O presidente Jair Bolsonaro anunciou nessa ter�a-feira que testou positivo para o novo coronav�rus, informando que iniciou um tratamento com hidroxicloroquina e azitromicina.
Abaixo, o que se sabe at� agora sobre estas afirma��es.
Hidroxicloroquina
“Dado os sintomas, a equipe m�dica resolveu aplicar a hidroxicloroquina”, afirmou o presidente neste 7 de julho, ao anunciar que havia testado positivo para a COVID-19.
Medicamento indicado para casos de mal�ria e l�pus, a hidroxicloroquina foi um dos primeiros rem�dios considerados para um poss�vel tratamento contra o novo coronav�rus.
Em mar�o deste ano, estudos preliminares realizados na China e na Fran�a indicaram que o rem�dio ajudou algumas pessoas infectadas com a COVID-19. Logo, o uso do medicamento passou a ser defendido por pol�ticos como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro.
Em maio, Trump, chegou a afirmar que estava tomando a hidroxicloroquina apesar de ter testado negativo para o coronav�rus. “Ouvi um monte de boas hist�rias”, disse, na �poca. No Brasil, o debate sobre a recomenda��o do medicamento levou � sa�da de dois ministros da Sa�de - pasta que continua sem dirigente em meio � pandemia.
No in�cio de junho deste ano, no entanto, um teste cl�nico realizado com 821 pessoas nos Estados Unidos e no Canad� indicou que tomar hidroxicloroquina n�o impede a infec��o por COVID-19. O estudo, liderado pela Universidade de Minnesota, administrou o medicamento, ou um placebo, a adultos que estiveram em contato com pacientes de COVID-19 por mais de 10 minutos, verificando, em seguida, quantas dessas pessoas contra�ram o novo coronav�rus.
“Este estudo randomizado n�o demonstrou nenhum benef�cio significativo da hidroxicloroquina como tratamento profil�tico ap�s a exposi��o � COVID-19”, afirmaram os autores do estudo.
Alguns dias depois, a ag�ncia de Medicamentos de Alimentos dos Estados Unidos (FDA) revogou a autoriza��o de uso de emerg�ncia (EUA, na sigla em ingl�s) que permitia a administra��o da hidroxicloroquina a pacientes com COVID-19 no pa�s.
“Com base em sua an�lise cont�nua dos EUA de dados cient�ficos emergentes, a FDA determinou que � improv�vel que a cloroquina e a hidroxicloroquina sejam eficazes no tratamento contra a COVID-19”, afirmou a ag�ncia, no �ltimo dia 15 de junho.
De maneira semelhante, em 17 de junho, a OMS suspendeu as pesquisas que estava realizado para avaliar a efic�cia da hidroxicloroquina contra a COVID-19, afirmando que os dados de seus pr�prios estudos e do Recovery trial - amplo ensaio cl�nico realizado no Reino Unido - indicaram que a hidroxicloroquina “n�o resulta em uma redu��o na mortalidade de pacientes hospitalizados de COVID-19”.
Azitromicina
Ap�s declarar que sua equipe m�dica decidiu utilizar a hidroxicloroquina, um rep�rter questionou o presidente se o rem�dio estava sendo aplicado em conjunto com a azitromicina. A resposta foi positiva.
Apesar da fala de Bolsonaro, a combina��o de hidroxicloroquina com azitromicina segue sem ser indicada por institui��es de sa�de nacionais e internacionais.
Em um documento de 18 de maio contendo diretrizes para o tratamento farmacol�gico da COVID-19, e que contou com a participa��o da Associa��o de Medicina Intensiva Brasileira, da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, � assinalado: “Sugerimos n�o utilizar a combina��o de hidroxicloroquina ou cloroquina e azitromicina de rotina no tratamento da COVID-19 (recomenda��o fraca, n�vel de evid�ncia muito baixo)”.
Em sua considera��o, “o painel de recomenda��es entendeu que as evid�ncias dispon�veis n�o sugerem benef�cio clinicamente significativo do tratamento com HCQ [hidroxicloroquina] ou com CQ [cloroquina] em associa��o com a AZ [azitromicina]. Houve entendimento de que o risco de eventos adversos cardiovasculares � moderado [...] sendo potencializado com a associa��o de HCQ/CQ com AZ, necessitando maiores cuidados”.
Ivermectina
Durante a entrevista, Bolsonaro tamb�m mencionou a ivermectina, que tem sido amplamente divulgada nas redes sociais como um dos poss�veis tratamentos � COVID-19. “Eu sei que n�o tem uma comprova��o cient�fica ainda, mas, a efic�cia da hidroxicloroquina, bem como ivermectina, entre outros, t�m aparecido e muita gente tem dito que ap�s ter ministrado esses medicamentos passou a se sentir muito bem”.
A ivermectina, de fato, ainda n�o teve a sua efic�cia comprovada no tratamento da COVID-19. At� este momento, o medicamento tem sido usado para tratar algumas infec��es parasit�rias em humanos e tamb�m em animais, mas sob outra f�rmula.

Em 8 de abril, o site Science Direct publicou um estudo garantindo que a ivermectina pode inibir, in vitro, a replica��o do novo coronav�rus em 48 horas. Isso quer dizer que os testes n�o foram realizados dentro de um organismo vivo, mas com instrumentos de laborat�rio.
No �ltimo dia 22 de junho, no entanto, a Organiza��o Pan-Americana da Sa�de (OPAS) divulgou uma nota, destacando que esta pesquisa n�o passou por uma revis�o de outros cientistas, nem foi publicada formalmente.
Diante disso, e ap�s uma revis�o de outros experimentos sobre o efeito da ivermectina contra a COVID-19, a OPAS concluiu que os estudos apresentam “um alto risco de parcialidade, pouca certeza de evid�ncia e que a evid�ncia existente � insuficiente para chegar a uma conclus�o de seus benef�cios e danos”.
A OMS tamb�m optou por retirar a ivermectina do estudo que patrocina para encontrar um tratamento eficaz para a COVID-19 e permanece com a indica��o de que ainda n�o h� medicamento que cure, previna ou trate a doen�a.
A FDA segue igualmente sem indicar a ivermectina: “Enquanto existem usos aprovados para a ivermectina em pessoas e animais, ela n�o foi autorizada para a preven��o ou tratamento da COVID-19”.
A ag�ncia norte-americana tamb�m menciona o estudo in vitro, mas assinala que este tipo de an�lise em laborat�rio � usado no est�gio inicial do desenvolvimento de rem�dios e que “testes adicionais s�o necess�rios para determinar se a ivermectina pode ser apropriada para prevenir ou tratar” a doen�a causada pelo novo coronav�rus.
Coronav�rus “se d� melhor” no frio?

Questionado na mesma coletiva de imprensa sobre as medidas de isolamento adotadas amplamente no pa�s, Bolsonaro afirmou que n�o teria agido dessa forma, j� que o Brasil conta com diferentes climas e que o novo coronav�rus “se d� melhor em climas mais frios”.
No entanto, ainda n�o se sabe se a temperatura influencia a propaga��o da COVID-19, como explicam os Centros de Controle e Preven��o de Doen�as dos Estados Unidos (CDC).
De maneira semelhante, a OMS informa em seu site que � poss�vel contrair o novo coronav�rus “independentemente do qu�o ensolarado ou quente seja o clima”. At� este 7 de julho, o Brasil registrava mais de 1,6 milh�o de casos confirmados da doen�a e mais de 66 mil mortes, segundo o Minist�rio da Sa�de.
Jovens podem “ficar tranquilos”?
O presidente Bolsonaro tamb�m afirmou que, para pessoas com menos de 40 anos e sem doen�as pr�vias, “a chance � pr�xima a zero a ter consequ�ncias maiores da contamina��o” pelo novo coronav�rus. “Os mais jovens tomem cuidado, mas se forem acometidos com o v�rus, fiquem tranquilos”, disse.
Embora a letalidade entre os mais jovens seja muito baixa, estes tamb�m podem contrair a doen�a e falecer. Este foi o caso de Julie A., que tinha 16 anos e nenhum problema de sa�de pr�vio. Mas segundo relatou sua m�e � AFP, o que come�ou como uma tosse evoluiu rapidamente para uma insufici�ncia respirat�ria, fazendo com que ela tivesse que ser entubada e, posteriormente, levou-a � morte.
No Rio de Janeiro, um adolescente de 12 anos tamb�m faleceu em decorr�ncia da COVID-19. Em Indianapolis, Estados Unidos, o mesmo ocorreu com um jovem de 16 anos, assim como com um menino de 13 anos em Londres.
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia
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