Publica��es compartilhadas mais de 1,8 mil vezes nas redes sociais desde o �ltimo 5 de agosto afirmam que Giuseppe Dutra Janino, “pai das urnas eletr�nicas”, foi “exonerado” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando a Pol�cia Federal (PF) “ficou na cola dele”, e se tornou ent�o assessor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e atual presidente do TSE, Lu�s Roberto Barroso.
“Esse � o Janino, conhecido como 'pai das urnas eletr�nicas'. Comandou as urnas no TSE por 15 anos. Qdo a PF ficou na cola dele, ele foi exonerado no TSE � virou ASSESSOR do Barroso. ASSESSOR DO BARROSO”, diz uma das publica��es compartilhadas no Twitter, no Facebook (1, 2, 3) e no Instagram.
Giuseppe Dutra Janino serviu ao TSE por 25 anos, onde ocupou por 15 anos o cargo de secret�rio de Tecnologia da Informa��o. Ele tamb�m foi o representante da Justi�a Eleitoral na comiss�o formada por cinco integrantes que concebeu o projeto brasileiro de vota��o eletr�nica. Por conta de sua atua��o, ficou conhecido como “pai da urna eletr�nica” (1, 2, 3).
“PF na cola dele”
O nome do servidor passou a circular nas redes sociais ap�s o presidente Jair Bolsonaro ter divulgado em sua conta no Twitter no �ltimo 4 de agosto uma investiga��o sigilosa da PF. O inqu�rito apura uma invas�o ao sistema e a bancos de dados do Tribunal Superior Eleitoral, ocorrida em outubro de 2018. Na ocasi�o, de acordo com os autos da investiga��o, foram hackeados os sistemas e bancos de dados do TSE e divulgados dados confidenciais.No documento vazado Janino � citado algumas vezes no inqu�rito, mas n�o � apontado como investigado no caso, e sim como denunciante do ataque ao sistema do TSE.
O servidor, que atuava at� ent�o como chefe da Secretaria de Tecnologia da Informa��o (STI) do �rg�o, “notificou a presid�ncia e prestou os esclarecimentos necess�rios para a condu��o da investiga��o”, informou o TSE � AFP. Segundo uma reportagem do TecMundo, mencionada no inqu�rito, o suposto hacker havia acessado credenciais de diversos servidores da alta c�pula do setor de tecnologia da institui��o, incluindo Janino.
A AFP consultou a Pol�cia Federal sobre se Janino � investigado nesse ou em algum outro caso, mas a corpora��o respondeu que “n�o se manifesta sobre investiga��es em andamento”.
Em uma busca feita no Portal da Transpar�ncia do Minist�rio P�blico Federal pelo nome completo do servidor, “Giuseppe Dutra Janino”, n�o foram encontradas informa��es sobre inqu�ritos policiais nos quais ele esteja sob investiga��o.
A assessoria de imprensa do Tribunal Superior Eleitoral afirmou ao Checamos que a invas�o n�o representou risco � integridade das elei��es de 2018. Em nota publicada em 5 de agosto deste ano, a institui��o garantiu que a aus�ncia de riscos se deveu ao fato de que “o c�digo-fonte dos programas utilizados passa por sucessivas verifica��es e testes, aptos a identificar qualquer altera��o ou manipula��o. Nada de anormal ocorreu”.
No �ltimo 12 de agosto, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes acolheu uma not�cia-crime enviada pelo TSE. Na decis�o, ele determinou a abertura de investiga��o contra o presidente Jair Bolsonaro pelo suposto vazamento dos documentos confidenciais do inqu�rito sobre a invas�o de 2018 no seu tu�te. Ser�o investigados tamb�m o delegado da PF Victor Neves Feitosa, at� ent�o respons�vel pelo inqu�rito vazado, e o deputado federal Filipe Barros (PSL).
“Assessor de Barroso”
Ap�s 15 anos como chefe da Secretaria de Tecnologia da Informa��o (STI) do TSE, Janino deixou o cargo em maio de 2021.A assessoria do TSE negou ao Checamos que ele tenha sido “exonerado no TSE”, como viralizou: “Janino%u202Fdeixou o cargo de secret�rio de Tecnologia da Informa��o a pedido”. Ele “� servidor aposentado e atualmente n�o presta mais servi�os � Corte Eleitoral”, acrescentou.
Sobre a alega��o de que Janino virou depois assessor de Lu�s Roberto Barroso, presidente da Corte Eleitoral desde 18 de maio de 2020, o TSE esclareceu � AFP que “ele foi assessor da presid�ncia do �rg�o, e n�o assessor pessoal do ministro”. “Se a presid�ncia fosse ocupada por outro ministro, ele continuaria sendo assessor do �rg�o”, acrescentou o tribunal, por meio de sua assessoria de imprensa.
Em maio deste ano, o TSE informou que Janino passou a atuar “como assessor especial da presid�ncia para auxiliar no processo de transi��o da chefia da STI, ocupada hoje por J�lio Valente”. Ele deixou o cargo no gabinete da presid�ncia em julho.
Ainda de acordo com a nota, “a troca da gest�o da STI do TSE foi definida conjuntamente pelo presidente do TSE, ministro Lu�s Roberto Barroso, e pelos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, que assumir�o a presid�ncia no pr�ximo ano”.
Procurado pela AFP, o Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou que Janino “n�o � assessor de Barroso no STF” e que nunca trabalhou na mais alta corte do pa�s.
Esse conte�do tamb�m foi checado pela Ag�ncia Lupa e pelo Estad�o Verifica.