica sobre o tema.
A medida foi in�dita. N�o houve consulta para a imuniza��o de outras faixas et�rias.
O ministro se justificou dizendo que a "pressa � inimiga da perfei��o" e, diante das cr�ticas de que a consulta seria uma pretexto para adiar o in�cio da imuniza��o infantil, defendeu na �poca que se tratava de um instrumento democr�tico.
Agora, reiterou que n�o houve um atraso intencional e destacou que as negocia��es com a Pfizer come�aram antes mesmo da aprova��o do imunizante pela Anvisa.
Queiroga disse ainda em dezembro que sua pasta instituiria a obrigatoriedade de haver uma prescri��o m�dica para a aplica��o do imunizante.
Mas, na ter�a-feira (4/1), foi divulgado que a maioria das quase 100 mil pessoas que responderam � consulta p�blica se opuseram � necessidade de receita m�dica.
Sociedades m�dicas e conselhos de secretarias de Sa�de tamb�m se manifestaram contra � exig�ncia, que n�o ocorrer� mais.
O ministro negou que tenha havido um recuo nesta quest�o. "Havia uma recomenda��o [de exig�ncia de prescri��o]. Faz parte do processo de decis�o. Se fosse para ter tomado a decis�o naquele momento, n�o ter�amos feito a consulta p�blica", disse.

As posi��es de Queiroga foram muito criticadas e vistas como um alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro.
O ministro disse, por�m, que n�o se importa com isso: "Cr�ticas fazem parte. Quem n�o quiser ser criticado n�o sente nesta cadeira".
Bolsonaro se manifestou contra a vacina��o infantil contra covid-19 em diversas ocasi�es - inclusive, afirmou que decidiu n�o imunizar� sua filha Laura, de 11 anos.
Ele tamb�m criticou a Anvisa por ter concedido a autoriza��o e disse que queria saber os nomes dos t�cnicos respons�veis pela decis�o, gerando uma forte rea��o de funcion�rios da ag�ncia.
Queiroga saiu em defesa de Bolsonaro e disse que o governo federal est� instituindo a vacina��o infantil.
"Bolsonaro � contra a vacina��o? Ele � a favor da liberdade dos pais de vacinar ou n�o seus filhos", declarou.
Entre os argumentos apresentados a favor da vacina��o infantil, est� o fato de que testes mostraram que o imunizante � eficaz e seguro.
Os especialistas tamb�m argumentam que, al�m de proteger as crian�as, isso contribui para o combate � pandemia ao dificultar a circula��o do v�rus - algo especialmente valioso diante do aumento de casos recente causado pela variante �micron.
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