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Estado de Minas CHECAMOS

N�o h� rela��o entre vacinas e mortes de dirigentes do Haiti e de quatro pa�ses africanos

Nas redes sociais circulam duas vers�es dessa mesma afirma��o, compartilhadas mais de mil vezes desde o �ltimo 9 de julho no Facebook, Twitter e Instagram


29/07/2021 22:44 - atualizado 29/07/2021 22:44


 

Capturas de tela feitas em 27 de julho de 2021 de publicações no Facebook
Capturas de tela feitas em 27 de julho de 2021 de publica��es no Facebook
Publica��es viralizadas indicam que as mortes dos chefes de Estado e Governo de Haiti, Tanz�nia, Burundi, Costa do Marfim e Eswatini s�o “suspeitas” e estariam relacionadas �s supostas recusas �s vacinas contra a covid-19. Mas isso � falso. Embora n�o se saibam os motivos do assassinato do mandat�rio haitiano, Jovenel Moise, ele n�o se opunha �s vacinas. O presidente da Tanz�nia, John Magufuli, que realmente era contra os imunizantes, morreu por um problema card�aco, o que tamb�m aconteceu com o mandat�rio do Burundi, Pierre Nkurunziza. O premi� da Costa do Marfim morreu em decorr�ncia de um c�ncer e o de Eswatini, ap�s contrair a covid-19.


Nas redes sociais circulam duas vers�es dessa mesma afirma��o, compartilhadas mais de mil vezes desde o �ltimo 9 de julho no Facebook, no Twitter, no Instagram e no Telegram.

Uma das alega��es (1, 2, 3, 4) � que Tanz�nia, Haiti e Burundi “recusaram a vacina do Covid” e que “agora todos os 3 t�m seus presidentes mortos inexplicavelmente”.

A outra vers�o (1, 2, 3, 4) aponta que “1 presidente foi assassinado, 4 morreram em circunst�ncias suspeitas. Todos os 5 presidentes disseram que nunca permitiriam as vacinas de Covid em seu pa�s”.

Alega��es semelhantes tamb�m foram encontradas em espanhol (1, 2, 3) em diferentes redes sociais.

Jovenel Moise, presidente do Haiti

Na madrugada de 7 de julho de 2021, um esquadr�o armado entrou na resid�ncia presidencial de Porto Pr�ncipe e alvejou o presidente haitiano, Jovenel Moise. No ataque, sua esposa, Martine, tamb�m ficou ferida e foi levada para um hospital em Miami.

Uma semana depois a pol�cia haitiana prendeu 18 homens de nacionalidade colombiana e tr�s haitianos ligados ao crime. As causas do homic�dio ainda est�o sendo investigadas.

O Haiti vive uma profunda crise institucional h� d�cadas. A oposi��o nunca reconheceu a vit�ria de Moise nas elei��es de novembro de 2016 e n�o h� Parlamento desde janeiro de 2020 por n�o terem sido realizadas elei��es legislativas.

A gest�o para a obten��o de vacinas contra a covid-19 no Haiti, o pa�s mais pobre das Am�ricas, teve avan�os e retrocessos, mas Moise n�o se opunha � vacina��o da popula��o.

Em abril de 2021, o governo recusou um envio inicial de 756 mil doses da AstraZeneca, alegando preocupa��o com os efeitos colaterais associados ao imunizante e solicitando vacinas de outros laborat�rios. Contudo, posteriormente, voltou atr�s na decis�o.

Em 18 de maio, durante o discurso comemorativo da Bandeira do Haiti, Moise disse: “Teremos vacinas contra o coronav�rus”. E pediu � popula��o que, at� que chegassem as doses, todos mantivessem as medidas para evitar o cont�gio. “Usem m�scara, respeitem o distanciamento social, lavem as m�os, n�o abracem”, recomendou.

De acordo com um artigo publicado no �ltimo 6 de julho no Haitian Times, o pa�s estava aguardando 130 mil doses da AstraZeneca, que deveriam ter sido entregues em 14 de junho como parte do mecanismo Covax.

Mas foi apenas em 14 de julho que o Haiti recebeu o primeiro carregamento de vacinas contra a covid-19 como parte de uma doa��o do governo dos Estados Unidos para pa�ses com baixa renda, cuja distribui��o � feita mediante o Covax.

O Minist�rio da Sa�de haitiano tamb�m � favor�vel � vacina��o. Em sua p�gina no Facebook, onde atualiza diariamente as cifras de casos e �bitos, publicou em 20 de junho de 2021 um v�deo a favor da imuniza��o.

Al�m disso, no final de junho a pasta autorizou o setor privado a comprar vacinas.

John Magufuli, presidente da Tanz�nia

O presidente da Tanz�nia, John Magufuli, morreu aos 61 anos, em mar�o de 2021, devido a problemas card�acos, de acordo com autoridades do Estado. A oposi��o, no entanto, afirma que ele faleceu em decorr�ncia da covid-19, embora n�o tenha sido provado.

Antes de sua morte, o chefe de Estado havia minimizado a pandemia e era um forte opositor �s vacinas.

“Temos que ser firmes. As vacinas s�o perigosas. Se o homem branco pudesse inventar vacinas, deveria ter encontrado uma vacina contra a aids; encontraria uma vacina contra a tuberculose; encontraria uma vacina contra a mal�ria; encontraria uma vacina contra o c�ncer”, disse Magufuli em janeiro de 2021.

As autoridades da Tanz�nia n�o culparam a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) ou qualquer outra institui��o internacional pela morte do presidente.

 

Cerimônia em homenagem a Jovenel Moise no Museu do Panteão Nacional em Porto Príncipe, no Haiti, em 20 de julho de 2021 ( AFP / Valerie Baeriswyl)
Cerim�nia em homenagem a Jovenel Moise no Museu do Pante�o Nacional em Porto Pr�ncipe, no Haiti, em 20 de julho de 2021 ( AFP / Valerie Baeriswyl)

No �ltimo m�s de junho, a nova presidente da Tanz�nia, Samia Suluhu, at� ent�o vice-presidente, tomou medidas para combater a propaga��o do novo coronav�rus e incentivou a popula��o a respeitar o distanciamento social.

A Tanz�nia, que havia parado de divulgar dados sobre a covid-19 em abril, retomou o processo em maio. No in�cio de julho, por�m, ainda n�o havia lan�ado uma campanha de vacina��o contra a doen�a.

No �ltimo 22 de julho, o primeiro-ministro, Kassim Majaliwa, finalmente anunciou a chegada das vacinas, ap�s aderir ao mecanismo Covax.

Pierre Nkurunziza, presidente do Burundi

O presidente Pierre Nkurunziza, ex-professor de educa��o f�sica, morreu aos 55 anos ap�s um ataque card�aco, segundo informa��es oficiais, em 8 de junho de 2020, meses antes da aprova��o do uso emergencial das primeiras vacinas contra a covid-19.

Assim como Magufuli, Nkurunziza se mostrava c�tico em rela��o � pandemia de covid-19 e n�o encorajava medidas para conter a circula��o do v�rus, pois considerava que o pa�s estava protegido da doen�a “pela gra�a divina”. Em maio de 2020, o governo ordenou que o representante da OMS e outros especialistas da organiza��o fossem expulsos do pa�s.

Alguns meios de comunica��o especularam que Nkurunziza havia morrido em decorr�ncia da covid-19.

 

Jornais anunciam a morte do presidente da Tanzânia, John Magufuli, em Dar es Salaam, em 18 de março de 2021 ( AFP / -)
Jornais anunciam a morte do presidente da Tanz�nia, John Magufuli, em Dar es Salaam, em 18 de mar�o de 2021 ( AFP / -)

Um porta-voz do Minist�rio da Sa�de P�blica e Luta contra a aids falou com a AFP em 17 de julho de 2021 sobre a situa��o atual no Burundi com rela��o � pandemia:

“O Burundi ainda n�o lan�ou uma campanha de vacina��o, apesar de permitir o uso da vacina � equipe da ONU e a algumas embaixadas. O governo prefere esperar antes de tomar uma decis�o at� ter um bom conhecimento dos efeitos dessas vacinas, sobretudo porque n�o h� nenhuma emerg�ncia, j� que a pandemia tem sido contida at� agora no pa�s”, explicou.

Em 1º de julho, durante a comemora��o da independ�ncia do Burundi, o agora presidente Evariste Ndayishimiye anunciou a pol�tica de “Ndakira, Sinandura kandi Sinandukiza Coronavirus” (“Curarei, n�o infectarei nem espalharei o coronav�rus”), que consiste em detectar os casos positivos de covid-19 o quanto antes e prevenir outros por meio das medidas sanit�rias.

Embora Ndayishimiye n�o tenha introduzido a vacina��o, considera a covid-19 como o “maior inimigo” de seu pa�s.

O Burundi n�o culpou nenhuma organiza��o internacional pela morte de Nkurunziza, que, assim como o presidente da Tanz�nia, faleceu de causas naturais, de acordo com as pr�prias autoridades.

Hamed Bakayoko, primeiro-ministro da Costa do Marfim


Em 10 de mar�o de 2021, o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, anunciou que o ent�o premi� marfinense, Hamed Bakayoko, morreu aos 56 anos em um hospital na Alemanha devido a um c�ncer.

Em sua conta no Twitter, Ouattara prestou uma homenagem: “O primeiro-ministro Hamed Bakayoko serviu a Costa do Marfim com dedica��o e abnega��o. Foi um grande estadista, um modelo para a nossa juventude, uma personalidade de grande generosidade e lealdade exemplar”.

 

O caixão do presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, é levado durante o seu funeral em 26 de junho de 2020 ( AFP / Tchandrou Nitanga)
O caix�o do presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, � levado durante o seu funeral em 26 de junho de 2020 ( AFP / Tchandrou Nitanga)

Mas Bakayoko nunca negou a exist�ncia do novo coronav�rus, como se pode conferir em publica��es feitas em seu Twitter desde o in�cio da pandemia.

O primeiro-ministro demonstrou (1, 2, 3) preocupa��o com a pandemia em v�rias ocasi�es, pediu que os cidad�os seguissem as medidas de preven��o e que lembrassem que o “coronav�rus � uma doen�a real que se espalha rapidamente”.

Em dezembro de 2020, o governo marfinense anunciou em seu portal que iniciaria a vacina��o contra a covid-19 em abril de 2021. Mas em 1º de mar�o de 2021 j� havia come�ado no pa�s a imuniza��o da popula��o e, no mesmo m�s, foi indicado que a campanha iria abranger pessoas a partir de 18 anos.

Em 25 de fevereiro de 2021, o Fundo das Na��es Unidas para a Inf�ncia (Unicef) anunciou que a Costa do Marfim seria um dos primeiros pa�ses a receber as vacinas contra a covid-19 pelo mecanismo Covax, que resultou no envio de 504 mil doses.

Uma publica��o feita na p�gina no Facebook do Minist�rio da Sa�de e Higiene P�blica indica que, at� 27 de julho, 943 mil doses de vacina haviam sido administradas.

Ambrose Dlamini, primeiro-ministro de Eswatini

Em 14 de dezembro de 2020, o primeiro-ministro de Eswatini, a �ltima monarquia absoluta da �frica e anteriormente chamada de Suazil�ndia, Ambrose Dlamini, morreu aos 52 anos ap�s contrair o novo coronav�rus, segundo an�ncio do governo.

Ele havia sido hospitalizado em 1º de dezembro, mais de duas semanas depois de testar positivo para a covid-19.

Em abril de 2020, o reino de Eswatini precisou reverter o relaxamento das medidas de preven��o contra o coronav�rus depois das infec��es no pa�s terem quase dobrado em uma semana.

Em comunicado, Dlamini afirmou que havia uma “complac�ncia” por parte da popula��o e que o “n�vel de cumprimento das medidas que visam reduzir drasticamente a dissemina��o da covid-19 havia ca�do drasticamente”.

Em 30 de novembro de 2020, o Minist�rio da Sa�de declarou ter solicitado a entrada no mecanismo Covax para recebimento de imunizantes.

Em 1º de mar�o de 2021, a pasta anunciou em sua conta no Twitter que as doses das vacinas contra a covid-19 estavam prestes a chegar no pa�s, o que ocorreu dez dias depois.

The first 20 000 doses of the #COVID19 vaccine have arrived in Eswatini. Minister of Health Lizzie Nkosi will hold a press briefing from Central Medical Stores in Matsapha at 16:15 to officially receive the vaccines. Follow live updates of the briefing @EswatiniGovern1 on Twitter
— Eswatini Government (@EswatiniGovern1) March 11, 2021

O minist�rio tamb�m divulgou folhetos informativos encorajando que as pessoas fossem se vacinar e explicando como os imunizantes funcionam.

Conte�do semelhante foi verificado pela Ag�ncia Lupa.


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