(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Covid: 3 dados-chave que ainda n�o sabemos depois de 2 anos de pandemia

� medida em que especialistas aprendem mais sobre o coronav�rus, novas perguntas surgem sobre o tema.


11/01/2022 21:47 - atualizado 11/01/2022 22:03

Coronavírus
Dois anos ap�s o in�cio da pandemia, diversas quest�es sobre o v�rus Sars-Cov-2 permanecem sem resposta (foto: Getty)

"Quanto mais perguntas respondemos, mais perguntas novas surgem". A frase � de Seema Lakdawala, professora de microbiologia e gen�tica molecular da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos.

Lakdawala refere-se � intensa corrida empreendida por cientistas como ela para decifrar o Sars-Cov-2 desde dezembro de 2019, quando o v�rus come�ou a se espalhar.

Pouco mais de dois anos depois, os pesquisadores conseguiram grandes avan�os, que permitiram o desenvolvimento de vacinas e tratamentos para combater a covid-19.

Mas a especialista indica que ainda existem dados fundamentais que permanecem desconhecidos. Resolver esses mist�rios permitiria fortalecer a luta contra a pandemia.

Existem tr�s quest�es fundamentais sobre o Sars-Cov-2 que ainda n�o t�m resposta definitiva.

1. A origem exata do v�rus

A Ag�ncia de Seguran�a Sanit�ria do Reino Unido indica no seu site que "a fonte do surto original ainda n�o foi determinada".

Em fevereiro de 2021, uma equipe da OMS encarregada de pesquisar as origens da covid-19 viajou � China e concluiu que o v�rus provavelmente surgiu nos morcegos, mas que seria necess�rio realizar mais pesquisas a respeito.

Coronavírus
Transmiss�o de animais para seres humanos ou vazamento de laborat�rio? � poss�vel que nunca venhamos a saber ao certo qual foi a origem do v�rus Sars-Cov-2 (foto: Getty)

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que as pesquisas enfrentaram obst�culos causados pela falta de dados e transpar�ncia da China.

Uma das conclus�es da investiga��o da OMS foi que � "extremamente improv�vel" que o v�rus tenha chegado aos seres humanos devido a um incidente em laborat�rio.

Mas Adhanom ressaltou em seguida que essa conclus�o era "prematura" e, em um editorial publicado em outubro pela revista Science, ele afirmou que "n�o se pode descartar um acidente de laborat�rio at� que haja evid�ncias suficientes".

Naquele mesmo m�s, a OMS nomeou uma equipe de especialistas para o seu Grupo Consultivo Cient�fico sobre a Origem de Novos Pat�genos (Sago, na sigla em ingl�s), cuja miss�o � investigar se o v�rus passou de animais para os seres humanos nos mercados de Wuhan ou se escapou em um acidente de laborat�rio.

O grupo teve sua primeira reuni�o em novembro de 2021. Adhanom explicou que as descobertas de grupos como o Sago podem ser �teis para desenvolver pol�ticas destinadas a reduzir a possibilidade de que v�rus de animais infectem seres humanos.

No final de outubro de 2021, as ag�ncias de intelig�ncia dos Estados Unidos publicaram um relat�rio que afirma ser poss�vel que a origem do v�rus Sars-Cov-2 nunca venha a ser identificada.

Tedros Adhanom Ghebreyesus
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS, determinou a cria��o de um grupo consultivo para descobrir a origem do Sars-Cov-2 (foto: Getty)

O documento descarta que o v�rus tenha sido criado como arma biol�gica e conclui que as hip�teses mais plaus�veis s�o a transmiss�o dos animais para os seres humanos e uma fuga de laborat�rio. Mas o relat�rio adverte que n�o se chegou a nenhuma conclus�o definitiva.

A China negou categoricamente a teoria de que o v�rus teria escapado em um acidente de laborat�rio.

Em um artigo publicado em novembro de 2021 no portal da internet Stat News, o professor de microbiologia e imunologia da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, John P. Moore afirma que "talvez nunca saibamos a origem da covid-19".

Moore acrescenta que surgiram outras teorias "mais extravagantes" que podem ser descartadas e que hoje o debate se concentra na transmiss�o natural do v�rus e na fuga de um laborat�rio.

2. A dose infecciosa do v�rus

Dose infecciosa � a quantidade de v�rus necess�ria para que ocorra uma infec��o.

No caso do Sars-CoV-2, essa dose n�o � conhecida - ou seja, n�o est� claro qual a quantidade de part�culas de v�rus inaladas por uma pessoa que � suficiente para o cont�gio.

"A dose infecciosa de Sars-CoV-2 necess�ria para transmitir a infec��o n�o foi determinada", segundo indicam os Centros de Controle e Preven��o de Doen�as (CDC, na sigla em ingl�s) dos Estados Unidos.

Os CDC tamb�m afirmam que estudos em animais e pesquisas epidemiol�gicas demonstram que inalar o v�rus pode causar a infec��o, mas a contribui��o da inala��o do v�rus ou seu contato com membranas mucosas (como os olhos) "permanece sem quantifica��o e dificilmente ser� determinada".

"A dose infecciosa de Sars-CoV-2 em seres humanos � muito dif�cil de ser medida sem infectar seres humanos experimentalmente", segundo declarou � BBC News Mundo, o servi�o em espanhol da BBC, Seema Lakdawala, que � especialista em v�rus respirat�rios com potencial pand�mico.

Com alguns v�rus como os da influenza, por exemplo, basta que a pessoa se exponha a 10 part�culas de v�rus para ser infectada. J� para outros v�rus, como o Mers, � preciso ter milhares de part�culas para causar o cont�gio.

No caso do Sars-CoV-2, essa quantidade � desconhecida. Lakdawala explica que o conhecimento mais pr�ximo prov�m do v�rus 229e, um tipo de coronav�rus que causa um resfriado comum e possui dose infecciosa similar � da influenza. "Mas n�o est� claro se o mesmo ocorre com o Sars-CoV-2", ressalta a especialista.

"No caso da variante �micron, n�o est� claro se ela � mais infecciosa porque s�o necess�rias menos part�culas para a infec��o. N�o sabemos se s�o necess�rias 100, mil ou 10 mil part�culas para o cont�gio", afirma ela.

Claramente, a covid-19 � muito contagiosa, mas isso tanto pode ocorrer porque s�o necess�rias poucas part�culas para a infec��o (a dose infecciosa � baixa) ou porque as pessoas infectadas liberam grandes quantidades de v�rus ao seu redor, segundo Lakdawala.

Homem espirrando
A quantidade de v�rus necess�ria para o cont�gio de uma pessoa � um dado importante, mas de dif�cil determina��o (foto: Getty)

Atualmente, grande parte das informa��es sobre o potencial infeccioso de uma pessoa e as medidas de isolamento � baseada em quanto tempo a pessoa continua liberando o v�rus.

Por isso, Lakdawala explica que saber mais sobre a dose infecciosa do v�rus poderia servir para avaliar melhor os riscos em espa�os como escolas ou restaurantes, conforme o tempo que as pessoas passam em determinados lugares.

"Neste momento, estamos apenas sendo cautelosos e tratando de evitar a transmiss�o, mas saber a quantidade de v�rus necess�ria poderia ajudar a melhorar algumas medidas", segundo ela. E conclui que, embora n�o se conhe�a a dose infecciosa, "com as vacinas, a quantidade de v�rus necess�ria para a infec��o provavelmente � mais alta".

"Com a vacina, voc� precisa respirar mais v�rus para iniciar a infec��o", segundo Lakdawala.

Atualmente, est�o em desenvolvimento diversos estudos em que os volunt�rios s�o expostos a diferentes doses do v�rus em ambientes controlados. Espera-se que esses estudos forne�am mais informa��es sobre a dose infecciosa.

3. O n�vel de anticorpos necess�rio para evitar a infec��o

Atualmente, n�o se sabe qual quantidade de anticorpos deve ter uma pessoa para ser considerada protegida contra a covid-19.

Essa quantidade � conhecida como "correlato de prote��o", pois � um indicador de que o corpo humano est� protegido contra a enfermidade ou a infec��o. Diversos especialistas concordam que essa quantidade de anticorpos necess�ria para que algu�m seja considerado protegido � um dado fundamental na luta contra a covid-19.

"O correlato de prote��o para as vacinas contra o Sars-Cov-2 � uma necessidade urgente", segundo Florian Krammer, professor do Departamento de Microbiologia da Escola de Medicina Icahn do Hospital Monte Sinai, em Nova York, nos Estados Unidos.

Em seu artigo publicado pela revista Science em julho de 2021, Krammer explica a import�ncia de determinar o n�vel de anticorpos correspondente ao correlato de prote��o, ou seja, identificar a quantidade m�nima de anticorpos que oferece prote��o.

Jovem sendo vacinado
As vacinas mant�m a prote��o contra casos graves de covid-19 (foto: Getty)

Um motivo � a possibilidade de acelerar a aprova��o de novas vacinas com base na leitura do n�vel de imunidade oferecido, sem necessidade de longos testes de fase 3, segundo ele.

Krammer explica ainda que conhecer o correlato de prote��o tamb�m permitiria a vacina��o mais eficiente de pessoas imunodeprimidas, por exemplo, aplicando doses de refor�o quando se observar que n�o foi gerada quantidade suficiente de anticorpos.

O especialista tamb�m destaca que o correlato de prote��o poderia ser um indicador a ser utilizado pelas autoridades sanit�rias para determinar qual porcentagem da sua popula��o est� protegida.

Ele adverte que � pouco prov�vel que se chegue a identificar um correlato que possa ser aplicado a todas as vacinas, variantes e popula��es - mas que, mesmo assim, seria "extremamente �til" na luta contra a covid-19.

Anticorpos
Os anticorpos, em forma de Y, atacam o v�rus quando entra no corpo (foto: Getty)

No caso da variante �micron, por exemplo, as vacinas geram menos anticorpos neutralizadores do v�rus, segundo Lakdawala, "mas isso n�o significa que n�o estejamos protegidos", esclarece ela. "Os dados demonstram de forma consistente que as vacinas previnem os casos graves de enfermidade em compara��o com os n�o vacinados".

A especialista acrescenta que o surgimento de novas variantes pode fazer com que os dados de dose infecciosa e correlato de prote��o sejam alterados.

"Cada vez que o v�rus � transmitido, ele pode sofrer muta��es - e cada muta��o pode alterar essas vari�veis, de forma que � preciso evitar a transmiss�o", afirma Lakdawala.

Para isso, enquanto os pesquisadores tentam responder estas e outras quest�es, recomenda-se continuar a manter as medidas de "bom senso": usar m�scaras, vacinar-se e manter dist�ncia das pessoas


Sabia que a BBC est� tamb�m no Telegram? Inscreva-se no canal.

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)