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Estado de Minas CONFLITO ARMADO

R�ssia invade Ucr�nia: 10 quest�es para entender a crise

O que voc� precisa saber sobre as disputas pol�ticas e a invas�o russa da Ucr�nia: das demandas russas �s inten��es dos EUA e seus aliados.


26/02/2022 09:18 - atualizado 26/02/2022 10:00


Prédio de Kiev destruído
Pr�dios de Kiev foram destru�dos por ataques da R�ssia (foto: EPA)

A Ucr�nia foi invadida no dia 24 de fevereiro por comboios russos chegando de todas as dire��es. Desde ent�o, h� relatos de ataques � infraestrutura militar ucraniana em todo o pa�s.

Ap�s meses negando qualquer inten��o de atacar seu vizinho, o presidente Vladimir Putin ordenou o ataque militar em larga escala e adentrou as fronteiras ucranianas por terra, mar e ar.

� medida em que o n�mero de mortos aumenta, Putin � acusado de colocar em risco a paz no continente europeu.

A seguir, a BBC News Brasil reuniu os principais t�picos necess�rios para entender o conflito e as perguntas que ainda precisam ser respondidas nos pr�ximos dias.

1. Quais as justificativas da R�ssia para invadir a Ucr�nia?

Vladimir Putin anunciou uma "opera��o militar" na regi�o de Donbas, no leste da Ucr�nia, em um pronunciamento televisionado na manh� do dia 24 de fevereiro.

O presidente russo disse que estava intervindo como um ato de leg�tima defesa. Segundo ele, a R�ssia n�o queria ocupar a Ucr�nia, mas sim proteger a popula��o local de um genoc�dio e desmilitarizar e "desnazificar" o pa�s.

Putin afirma com frequ�ncia que a Ucr�nia est� sendo tomada por extremistas desde que seu presidente pr�-R�ssia, Viktor Yanukovych, foi deposto em 2014 ap�s meses de protestos contra seu governo.

Ap�s a queda do chefe de Estado ucraniano, a R�ssia invadiu e anexou a regi�o da Crimeia, no leste do pa�s. A movimenta��o desencadeou uma rebeli�o separatista nas regi�es de Donetsk e Luhansk, onde os rebeldes apoiados por Moscou lutam desde ent�o, em uma guerra que j� custou 14.000 vidas.

No final do ano passado, Putin passou a enviar tropas para as regi�es de fronteira com a Ucr�nia e no dia 21 de fevereiro — tr�s dias antes da invas�o — reconheceu a independ�ncia das duas regi�es separatistas.

O l�der russo ainda afirmou que os acordos de Minsk, acordados em 2014 e 2015 entre Ucr�nia e R�ssia para estabelecer um cessar-fogo, j� n�o estava mais v�lido.

Para al�m das acusa��es de extremismo, Putin h� muito resiste ao movimento da Ucr�nia de aproxima��o com institui��es controladas pelos americanos e europeus, como a Uni�o Europeia e a Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte (Otan).

Ele exige garantias que a Ucr�nia se desmilitarize e se torne um Estado neutro e, ao anunciar a invas�o da R�ssia, acusou a Otan de amea�ar "nosso futuro hist�rico como na��o".

Putin quer ainda que a Otan abandone totalmente sua presen�a militar no leste europeu, que inclui tamb�m exerc�cios militares regulares na Litu�nia, Let�nia e Est�nia. Esses ex-estados sovi�ticos passaram a fazer parte da alian�a militar comandada pelos Estados Unidos e Europa, ampliando ainda mais os temores de Moscou de perder o controla sobre a regi�o.


Poderio militar
(foto: BBC)

2. Por que a invas�o ocorreu agora?

� dif�cil saber exatamente qual a estrat�gia do governo russo nesse momento. Mas a resposta para entender por que Putin escolheu agir agora pode passar pelo equil�brio de poder.

Enquanto se aproxima cada vez mais da Otan e da Uni�o Europeia, a Ucr�nia vem se fortalecendo lentamente e conseguiu reconstruir seu ex�rcito desde a anexa��o da Crimeia em 2014.

O conflito h� oito anos e as lutas separatistas desde ent�o tamb�m serviram como uma valiosa experi�ncia no combate contra as for�as russas.

Ao mesmo tempo, as For�as Armadas russas tamb�m se encontram em sua melhor forma desde a Guerra Fria.

As finan�as p�blicas de Moscou est�o equilibradas, com as reservas do Banco Central atingindo 640 bilh�es de d�lares, segundo a revista Forbes. O total � um recorde para o pa�s e equivale a 17 meses de receita integrais obtidas com as exporta��es nacionais.

Dessa forma, � poss�vel que Putin acredite que este � o melhor momento para agir do ponto de vista militar. O l�der russo tamb�m parece acreditar que tem condi��es de arcar com os custos do conflito e das inevit�veis %u200B%u200Bsan��es.


mapa com relatos de explosões em cidades ucranianas
(foto: BBC)

3. O que a Ucr�nia diz sobre o ataque?

Desde que a R�ssia deslocou suas primeiras tropas para a fronteira com a Ucr�nia, o governo do presidente Volodymyr Zelensky tem protestado contra os avan�os e pedido apoio da Otan e outros aliados.

Pouco antes do an�ncio de Putin sobre a invas�o, o l�der ucraniano foi enf�tico ao afirmar que um ataque ao seu territ�rio poderia "marcar o in�cio de uma grande guerra no continente europeu".

Zelenski disse que tentou entrar em contato com Putin, mas o l�der russo se recusou a atend�-lo. O ucraniano rejeitou as alega��es do Kremlin de que seu pa�s est� tomado por extremistas ou representaria alguma amea�a � R�ssia, e disse que uma poss�vel invas�o iria custar milhares de vidas.

"Voc� diz que somos nazistas, mas como um povo pode apoiar os nazistas sendo que demos mais de oito milh�es de vidas pela vit�ria sobre o nazismo?", questionou Zelensky em um discurso televisionado, fazendo refer�ncia �s disputas da Segunda Guerra Mundial.

Quando o ataque se tornou uma realidade incontest�vel, a Ucr�nia decretou lei marcial — o que significa que os militares assumem o controle temporariamente — e cortou rela��es diplom�ticas com a R�ssia.

O presidente Zelensky instou os russos a protestar contra a invas�o e disse que armas seriam distribu�das a qualquer pessoa na Ucr�nia que desejasse.

Com o avan�o de for�as russas na dire��o da capital Kiev, autoridades locais pediram � popula��o que fa�a todo o poss�vel para resistir �s tropas invasoras.

Os minist�rios da Defesa e do Interior passaram a pedir a moradores de Kiev que "nos informem sobre movimentos de tropas, fa�am coquet�is molotov e neutralizem o inimigo".

Um folheto com instru��es, passo a passo, sobre como produzir bombas de gasolina improvisadas foi publicado na conta do Minist�rio do Interior nas redes sociais.

Enquanto isso, o ministro das Rela��es Exteriores, Dmytro Kuleba, implorou ao mundo que imponha san��es devastadoras � R�ssia, incluindo excluir o pa�s do sistema internacional de transfer�ncia banc�ria Swift.


Vladimir Putin
Putin quer que a Otan interrompa sua expans�o e retorne ao tamanho que tinha em 1997 (foto: MIKHAIL KLIMENTYEV/Getty Images)

4. Quais os interesses russos nas Prov�ncias separatistas?

O decreto de reconhecimento da independ�ncia de Donetsk e Luhansk permite que a R�ssia construa bases militares e envie tropas russas em "miss�es de paz" para as duas regi�es. Os l�deres dessas separatistas solicitaram apoio militar russo depois do reconhecimento de sua independ�ncia.

Tecnicamente, os militares russos agora t�m sinal verde para entrar na �rea disputada, que al�m de ser historicamente ligada a Moscou por la�os culturais e pol�ticos, tamb�m representa um ganho do ponto de vista econ�mico e estrat�gico para R�ssia.

Ambas as prov�ncias est�o localizadas no chamado "cintur�o da ferrugem" da Ucr�nia, uma �rea rica em minerais, principalmente a�o. Donetsk e Luhansk tamb�m fazem parte de uma regi�o conhecida como bacia de Donbass, na fronteira com a R�ssia, que abriga vastas reservas de carv�o.

Devido � sua localiza��o geogr�fica, a �rea ainda constitui uma via natural de acesso � Crimeia, pen�nsula anexada pelo Kremlin em 2014.

Grande parte da popula��o da regi�o fala russo, fato que � um dos principais argumentos do Kremlin para justificar seu apoio aos insurgentes da regi�o.


Areas rebeldes
(foto: BBC)

5. H� risco de uma 3ª Guerra Mundial?

A resposta para essa pergunta �: n�o. Por pior que seja a situa��o entre R�ssia e Ucr�nia neste momento, n�o se imagina um confronto militar direto entre a Otan e a R�ssia.

Ao que parece at� o momento, a linha vermelha para a Otan � se a R�ssia amea�ar algum de seus Estados membros.

De acordo com o Artigo 5o da organiza��o, a alian�a militar � obrigada a defender qualquer Estado membro que seja atacado.

A Ucr�nia n�o � membro da Otan, embora tenha dito que quer se juntar � alian�a militar — algo que Putin est� determinado a impedir.

Pa�ses do Leste Europeu como Est�nia, Let�nia, Litu�nia ou Pol�nia — que j� fizeram parte da �rbita de Moscou nos tempos sovi�ticos — s�o todos membros da Otan.

Esses governos est�o claramente temerosos de que as for�as russas possam n�o parar na Ucr�nia e usar algum pretexto de "ajudar" minorias �tnicas russas no B�ltico para continuar invadindo outros pa�ses.

Por isso, a Otan recentemente enviou refor�os a seus membros do Leste Europeu.

Mas qu�o preocupado voc� deve estar? Segundo especialistas que estudam o tema, enquanto n�o houver conflito direto entre a R�ssia e a Otan, n�o h� raz�o para que essa crise, por pior que seja, vire uma guerra mundial em grande escala.

"Putin n�o est� prestes a atacar a Otan. Ele s� quer transformar a Ucr�nia em um Estado vassalo como Belarus", disse uma importante fonte militar brit�nica na ter�a-feira (22/2) � BBC.

6. Quais as chances do conflito se transformar em disputa nuclear?

A R�ssia e os EUA t�m, entre eles, mais de 8 mil ogivas nucleares, o que desperta temores em todo o mundo de um conflito violento.

A apreens�o em torno dessa quest�o se tornou ainda maior depois que Moscou organizou um exerc�cio militar com armas nucleares na �ltima semana e as for�as armadas russas avan�aram contra a planta nuclear desativada de Chernobyl, pr�ximo � cidade fantasma de Pripyat, nesta quinta-feira.

"� imposs�vel dizer que a usina nuclear de Chernobyl esteja segura ap�s um ataque completamente sem sentido dos russos", disse o conselheiro do gabinete presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak

Mas segundo especialistas em seguran�a e pol�tica nuclear, n�o h� motivos para p�nico no momento. Como j� dito anteriormente, o conflito atual n�o deve escalar para uma guerra envolvendo outras pot�ncias t�o facilmente, e a Ucr�nia n�o possui um arsenal nuclear pr�prio.

"Putin disse que qualquer interfer�ncia externa no conflito, ou qualquer a��o contra a R�ssia, gerariam uma resposta forte. Nas entrelinhas, h� uma amea�a nuclear", diz Alexander Lanoszka, professor de Rela��es Internacionais da Universidade de Waterloo e especialista em seguran�a nuclear.

"Mas h� um interesse comum de todas as partes de restringir esse conflito � Ucr�nia, ent�o eu ficaria muito surpreso se armas nucleares fossem usadas neste momento".

Segundo o especialista, as armas nucleares est�o sendo usadas pela R�ssia neste contexto apenas como amea�as para barrar qualquer inten��o dos Estados Unidos ou outra pot�ncia de interferir no confronto.

A R�ssia, assim como outros pa�ses que t�m apoiado a Ucr�nia como os EUA, o Reino Unido, e a Fran�a, assinaram no in�cio deste ano um tratado em que se comprometem na preven��o de uma guerra nuclear e contra a corrida armamentista. Essas na��es tamb�m s�o signat�rias do Tratado de n�o prolifera��o de armas nucleares (TNP), v�lido desde 1970.


O presidente Volodymyr Zelensky com soldados ucranianos
O presidente Zelensky, que tem visitado suas tropas, pede sa��es imediatas contra a R�ssia (foto: EPA)

7. O que a popula��o russa pensa sobre a invas�o?

A invas�o � recente e � dif�cil saber exatamente como a popula��o russa enxerga os �ltimos acontecimentos na Ucr�nia.

Mas desde que a tens�o come�ou a escalar na regi�o, a popularidade de Vladimir Putin cresceu na R�ssia. Levantamento do centro independente Levada Center mostra que atualmente cerca de 69% dos russos aprovam o governo do presidente, contra 61% em agosto de 2021.

E se 29% dos russos desaprovam o governo de Putin hoje, 37% o reprovavam h� cerca de seis meses.

Uma outra pesquisa divulgada tamb�m pelo Levada Center na �ltima ter�a-feira (22/02) mostrou ainda que 45% dos russos apoiam a decis�o do presidente de reconhecer a independ�ncia das Prov�ncias de Donetsk e Luhansk.

Nas redes de televis�o e jornais estatais, controlados pelo Kremlin, a invas�o tamb�m � retratada com tons positivos.

J� entre ativistas e jornalistas independentes se multiplicam as express�es de rejei��o e revolta. Uma peti��o organizada pela rep�rter Elena Chernenko, do jornal local Kommersant, reuniu assinaturas de 100 outros jornalistas que condenam a opera��o militar russa.

Mais de 140 deputados e funcion�rios municipais de Moscou, S�o Petersburgo, Samara, Ryazan e outras cidades assinaram uma carta aberta aos cidad�os russo, exortando-os a n�o apoiar de nenhuma forma a invas�o e se pronunciarem ativamente para condenar os atos de Putin.

Celebridades, organiza��es em prol dos direitos humanos e da democracia e ativistas contr�rios ao atual governo tamb�m se mostraram insatisfeitos com os �ltimos acontecimentos e usaram as redes sociais para protestar.

Nas ruas de Moscou, capital da R�ssia, rep�rteres do servi�o russo da BBC ouviram relatos de jovens que descrevem seus sentimentos atuais com termos como choque, horror e perplexidade. Mas h� uma divis�o de opini�es sobre se as a��es do presidente Vladimir Putin devem ser condenadas ou aplaudidas.

Diversas cidades da R�ssia tamb�m foram palco de protestos contra a invas�o nesta quinta-feira. A pol�cia russa reprimiu as manifesta��es e dezenas de ativistas foram detidos.


Mapa
(foto: BBC)

8. Que pa�ses condenaram e que pa�ses apoiaram a R�ssia?

A invas�o russa provocou rea��es fortes na Europa e nos Estados Unidos — com a interrup��o de negocia��es diplom�ticas e o an�ncio de diversas san��es.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que Putin "escolheu uma guerra premeditada que trar� uma perda catastr�fica de vidas e sofrimento humano".

Em um pronunciamento no primeiro dia da invas�o, o americano ainda anunciou novas san��es contra a R�ssia que atingem as transa��es do governo russo em moedas estrangeiras e bloqueiam os ativos dos quatro grandes bancos russos.

Biden tamb�m reiterou que as for�as dos EUA "n�o est�o e n�o estar�o" envolvidas no conflito entre R�ssia e Ucr�nia.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou estar "chocado com os eventos horr�veis na Ucr�nia" e que Putin "escolheu um caminho de derramamento de sangue e destrui��o ao lan�ar este ataque sem provoca��o".

Johnson anunciou ainda as san��es que o Reino Unido aplicar� � R�ssia, entre elas o congelamento de ativos de indiv�duos e de bancos russos e a exclus�o destas institui��es do sistema financeiro brit�nico, veto a financiamentos ou empr�stimos a empresas russas, proibi��o de que a companhia a�rea Aeroflot pouse no Reino Unido, suspens�o das licen�as de exporta��o de itens que podem ser usados para fins militares, de alta tecnologia e de refinamento de petr�leo, al�m de outras medidas.

O secret�rio-geral da Otan, Jens Stoltenberg, condenou o "ataque irrespons�vel" da R�ssia, dizendo que "coloca em risco in�meras vidas de civis".

Jessica Parker, correspondente de pol�tica da BBC, informou que a Uni�o Europeia (UE) poderia, em repres�lia � R�ssia, suspender parte de seu acordo de facilita��o de vistos com o pa�s como parte de seu novo pacote de san��es.

A presidente da Comiss�o Europeia, Ursula von der Leyen, disse que R�ssia corre o risco de um "isolamento sem precedentes" por sua a��o militar na Ucr�nia. "Condenamos veementemente o ataque injustificado da R�ssia � Ucr�nia", disse.

Fran�a, Alemanha, It�lia, Pol�nia, Espanha e outras na��es europeias tamb�m condenaram a a��o. Jap�o e Austr�lia classificaram a a��o como uma viola��o das normas internacionais.

Mas apesar dos muitos posicionamentos contr�rios, a R�ssia possui aliados que manifestaram apoio direto e indireto � Moscou.

Os principais parceiros russos pertencem a um bloco chamado de Organiza��o do Tratado de Seguran�a Coletiva (OTSC), que al�m da pr�pria R�ssia inclui Arm�nia, Belarus, Cazaquist�o, Quirguist�o e Tajiquist�o.

Belarus concordou em receber milhares de soldados russos em seu territ�rio a partir de 2020, e essas tropas apoiaram a ofensiva contra a Ucr�nia na manh� desta quinta-feira, usando suas posi��es para fogo de artilharia.

Os governos da S�ria, Venezuela, Cuba, Nicar�gua e Ir� tamb�m se pronunciaram de forma favor�vel � R�ssia, fazendo coro �s acusa��es de Moscou contra a Otan.

A China, por sua vez, vem se aproximando cada vez mais da R�ssia, apesar de nunca ter apoiado diretamente uma incurs�o na Ucr�nia.

Em uma coletiva de imprensa nesta quinta, o ministro das Rela��es Exteriores chin�s, Wang Yi, evitou usar a palavra invas�o. O diplomata disse ainda que Pequim entende as preocupa��es de seguran�a da R�ssia.


Putin conversa com Biden em dezembro de 2021
Putin conversou algumas vezes com Joe Biden, sem chegar a um acordo (foto: Reuters)

9. Qual foi a rea��o do Brasil?

No Brasil, as respostas oficiais do Executivo � invas�o come�aram com manifesta��es do Minist�rio das Rela��es Exteriores (MRE) e do vice-presidente, Hamilton Mour�o. O presidente Jair Bolsonaro se limitou ate o momento a manifestar apoio aos brasileiros que est�o na regi�o. "Estou totalmente empenhado no esfor�o de proteger e auxiliar os brasileiros que est�o na Ucr�nia", escreveu em uma rede social.

O Itamaraty divulgou uma nota em que n�o condena explicitamente as a��es russas, mas afirma que o pa�s acompanha as opera��es militares na regi�o com "grave preocupa��o" e pede a "suspens�o imediata das hostilidades".

"O Brasil apela � suspens�o imediata das hostilidades e ao in�cio de negocia��es conducentes a uma solu��o diplom�tica para a quest�o, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os leg�timos interesses de seguran�a de todas as partes envolvidas e a prote��o da popula��o civil", diz um trecho da nota divulgada pelo MRE.

Al�m da nota divulgada pelo Itamaraty, a Embaixada do Brasil em Kiev divulgou orienta��es aos brasileiros que vivem no pa�s.

O vice-presidente, Hamilton Mour�o, por sua vez, usou um tom mais cr�tico ao comentar o assunto. Ele comparou as a��es russas na Ucr�nia �s a��es da Alemanha nazista comandada por Adolf Hitler entre os anos 1930 e 1940.

"Se o mundo ocidental pura e simplesmente deixar que a Ucr�nia caia por terra, o pr�ximo ser� a Bulg�ria, depois os Estados b�lticos, e assim sucessivamente, assim como a Alemanha hitlerista fez nos anos 30", disse Mour�o, segundo o jornal O Globo.

A rea��o comedida do Brasil condiz com a tradi��o da diplomacia nacional de tentar se manter sempre o mais neutra poss�vel. Apesar disso, segundo especialistas, o pa�s precisar� se posicionar agora que assumiu um assento n�o-permanente no Conselho de Seguran�a das Na��es Unidas no in�cio de janeiro.

"A tradi��o brasileira em casos como esse sempre foi de manter uma posi��o 'neutra', ent�o � de se esperar que o Brasil n�o se posicionaria de maneira clara apesar da atua��o russa obviamente representar uma viola��o do direito internacional e da soberania da Ucr�nia", diz o professor de Rela��es Internacionais da Funda��o Get�lio Vargas (FGV), Oliver Stuenkel "Por�m, como membro do Conselho de Seguran�a, o pa�s n�o pode ficar de fora do radar".

A primeira grande manifesta��o no Conselho aconteceu na noite desta sexta-feira (25/02), quando o Brasil apoiou uma resolu��o apresentada pelo governo dos EUA que condena a invas�o.

Apesar do documento ter sido rejeitado pela R�ssia, membro permanente do �rg�o com poder de veto, a iniciativa � considerada importante do ponto de vista diplom�tico.

O embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, disse que o Conselho de Seguran�a deve agir urgentemente diante da agress�o da R�ssia. "O enquadramento do uso da for�a contra a Ucr�nia como um ato de agress�o, precedente pouco utilizado neste Conselho, sinaliza ao mundo a gravidade da situa��o", afirmou.

Segundo o analista, a posi��o que o Brasil adotar nas pr�ximas semanas influenciar� muito mais sua percep��o pela comunidade internacional do que qualquer coment�rio feito pelo presidente Jair Bolsonaro durante sua visita a Moscou na semana passada.

Em pronunciamentos ap�s seu encontro com Vladimir Putin no Kremlin na �ltima ter�a-feira (16/02), Bolsonaro evitou mencionar a Ucr�nia, mas enfatizou o compromisso do Brasil e da R�ssia com a paz. Em outro momento, o presidente brasileiro ainda ressaltou a proximidade de valores cultivados pelas duas na��es.

As declara��es de Bolsonaro foram na contram�o de governos como o dos Estados Unidos e, segundo analistas, a pr�pria visita em um momento de tanta tens�o pode ter causado desconforto.

Na sexta-feira (18/2), a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, chegou a afirmar que o Brasil "parece estar do lado oposto � maioria da comunidade global" em rela��o ao conflito entre R�ssia e Ucr�nia.

10. Como o Brasil pode ser afetado?

Segundo especialistas consultados pela BBC News Brasil, os principais efeitos da crise na Ucr�nia ser�o sentidos na economia brasileira. Esse impacto pode chegar aqui na forma de um aumento na infla��o e na alta nos pre�os do petr�leo e seus derivados.

A R�ssia � atualmente um dos maiores produtores de petr�leo do mundo e o conflito militar e a imposi��o de san��es podem paralisar a produ��o e a exporta��o da commodity.

"Uma invas�o deve ser respondida com san��es mais graves do que as que j� est�o sendo aplicadas atualmente. Isso impacta diretamente na subido dos pre�os do petr�leo e, consequentemente, no aumento dos pre�os dos combust�veis no Brasil", afirmou o economista e ex-ministro da Fazenda, Ma�lson da N�brega, � BBC News Brasil.

Por sua vez, o aumento no pre�o do petr�leo impacta diretamente na infla��o mundial e, consequentemente, na brasileira, que j� vem sofrendo uma alta desde o ano passado.

Economistas apontam ainda que a imposi��o de san��es contra a R�ssia pode prejudicar indiretamente o mercado nacional, em especial o agroneg�cio brasileiro, que tem a R�ssia como sua principal fonte exportadora de fertilizantes.

"Com as san��es ou at� a perda de capacidade de exporta��o russa, os fertilizantes se tornam mais caros e a rentabilidade dos produtores brasileiros cai, afetando sua capacidade de continuar a ampliar a oferta nos pr�ximos anos", avalia Ma�lson da N�brega.

Tudo isso pode ainda impactar diretamente no resultado das elei��es presidenciais, marcadas para outubro, j� que o peso de problemas econ�micos e infla��o alta costuma sempre cair sobre o chefe de Estado atual.

Nos �ltimos tr�s dias, o conflito ucraniano ainda gerou um impacto na cota��o do d�lar em rela��o ao real. A moeda americana atingiu seus menores valor desde junho do ano passado, fechando a R$ 5,004 na quarta-feira (23/2), antes da concretiza��o da invas�o.

O movimento, segundo analistas, foi consequ�ncia n�o s� do aumento da taxa Selic pelo Banco Central, mas tamb�m da entrada de capital estrangeiro no pa�s em tempos de alto risco.

Nesta quinta, por�m, a tend�ncia foi revertida e os rumos da taxa de c�mbio deram um salto diante da onda global de incerteza.

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