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Estado de Minas JAP�O

Sistema devolve celulares, carteiras e at� dinheiro perdidos aos donos

Mas esse processo n�o seria poss�vel sem a ajuda da popula��o, o Jap�o tem uma lei de mais de mil anos sobre achados e perdidos


23/02/2022 23:22 - atualizado 23/02/2022 23:22

Dois policiais japoneses conversam com um cidadão
Itens perdidos s�o entregues � pol�cia e devolvidos a seus donos (foto: BBC)
Todos os anos, milh�es de pertences pessoais s�o perdidos no Jap�o.

Mas, ao contr�rio do que acontece em outros pa�ses, se voc� perder qualquer objeto por ali, como um telefone celular ou carteira, provavelmente vai recuper�-lo.

 

Os pertences perdidos no pa�s s�o armazenados no centro de achados e perdidos de Lidabashi, em T�quio. Em 2019, um n�mero recorde de 4,15 milh�es de itens perdidos foram entregues de volta aos donos nesse local.

 

Atualmente, o centro armazena mais de 600 mil objetos.

 

Como explica Yukiko Igarashi, chefe do centro, cerca de 7,7 mil itens perdidos s�o recebidos no local diariamente.


Pessoa segura um celular na mão
Telefones celulares s�o os itens com maior taxa de recupera��o (foto: BBC)

 

"T�quio tem 20% de todos os itens perdidos no Jap�o", diz ela. "E o item que tem maior �ndice de recupera��o � o celular".

 

Cerca de 90% dos celulares perdidos s�o devolvidos aos seus donos. O segundo item mais recuperado s�o as carteiras, diz Igarashi. Quase 70% delas s�o devolvidas aos seus propriet�rios.

 

"Outra coisa muito comum que as pessoas costumam perder s�o documentos oficiais", diz ela, "como carteiras de motorista, cart�es de plano de sa�de, cart�es de cr�dito ou cart�es de desconto de lojas".

 

A maioria dos itens perdidos � geralmente devolvida no mesmo dia em que s�o perdidos.

 

Mas alguns objetos raramente retornam a seus donos.

 

"A taxa de recupera��o mais baixa � para guarda-chuvas, com menos de 1%. Voc� pode substituir facilmente um guarda-chuva de pl�stico barato, ent�o as pessoas geralmente n�o os procuram", diz Igarashi.


Sacolas com objetos em centro de Achados e Perdidos
O �ndice de devolu��o de celulares � de 90% (foto: BBC)

Caso de Pol�cia

Mas qual � o segredo do sucesso do sistema de achados e perdidos do Jap�o?

"Basicamente, todos os pertences perdidos s�o entregues ao 'Koban', a delegacia de pol�cia local", diz Igarashi.

 

"Os deveres do policial no Koban incluem patrulhar a �rea, aceitar objetos perdidos e arquivar relat�rios de objetos perdidos", explica o policial Wada, do Sukiyabashi Koban, em T�quio.

 

Outras fun��es dos agentes de seguran�a p�blica s�o cuidar de pessoas perdidas ou b�badas, ouvir cidad�os sobre quest�es que possam causar problemas e lidar com acidentes de tr�nsito ou com criminosos.


Objetos perdidos no Japão
(foto: BBC)

 

Os policiais passam uma imagem diferente da pol�cia no restante do mundo.

A abordagem baseada nas necessidades da comunidade e a onipresen�a do Koban facilitam a entrega e comunica��o sobre um item perdido.

 

"Em m�dia, recebemos sete itens perdidos por dia neste Sukiyabashi Koban", diz Wada.

Prazos e leil�es

Mas o que acontece se ningu�m reivindicar os itens perdidos?

 

"Se o dono n�o aparecer depois de um certo tempo (no Koban), o item ser� transferido para o Centro (de Achados e Perdidos)", explica Yukiko Igarashi.

 

Caso ningu�m apare�a para reivindic�-lo ap�s tr�s meses, a pessoa que o devolveu poder� ficar com o objeto. Se ela preferir abrir m�o do item, ele ser� transferido para posse da cidade, que poder� leilo�-lo.

 

"O item mais memor�vel que j� recebi foi um envelope contendo US$ 8,8 mil (R$ 45 mil em valores atuais) em dinheiro", diz o agente Wada. "Fiquei surpreso!"


Yukiko Igarashi
Yukiko Igarashi � a chefe do Centro de Achados e Perdidos em Lidabashi, T�quio (foto: BBC)

 

Igarashi explica que n�o � incomum ver grandes somas de dinheiro como a que o policial recebeu.

 

"Para mim, os objetos mais memor�veis foram uma dentadura e muletas. Me pergunto como o dono poderia voltar para casa sem eles?", diz ela. "H� tantos itens raros que se perdem!"

 

O sistema eficiente facilita a devolu��o de itens perdidos. Mas esse processo n�o seria poss�vel sem a ajuda da popula��o.

 

"Por mais de mil anos, o Jap�o teve uma lei sobre objetos perdidos", explica Igarashi. "Pessoalmente, acredito que a educa��o moral do Jap�o desempenhou um papel importante na forma��o de nossa atitude em rela��o a itens perdidos."

 

Ainda hoje, as crian�as s�o ensinadas a devolver itens perdidos. "Muitas vezes voc� v� crian�as entregando itens perdidos no Koban com seus pais", diz Igarashi, "mesmo que seja apenas uma moeda de 100 ienes (R$ 4,50)".

 

O professor Masahiro Tamura, da Universidade Kyoto Sangyo, acredita que a primeira vez que a maioria das pessoas interage com a pol�cia em suas vidas � quando v�o entregar bens perdidos aos Koban.

 

"Isso cria uma rela��o pr�xima entre os agentes e o cidad�o comum", diz.

O conceito japon�s de "hitono-me", que significa "olho da sociedade", � uma parte importante do processo.

 

"Nossa moralidade interna muitas vezes nos ajuda a modificar nosso comportamento", diz Tamura, "mas o mesmo acontece com 'o olho da sociedade'".

 

A cultura impede que as pessoas fa�am coisas erradas, mesmo sem a presen�a da pol�cia.

 

"Os japoneses se preocupam muito com a forma como as outras pessoas veem seu comportamento, ent�o sua atitude em rela��o a objetos perdidos est� ligada � sua imagem na sociedade", diz Tamura.

 

A disciplina moral � mantida mesmo quando ocorrem desastres naturais.

"Muitas vezes, quando os desastres acontecem no Jap�o, o crime n�o aumenta", diz Tamura. "A �nica exce��o foi durante o desastre de Fukushima, quando tivemos casos de crimes."

 

"Ent�o, acredito que o poder dos olhos das pessoas sobre n�s � muito maior do que o poder da autoridade p�blica", acrescenta.

 

A pandemia reduziu o n�mero de objetos perdidos no Jap�o. Ainda assim, o centro recebeu 2,8 milh�es de itens.

 

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