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Estado de Minas FACT-CHECKING

Checamos: efic�cia de m�scaras depende de muitas vari�veis e n�o pode ser determinada com exatid�o

Imagem em redes sociais mostra tr�s cen�rios diferentes de intera��o entre %u201Cportador de COVID-19%u201D e pessoa n�o infectada e dita percentuais de risco de cont�gio


postado em 01/05/2020 13:38 / atualizado em 15/05/2020 07:51

Diferentes vers�es de uma mesma imagem, que mostra a probabilidade exata de portadores do novo coronav�rus transmitirem a doen�a dependendo do uso de m�scaras de prote��o, foram compartilhadas centenas de vezes em redes sociais desde o final de abril.

Especialistas consultados pela AFP afirmaram que, embora as m�scaras diminuam o risco de cont�gio por COVID-19, n�o h� evid�ncias cient�ficas sobre a possibilidade espec�fica de transmiss�o, ou sobre a porcentagem de cont�gio, e que a efic�cia do m�todo depende de diversos fatores.

Os infogr�ficos viralizados mostram tr�s cen�rios diferentes de intera��o entre um “portador de COVID-19” e uma pessoa n�o infectada. Na primeira possibilidade, o infectado n�o usa uma m�scara, mas a outra pessoa, sim. De acordo com as imagens, o risco de cont�gio neste caso seria de 70%.

No segundo cen�rio, o portador de coronav�rus usa m�scara, mas a outra pessoa, n�o. Segundo os gr�ficos, o risco seria de 5%. Na �ltima hip�tese, tanto o infectado, como a outra pessoa utilizam m�scaras. Nesse caso, o risco seria de 1,5%, ainda segundo as imagens.

Alguns dos gr�ficos incluem mensagens como “Use m�scara”, ou “A import�ncia do uso de m�scara no combate a COVID-19”.

As imagens foram compartilhadas ao menos 1.500 vezes no Facebook (1, 2, 3, 4, 5), Twitter e Instagram (1, 2, 3), onde somou mais de 15 mil curtidas.

A informa��o tamb�m circulou amplamente em espanhol, ingl�s e franc�s.

Probabilidade de cont�gio � vari�vel


A equipe de checagem da AFP consultou especialistas que afirmaram n�o ser poss�vel medir com tamanha exatid�o a probabilidade de cont�gio.

Juan Carballeda, pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Cient�ficas e T�cnicas da Argentina (Conicet), e membro da Associa��o Argentina de Virologia (SAV), explicou que uma das dificuldades em determinar uma porcentagem t�o exata tem a ver com os modelos de m�scaras utilizados.

“N�o existe um �nico tipo de m�scara facial que esteja sendo utilizado e n�o temos muitas evid�ncias sobre quanto tempo o v�rus pode viver nas superf�cies ou se se encontra em gotas de tamanho grande, ou pequeno. De nenhuma maneira eu colocaria uma porcentagem t�o exata”, disse.

Shelley Payne, diretora do Centro LaMontagne para Doen�as Infecciosas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, por sua vez, indicou que, embora a ordem de risco relativo vista no gr�fico seja correta, “os n�meros reais depender�o de uma s�rie de fatores, incluindo a quantidade de v�rus dispersado pelo portador ou, caso [positivo], a dist�ncia entre os dois indiv�duos, o tipo de material da m�scara, o ajuste da m�scara”.

Muitas vari�veis e a falta de dados experimentais, exceto em ambientes hospitalares, dificultam o c�lculo do risco de cont�gio, disse Payne � AFP por e-mail.

“N�o acredito que existam n�meros confi�veis sobre quanta prote��o uma m�scara proporciona [...]”, mas “a probabilidade de propaga��o � mais alta se o portador n�o usa m�scara e mais baixa se tanto o infectado quanto as pessoas que t�m contato com ele usam m�scaras”, disse Payne.

Carballeda explicou que, al�m disso, deve ser levada em considera��o a maneira como as pessoas est�o utilizando as m�scaras.

“Vamos tomar como exemplo as m�scaras N95, que s�o as recomendadas. Com estas, o risco baixaria a praticamente zero, mas sempre e quando s�o utilizadas corretamente. O que significa isso? Que elas n�o devem ser tocadas, que as m�os devem ser higienizadas antes de coloc�-las e tir�-las e que, embora tenham maior longevidade, deve-se saber que elas s� servem durante certo per�odo de tempo, etc. Isso tamb�m dificulta a precis�o do poss�vel cont�gio”, garantiu.

Frente � escassez das m�scaras, John Criscione, professor de Engenharia Biom�dica da Universidade do Texas A&M, avaliou artigos dom�sticos comuns, como filtros de ar, fronhas, cortinas de chuveiro e sacos a v�cuo, como poss�veis alternativas ao m�todo de prote��o.

“Testamos uma ampla gama de materiais e os resultados variam, o que significa que a escolha do material determina em grande medida a qualidade de sua m�scara”, diz o estudo de Criscione.

Uso de m�scara � recomendado


Embora os gr�ficos compartilhados nas redes sociais possam n�o fornecer uma avalia��o precisa do risco, Criscione considera que os portadores de COVID-19 devem usar m�scaras. “Qualquer cobertura � melhor do que nada”, disse.
Capturas de tela feitas em 8 de maio de 2020 de publicações no Facebook
Capturas de tela feitas em 8 de maio de 2020 de publica��es no Facebook

Carlos Pinto, epidemiologista do Instituto Nacional de Sa�de da Col�mbia, concorda com essa tese.

“Com as atuais evid�ncias, n�o � poss�vel confirmar a precis�o destas estat�sticas. N�o h� dados suficientes para quantificar a redu��o do risco pelo uso de m�scaras cir�rgicas ou de tecido, como diz a imagem. No entanto, � recomend�vel sim o seu uso e o distanciamento f�sico para diminuir o risco de cont�gio, sobretudo no caso de pessoas assintom�ticas ou pr�-sintom�ticas que saiam nas ruas”, explicou � AFP.

A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) indica, por sua vez, alguns cen�rios de quando as m�scaras devem ser utilizadas, ou n�o. Segundo a entidade, caso voc� esteja saud�vel “s� necessita usar m�scara se estiver cuidando de uma pessoa com suspeita de infec��o pelo 2019-nCoV”, ou caso tenha “tosse ou esteja espirrando”.

“As m�scaras s� s�o eficazes se combinadas com a lavagem frequente das m�os com uma solu��o hidroalco�lica ou com �gua e sab�o. Se voc� precisa utilizar uma m�scara, aprenda a us�-la e elimin�-la corretamente”, explica a OMS.

Em resumo, segundo especialistas consultados pela AFP n�o � poss�vel determinar com exatid�o a probabilidade de cont�gio do novo coronav�rus com base no uso, ou n�o, de m�scaras, seja por parte dos infectados, ou por pessoas saud�veis. Os pesquisadores afirmam que, embora as m�scaras reduzam o n�vel de cont�gio pelo coronav�rus, n�o existe informa��o confi�vel sobre a possibilidade espec�fica de transmiss�o.

O AFP Checamos tem verificado informa��es falsas e enganosas sobre o novo coronav�rus. A lista completa de nossas verifica��es sobre o assunto pode ser acessada neste link.

Esta verifica��o foi realizada com base em informa��es cient�ficas e oficiais sobre o novo coronav�rus dispon�veis na data desta publica��o.


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