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Estado de Minas CHECAMOS

Verificamos as afirma��es feitas pelo m�dico Peter McCullough sobre vacinas

As alega��es s�o falsas ou enganosas, segundo documentos e especialistas consultados pela AFP


07/02/2022 19:39 - atualizado 07/02/2022 19:39


 

imagem com conteúdo falso
Captura de tela feita em 1� de fevereiro de 2022 de uma publica��o no Twitter ( . / ) (foto: Reprodu��o)
Um v�deo em que o cardiologista norte-americano Peter McCullough faz uma s�rie de alega��es a respeito das vacinas contra a covid-19, principalmente sobre a possibilidade de casos de miocardite derivados da aplica��o dos imunizantes, somou mais de 9,6 mil intera��es nas redes sociais desde 26 de janeiro de 2022. Mas essas alega��es s�o falsas ou enganosas, segundo documentos e especialistas consultados pela AFP.


“Dr Petter McCullough falando no Senado Americano esta semana! Imperd�vel”, diz a legenda de uma publica��o no Instagram, com um v�deo de pouco mais de dois minutos de dura��o com a fala do cardiologista.

A sequ�ncia tamb�m circula no Facebook (1, 2) e no Twitter (1, 2).

Uma busca reversa por capturas de tela da grava��o obtidas por meio da ferramenta InVID-WeVerify* mostrou como resultado uma mat�ria do site Clark County Today de 25 de janeiro de 2022 intitulada: “Veja o painel do senador [Ron] Johnson sobre a covid-19 com os m�dicos Robert Malone, Peter McCullough”, em tradu��o do ingl�s.

O texto inclui o v�deo do evento, chamado “COVID-19: Uma segunda opini�o”, realizado em 24 de janeiro de 2022 e transmitido ao vivo pela plataforma Rumble.

O trecho viralizado de algumas declara��es dadas pelo m�dico Peter McCullough nas redes sociais pode ser visto a partir do minuto 5:05:17.

Veja a seguir a verifica��o da AFP sobre as principais alega��es feitas no v�deo viralizado.

A FDA e os CDC “concordam” que as vacinas causam miocardite: Enganoso

Em sua p�gina sobre casos de miocardite e pericardite ap�s a vacina��o contra a covid-19, os Centros de Controle e Preven��o de Doen�as dos Estados Unidos (CDC) ressaltam que as doen�as foram raramente relatadas ap�s a vacina��o, e que a maioria dos pacientes que recebeu tratamento respondeu bem e teve r�pida melhora.

A organiza��o destaca ainda que continua recomendando a vacina��o de todos os maiores de cinco anos: “Os riscos conhecidos da covid-19 e as complica��es relacionadas, possivelmente severas, como problemas de sa�de de longo prazo, hospitaliza��es e at� mortes, superam de longe os potenciais riscos de ter uma rea��o adversa rara � vacina��o, incluindo um poss�vel risco de miocardite ou pericardite”.

J� a ag�ncia de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (FDA) explicou ao Checamos em 3 de fevereiro de 2022 que monitora a seguran�a das vacinas contra a covid-19: “An�lises conduzidas pela FDA incluem a revis�o de relat�rios individuais, uma an�lise agregada de dados do Vaers [Sistema de Notifica��o de Eventos Adversos de Vacinas], e o desenvolvimento de estudos de caso quando indicado por poss�veis preocupa��es sobre seguran�a”.

“Durante essas revis�es, a FDA descobriu que muitas das notifica��es n�o representam rea��es adversas em decorr�ncia da vacina”.

A ag�ncia detalhou que “isso pode acontecer devido a um diagn�stico incorreto, a registros m�dicos que revelam que os sintomas come�aram antes da vacina��o, ou porque o paciente tem comorbidades que explicam a rea��o adversa”.

Em um comunicado de 31 de janeiro de 2022 sobre a aprova��o de forma permanente da vacina contra a covid-19 da Moderna, a ag�ncia destacou, por meio de uma declara��o do diretor do Centro para Avalia��o e Pesquisa de Biol�gicos da FDA, Peter Marks: “Vacinas seguras e eficazes s�o nossa melhor defesa contra a pandemia da covid-19, incluindo as variantes circulando no momento. O p�blico pode estar seguro de que essa vacina foi aprovada diante de par�metros cient�ficos rigorosos da FDA”.

O imunizante, o segundo confirmado nos EUA depois do da Pfizer, j� havia recebido uma autoriza��o de uso emergencial em 18 de dezembro de 2020.

Um estudo publicado pelo peri�dico The Journal of the American Medical Association (Jama) em outubro de 2021 avaliou a incid�ncia de miocardite em pessoas vacinadas com imunizantes de RNA mensageiro (mRNA) nos Estados Unidos e concluiu que o efeito adverso foi considerado “raro”, com “5,8 casos a cada 1 milh�o de indiv�duos depois da 2ª dose”.

A an�lise destacou, ainda, que os 15 pacientes com miocardite que participaram do estudo tiveram resolu��o dos sintomas com um “tratamento conservador”, sem necessidade de admiss�o em unidade de tratamento intensivo ou de readmiss�o ap�s terem tido alta.

A FDA informou � Pfizer que os imunizantes causam miocardite: Enganoso


Em 26 de outubro de 2021, a FDA publicou um documento informativo, com dados de seguran�a e efic�cia, sobre o pedido de autoriza��o da Pfizer-BioNTech para administrar sua vacina contra a covid-19 especificamente em crian�as de 5 a 11 anos nos Estados Unidos. A ag�ncia aprovou essa amplia��o do uso do imunizante em 29 de outubro.

Nesse arquivo h� um modelo de previs�es para estimar quantas infec��es, hospitaliza��es, interna��es em UTI e mortes por covid-19 seriam evitadas a cada um milh�o de crian�as de 5 a 11 anos totalmente vacinadas contra o coronav�rus nos Estados Unidos e prever quantos casos de miocardite, hospitaliza��es, interna��es em UTI e �bitos atribu�dos � condi��o card�aca poderiam ocorrer ap�s a imuniza��o, considerando a mesma quantidade de crian�as imunizadas. A conclus�o da ag�ncia foi que: “O modelo da FDA prev� que, no geral, os benef�cios da vacina superam seus riscos em crian�as de 5 a 11 anos de idade”.

O risco de miocardite foi avaliado uma vez que casos muito raros dessa inflama��o do m�sculo card�aco t�m sido reportados ap�s a segunda dose de vacinas de RNA mensageiro, como � o caso do imunizante da Pfizer. A Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) informa, em texto atualizado em 24 de janeiro de 2022, que continua monitorando a seguran�a dos imunizantes. “A miocardite e a pericardite podem ser causadas por diversos fatores, incluindo infec��es, v�rus, medicamentos e fatores ambientais. Os dados dispon�veis atualmente sugerem que tamb�m h� uma potencial rela��o entre esses sintomas e vacinas de mRNA. Pesquisas est�o sendo feitas para melhor entender essa rela��o”.

No mesmo texto, a OMS destacou que “os benef�cios dessas vacinas superam de longe os riscos de miocardite e pericardite, por prevenir mortes e hospitaliza��es por covid-19”.

Al�m disso, os poss�veis efeitos adversos, como os casos de miocardite, constam na bula do imunizante da Pfizer: “Casos muito raros de miocardite (inflama��o do m�sculo card�aco) (...) foram relatados ap�s vacina��o com Comirnaty. (...) Geralmente s�o casos leves e os indiv�duos tendem a se recuperar dentro de um curto per�odo de tempo ap�s o tratamento padr�o e repouso”.

Ao Checamos, a Pfizer Brasil ratificou essa informa��o em janeiro de 2022: “At� o momento, especificamente sobre a vacina ComiRNAty, casos muito raros de miocardite e pericardite foram relatados. Os �rg�os de vigil�ncia locais e internacionais competentes endossam que o benef�cio da vacina��o segue se sobrepondo a qualquer risco”.

Entre 18 e 50 anos os riscos das vacinas s�o maiores do que os da covid-19: Falso


“Qualquer pessoa, em qualquer idade, pode contrair a covid-19 e apresentar um quadro grave ou morrer”, afirma a OMS em seu site, apesar de especificar que pessoas maiores de 60 anos correm um risco maior de desenvolver casos graves em decorr�ncia do SARS-CoV-2.

Estudos e an�lises feitos comparando os riscos de miocardite ap�s a vacina��o e depois de contrair a covid-19 mostram que as chances de desenvolver essa doen�a card�aca ap�s a infec��o s�o consideravelmente superiores, embora apontem para o fato de que as probabilidades de efeitos p�s-vacina s�o maiores em indiv�duos menores de 40 anos.

O cardiologista da Imperial College de Londres Ricardo Petraco afirmou ao Checamos em janeiro de 2022: “Quando a gente compara os riscos da covid-19 e os riscos das vacinas, de qualquer [uma] delas, o risco de ter um problema card�aco � muito maior com a doen�a em si do que com a vacina”.

Outros cardiologistas entrevistados pela equipe de checagem da AFP tamb�m assinalam essa rela��o.

“O risco de miocardite devido � infec��o por covid-19 � muito maior do que devido � vacina. Portanto, a rela��o benef�cio-risco da vacina��o anticovid em um pa�s onde o v�rus continua circulando se mant�m positiva”, afirmou Dariouch Dolatabadi, cardiologista do Hospital Universit�rio de Charleroi, na B�lgica, em 27 de outubro de 2021.
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Homem recebe a primeira dose da vacina contra a covid-19 da Moderna em Nova York, em 16 de abril de 2021 ( AFP / ANGELA WEISS) (foto: Reprodu��o)

Estudos que evidenciam riscos elevados de miocardite foram apresentados � FDA e n�o foram questionados: Sem Registro


McCullough cita alguns estudos (1, 2, 3, 4) que supostamente teriam sido apresentados � FDA, “sem terem sido questionados”.

O Checamos fez uma busca no sistema da FDA onde est�o registrados documentos apresentados durante as reuni�es da ag�ncia e n�o encontrou registros de apresenta��o formal dessas investiga��es.

Os CDC registraram 21 mil casos de miocardite nos EUA relacionados �s vacinas: Enganoso


Uma consulta ao Sistema de Notifica��o de Eventos Adversos de Vacinas (Vaers), coadministrado pelos Centro de Controle e Preven��o de Doen�as dos Estados Unidos (CDC) e pela FDA, mostrou que o n�mero de casos de miocardite relatados at� 28 de janeiro de 2022 (�ltima data de atualiza��o at� a publica��o deste texto) diverge dos 21 mil citados por McCullough no v�deo viralizado.

Ao selecionar a op��o “miocardite” e as vacinas contra a covid-19 administradas no pa�s (Pfizer, Moderna e Janssen), o Checamos obteve como resultado 2.486 notifica��es. O site do Vaers atualiza periodicamente os dados e exp�e um balan�o das notifica��es de forma acumulativa.
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Captura de tela feita em 5 de fevereiro de 2022 de pesquisa na plataforma Vaers ( . / ) (foto: Reprodu��o)

A plataforma destaca, contudo, que as informa��es de efeitos adversos ali contidas s�o de casos n�o verificados. “Uma notifica��o ao Vaers n�o significa que a vacina causou uma rea��o adversa”, informa a p�gina do sistema, que ressalta que os casos podem ser relatados por qualquer pessoa.

Em nota enviada � AFP em 21 de janeiro de 2022, os CDC se pronunciaram no mesmo sentido: “O Vaers foi planejado para detectar rapidamente padr�es n�o usuais e n�o esperados de rea��es adversas. O Vaers n�o foi planejado para determinar se uma rea��o adversa foi causada pela vacina”.

N�o � poss�vel constatar, portanto, se os dados de miocardite registrados no sistema t�m ou n�o rela��o causal com as vacinas anticovid.

Esta verifica��o foi realizada com base em informa��es cient�ficas e oficiais sobre o novo coronav�rus dispon�veis na data desta publica��o.

*Uma vez instalada a extens�o InVID-WeVerify no navegador Chrome, clica-se com o bot�o direito sobre a imagem e o menu que aparece oferece a possibilidade de pesquisa da mesma em v�rios buscadores.


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