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Estado de Minas

Covid: a onda de infec��es que amea�a hospitais da China ap�s mudan�a de pol�tica

Sistema de sa�de do pa�s enfrenta alta demanda ao mesmo tempo em que faltam medicamentos e testes caseiros nas farm�cias.


15/12/2022 06:55

Um homem usando máscara do lado de fora de um hospital em Pequim
(foto: EPA)

O grande aumento da press�o sobre os hospitais da China ap�s a flexibiliza��o da pol�tica de covid-zero no pa�s tem levado a uma situa��o alarmante: os pr�prios m�dicos e enfermeiras podem estar infectando pacientes.

Aparentemente, devido � falta de pessoal, os profissionais de sa�de da linha de frente est�o sendo orientados a trabalhar, mesmo que eles pr�prios estejam infectados com o v�rus.

Chen Xi, um professor chin�s especializado em pol�ticas de sa�de vem acompanhando a crise em seu pa�s natal pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e contou � BBC que tem conversado com diretores de hospitais e outras equipes m�dicas na China sobre a enorme sobrecarga no sistema no momento.

"Pessoas que foram infectadas foram obrigadas a trabalhar nos hospitais, o que cria um ambiente de transmiss�o l�", diz ele.

Os hospitais da China aumentaram �s pressas a capacidade de suas enfermarias de triagem para covid para atender a um grande fluxo de pacientes, mas as mesmas est�o lotando rapidamente em parte porque ainda n�o est�o conseguindo passar adiante efetivamente a mensagem de que n�o h� problema em ficar em casa se voc� pegar o v�rus.

Equipe médica transfere um paciente para uma ala de covid no Hospital Chaoyang, em Pequim, em 13 de dezembro de 2022
Equipe m�dica transfere um paciente para uma ala de covid no Hospital Chaoyang, em Pequim (foto: Reuters)

Chen diz que precisa ser feito um esfor�o muito maior para explicar isso �s pessoas.

"N�o existe a cultura de ficar em casa por causa de sintomas leves", diz ele.

"Quando as pessoas ficam doentes, todas v�o para o hospital, o que pode facilmente derrubar o sistema de sa�de."

Uma corrida �s farm�cias levou a uma escassez significativa de rem�dios usados para tratar resfriados e gripes a n�vel nacional. Kits de teste caseiro para covid tamb�m s�o dif�ceis de encontrar.

Em Pequim, embora os restaurantes tenham sidos autorizados a reabrir, eles t�m poucos clientes, e as ruas est�o desertas.

As empresas est�o dizendo aos funcion�rios que eles devem voltar ao escrit�rio, mas muitos n�o querem.

Tudo isso faz sentido quando voc� considera que, apenas algumas semanas atr�s, o governo dizia que n�o haveria desvio da pol�tica de covid-zero, que os infectados deveriam ir para instala��es de quarentena e que os lockdowns eram necess�rios.

A fila do lado de fora de uma clínica para pacientes com suspeita de covid, em Pequim, na segunda-feira
A fila do lado de fora de uma cl�nica para pacientes com suspeita de covid, em Pequim, na segunda-feira (12/12) (foto: BBC)

O coronav�rus era algo a temer, e os chineses tinham a sorte de morar aqui porque o Partido Comunista n�o os sacrificaria no altar da reabertura.

Agora, o objetivo de zerar os casos de cada surto foi abandonado, a covid est� se espalhando como um inc�ndio florestal, e a posi��o do governo � que pegar a doen�a n�o � motivo de preocupa��o.

Esperava-se que a flexibiliza��o das restri��es impostas para controlar a covid na China acontecesse mais lentamente, muito mais gradualmente.

Mas vieram os protestos de rua, cidade ap�s cidade, com manifestantes exigindo suas antigas vidas de volta. Eles queriam ser livres para ir e vir novamente. Houve confrontos com a pol�cia e coro pela ren�ncia do presidente chin�s, Xi Jinping, e pela sa�da do Partido Comunista do poder.

Esta foi a gota d'�gua para mudar a pol�tica de covid-zero.

Um homem usando máscara do lado de fora de um hospital em Pequim
(foto: EPA)

De acordo com Chen, embora o momento "n�o fosse ideal", isso fez com que as autoridades tivessem que reabrir o pa�s.

Ele observa que pa�ses como Cingapura e Nova Zel�ndia mudaram suas pol�ticas quando as infec��es estavam sob controle. No entanto, a China implementou a mudan�a com surtos em andamento em cidades como Pequim.

O governo "ouviu a voz dos manifestantes", diz ele, acrescentando que esta n�o foi a escolha ideal para eles em termos de momento.

Ent�o os manifestantes podem ter vencido, mas a rapidez com que o governo cedeu deixou os idosos com medo de sair de casa.

Uma mulher que encontramos indo passear com o neto disse que se manteria distante de lugares com aglomera��es, e que continuaria a usar m�scara e a lavar as m�os regularmente.

Mas a relut�ncia em estar em lugares onde a infec��o � mais prov�vel permeia todos os grupos da sociedade.

O impacto em Pequim foi enorme.

Outra raz�o pela qual os restaurantes est�o vazios � que o governo da capital ainda exige um resultado negativo do teste para covid (tipo PCR), feito nas �ltimas 48 horas, para comer no interior do estabelecimento. No entanto, a maioria dos resultados n�o est� chegando aos aplicativos de c�digo de sa�de.

Pilhas de sacolas de mantimentos são colocadas no chão do lado de fora de um mercado de Pequim aguardando entregadores
Os servi�os de entrega de alimentos e mantimentos ainda est�o tendo alta demanda, j� que os moradores de Pequim permanecem cautelosos em se aventurar do lado de fora (foto: BBC)

Tudo indica que isso est� acontecendo porque os laborat�rios est�o sobrecarregados de trabalho agora que a covid est� se espalhando t�o rapidamente.

Uma mulher de 34 anos, que est� em isolamento em casa ap�s pegar covid, disse � BBC que a experi�ncia, at� agora, tem sido surpreendentemente tranquila.

Ela contou que seus sintomas n�o foram t�o ruins quanto esperava e que tem tudo que precisa.

Ela tamb�m disse que estava muito mais feliz por ter a op��o de se recuperar em casa com o marido, em vez de em um centro de quarentena lotado.

Mas ela tamb�m se preocupa. Ela tem uma irm� com filhos pequenos, pais morando sozinhos em sua cidade natal e uma av� e todos v�o ter que enfrentar esse per�odo.

Os m�dicos est�o se manifestando nas redes sociais na tentativa de tranquilizar as pessoas de que n�o h� problema em permanecer em casa depois de pegar covid.

As autoridades tamb�m come�aram a transformar os centros de isolamento de covid em instala��es hospitalares tempor�rias, para lidar com uma explos�o de infec��es.

Em apenas um dia desta semana, 22 mil pessoas em Pequim tentaram entrar em uma cl�nica para pacientes com suspeita de covid.

Uma s�rie de questionamentos est�o sendo feitos.

Por que o governo n�o se preparou para isso antes, com a amplia��o da capacidade das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) dos hospitais?

Por que demorou tanto para fazer essa mudan�a quando pa�ses ao redor do mundo j� haviam feito?

Por que o governo de Xi Jinping permitiu que a pol�tica de covid-zero causasse tantos preju�zos � economia de uma maneira geral e aos meios de vida da popula��o mais especificamente?

Uma nova campanha para a vacina��o come�ou, mas tamb�m deveria ter acontecido antes de a China entrar nesse est�gio.

O governo diz que � o v�rus que mudou, que as variantes mais recentes s�o menos perigosas e que isso significa que � o momento certo para mudar a resposta.

Seja como for, h� muito mais otimismo agora.

Um grupo de chineses no exterior criou um bate-papo especial no aplicativo Wechat para que pessoas que moram em outros pa�ses possam compartilhar suas experi�ncias de ter covid com usu�rios na China.

O objetivo � simples. Acalmar as pessoas.

Com certeza, os pr�ximos meses ser�o dif�ceis por aqui. Milh�es de pessoas ficar�o doentes, e haver� muitas mortes.

No entanto, a antiga abordagem era claramente insustent�vel e, finalmente, as pessoas podem ver uma sa�da.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63983758


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