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Estado de Minas

2 anos de vacinas contra covid: o que aprendemos sobre resultados e efeitos colaterais

Pesquisas mostram que os imunizantes foram os grandes respons�veis por frear as ondas de hospitaliza��es e mortes no mundo. Quais s�o os pr�ximos desafios para manter o coronav�rus sob controle?


19/12/2022 06:50 - atualizado 05/01/2023 12:05

Pessoa sendo vacinada
Mais de 13 bilh�es de doses das vacinas contra a covid-19 j� foram aplicadas no mundo (foto: Getty Images)

O Museu de Ci�ncia de Londres, no Reino Unido, montou uma exposi��o tempor�ria para marcar a epopeia do desenvolvimento e da aplica��o das vacinas contra a covid-19 em tempo recorde.

Numa das prateleiras, � poss�vel ver a seringa, a ampola e a bandeja de papel�o que foram usadas no dia 8 de dezembro de 2020, quando a inglesa Margaret Keenan, de 90 anos, se tornou a primeira pessoa a receber a vacina contra a covid-19 fora dos estudos cl�nicos.

De l� para c�, outras 13 bilh�es de doses foram administradas em todo o mundo, incluindo os refor�os e os imunizantes atualizados, que protegem contra as variantes mais recentes.

O que aprendemos nesses dois anos de campanha? O que os dados revelam sobre a efetividade dos imunizantes? E o que se sabe sobre os efeitos colaterais?

Em resumo, os estudos mostram que as vacinas contra a covid testadas e aprovadas foram as principais respons�veis por conter as hospitaliza��es e as mortes pela infec��o sem elas, os n�meros de afetados pela crise sanit�ria seriam bem maiores.

Al�m disso, os eventos adversos mais graves s�o considerados raros pelas institui��es de sa�de p�blica.

Os efeitos pr�ticos

"A vacina��o contra a covid marcou a diferen�a entre morrer e sobreviver para muitas pessoas", resume a m�dica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imuniza��es (SBIm).

Desde que as doses come�aram a ser aplicadas na maioria da popula��o, as taxas de interna��es e mortes decorrentes das complica��es relacionadas ao coronav�rus ca�ram consideravelmente.

E, mesmo com a chegada de variantes mais transmiss�veis, como a �micron, a imuniza��o garantiu que a maioria das pessoas n�o ficasse severamente doente ou morresse.

Bandeja, seringa e vacina
Os materiais que foram usados na primeira vacina��o contra a covid-19 fora dos estudos cl�nicos, expostos no Museu de Ci�ncia de Londres (foto: BBC)

O Brasil � um exemplo disso: quando as primeiras vacinas foram aprovadas pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) em janeiro de 2021, o pa�s estava prestes a viver o momento mais grave de toda a pandemia.

Entre o final de mar�o e o in�cio de abril do ano passado, a m�dia m�vel di�ria de mortes por covid chegou a superar a casa das 3 mil (com registros de 72 mil novas infec��es/dia), segundo o Conselho Nacional de Secret�rios da Sa�de (Conass).

Com o passar das semanas e o aumento da porcentagem de brasileiros vacinados os n�meros come�aram a cair aos poucos.

Essa estat�stica s� voltou a subir novamente em janeiro de 2022, com a chegada da variante �micron. Mesmo assim, o pico dessa onda foi de 950 mortes di�rias, enquanto o n�mero de novas infec��es chegou a 189 mil a cada 24 horas.

Para a compara��o ficar mais clara:

  • Pico da onda de mar�o/abril de 2021: m�dia de 75 mil casos e 3 mil mortes por dia.
  • Pico da onda de janeiro/fevereiro de 2022: m�dia de 189 mil casos e 950 mortes por dia.

Um outro ind�cio da efetividade das vacinas vem de uma pesquisa publicada no �ltimo dia 13 de dezembro.

Nela, o Fundo Commonwealth pediu que cientistas da Escola de Sa�de P�blica da Universidade Yale, nos Estados Unidos, tentassem responder a uma pergunta: e se n�o tiv�ssemos vacinas contra a covid-19 at� agora?

Os resultados encontrados indicam que s� os EUA teriam enfrentado 18,5 milh�es de hospitaliza��es e 3,2 milh�es de mortes adicionais por covid nesses �ltimos dois anos.

Al�m disso, o programa de vacina��o americano representou uma economia de US$ 1,15 trilh�o em custos m�dicos, que seriam necess�rios para bancar o tratamento dos casos extras da infec��o.

"Desde dezembro de 2020, 82 milh�es de infec��es, 4,8 milh�es de hospitaliza��es e 798 mil mortes foram registradas no pa�s. Em outras palavras, sem a vacina��o, os EUA teriam experimentado 1,5 vez mais infec��es, 3,8 vezes mais hospitaliza��es e 4,1 vezes mais mortes", comparam os autores.

E os efeitos colaterais?

"Quanto mais tempo passa e mais doses das vacinas contra a covid s�o aplicadas, mais temos certeza sobre o perfil de seguran�a delas", responde Ballalai.

Nesses dois anos, as ag�ncias regulat�rias e as institui��es p�blicas de sa�de realizam um grande esfor�o para monitorar e investigar cada caso de prov�vel evento adverso p�s-vacina��o.

O Servi�o Nacional de Sa�de do Reino Unido (NHS, na sigla em ingl�s) aponta que os "efeitos colaterais s�rios s�o muito raros".

Entre os inc�modos mais comuns ap�s a vacina��o, eles destacam:

  • Dor no local da inje��o;
  • Sensa��o de cansa�o;
  • Dor de cabe�a;
  • Dor no corpo;
  • Febre;
  • Sensa��o de mal-estar ou de estar doente.
Profissional de saúde tirando vacina de ampola
Eventos adversos mais graves da vacina��o s�o raros, asseguram as autoridades (foto: Getty Images)

A entidade detalha que "a maioria desses efeitos colaterais s�o leves e devem durar menos de uma semana".

"Se estiver com temperatura alta por mais de dois dias, uma tosse cont�nua ou perder o paladar e o olfato, voc� pode estar com covid-19", orienta o NHS.

"Voc� n�o pega a covid da vacina, mas � poss�vel ter se infectado pouco antes ou depois de receber a dose", complementa o artigo.

Mas e os eventos adversos graves? O que dizem os n�meros mais recentes?

O mais atualizado registro de estat�sticas do tipo � publicado pelo Centro de Controle e Preven��o de Doen�as dos Estados Unidos (CDC).

Numa publica��o, a entidade aponta a quantidade proporcional de casos de efeitos colaterais mais graves conhecidos at� o momento:

  • Anafilaxia(rea��o al�rgica severa ap�s a vacina��o): 5 casos a cada 1 milh�o de doses aplicadas;
  • Trombose relacionada � vacina da Janssen: 4 casos a cada 1 milh�o de doses aplicadas;
  • S�ndrome de Guillain-Barr� relacionada � vacina da Janssen: n�o h� um n�mero fixo, mas houve um pequeno aumento de casos em homens com mais de 50 anos imunizados com esse produto, em compara��o com aqueles que receberam doses da Pfizer;
  • Miocardite e pericardite (inflama��es card�acas) em jovens que tomaram a vacina da Pfizer:
  • Dos 12 aos 15 anos: 70,7 casos por milh�o de doses aplicadas;
  • Dos 16 aos 17 anos: 105,9 casos por milh�o de doses aplicadas;
  • Dos 18 aos 24 anos: 52,4 casos por milh�o de doses aplicadas.

O CDC informa que "a maioria dos pacientes que tiveram miocardite e pericardite depois da vacina��o contra a covid-19 responderam bem ao tratamento e ao repouso e se sentiam melhor rapidamente".

A entidade reafirma que "m�ltiplos estudos e revis�es dos dados dos sistemas de monitoramento de seguran�a continuam a mostrar que as vacinas s�o seguras".

Sobre as mortes, os registros americanos calculam que, das 657 milh�es de doses administradas por l� at� 7 de dezembro de 2022, foram identificadas 17,8 mil mortes ap�s a vacina��o (ou 0,0027% do total), mesmo que a aplica��o das doses n�o fossem identificadas como a causa direta disso. A investiga��o de todos esses casos por meio de an�lises de registros m�dicos e aut�psias encontrou apenas nove mortes associadas ao uso da vacina da Janssen por l�.

Ballalai lembra que nenhum rem�dio, imunizante ou procedimento � isento de riscos. "Todos esses dados nos mostram que o custo-benef�cio de vacinar supera de longe os eventuais e raros problemas", conclui.

O que vem pela frente

Passados dois anos desde que as primeiras vacinas contra a covid-19 come�aram a ficar dispon�veis, ainda existem muitos desafios para controlar o coronav�rus de fato.

"Do ponto de vista global, temos pa�ses que est�o bem atrasados na imuniza��o", destaca o m�dico epidemiologista Andr� Ribas Freitas, consultor cient�fico de A Casa, uma plataforma que re�ne agentes nacionais de sa�de e agentes de combate �s endemias.

No Haiti, por exemplo, apenas 2% da popula��o tomou as duas doses iniciais. Os n�meros tamb�m s�o baixos em pa�ses como Arg�lia (15%), Mali (12%), Congo (4%) e I�men (2%).

"Isso representa uma preocupa��o muito grande, pois a manuten��o da transmiss�o viral intensa representa um risco para o surgimento de variantes mais transmiss�veis ou patog�nicas", alerta o especialista, que tamb�m � professor na Faculdade de Medicina S�o Leopoldo Mandic, em Campinas, no interior paulista.

O Brasil tamb�m tem os seus desafios pr�prios e rotas a corrigir durante os pr�ximos meses, apontam os especialistas.

"Alguns estudiosos calculam que at� 300 mil vidas poderiam ser salvas se tiv�ssemos come�ado a vacina��o antes e a todo vapor", lamenta Soraya Smaili, professora de farmacologia e ex-reitora da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp).

Dados compilados pelo portal CoronavirusBra1 revelam que 81% dos brasileiros tomaram o esquema inicial da vacina��o at� o momento.

A quantidade de indiv�duos que receberam as doses de refor�o, essencial para proteger contra a variante �micron, � bem mais baixa: apenas 56% das pessoas est�o com o esquema de imuniza��o devidamente atualizado.

Al�m de aumentar essa cobertura vacinal, os profissionais de sa�de ouvidos pela BBC News Brasil apontam outras duas fronteiras que o pa�s precisar� dar aten��o nos pr�ximos meses: a prote��o das crian�as e a aplica��o das doses bivalentes (que protegem contra as variantes mais recentes) em grupos priorit�rios, como idosos e imunossuprimidos.

Criança sendo vacinada
Cobertura vacinal contra a covid est� abaixo da meta entre as crian�as brasileiras, mostram os n�meros (foto: Getty Images)

"Uma dessas vacinas bivalentes atualizadas j� foi aprovada pela Anvisa e � administrada nos Estados Unidos e na Europa. Precisamos dela para j�, principalmente para resguardar os mais vulner�veis �s complica��es da covid", pontua Smaili.

Ballalai aponta que esses imunizantes atualizados devem ficar restritos justamente a esses grupos espec�ficos. "As vacinas 'originais', que temos hoje em dia, continuam a proteger bem o restante da popula��o", diz.

Freitas, por sua vez, entende que a imuniza��o das crian�as deve ser uma prioridade m�xima. "A cobertura vacinal contra a covid entre os mais jovens brasileiros est� muito baixa", destaca.

Apesar de as mortes no p�blico infantil serem menos frequentes, os n�meros absolutos s�o alarmantes: a Funda��o Oswaldo Cruz (FioCruz) calcula que o Brasil registrou uma morte de crian�as de 6 meses a 5 anos por dia ao longo de todo o ano de 2022.

"Apesar de estarmos num cen�rio muito mais favor�vel, a pandemia ainda n�o acabou e entre 80 a 100 brasileiros ainda morrem todos os dias", destaca Ballalai.

"E estar com a vacina��o atualizada � a melhor estrat�gia para ficar mais protegido", conclui a m�dica.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63985184


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