N�o � poss�vel que um hacker invada um celular de maneira remota ap�s um usu�rio simplesmente apertar uma tecla, segundo especialistas em seguran�a cibern�tica.
Uma mensagem, compartilhada centenas de vezes desde janeiro de 2022 nas redes sociais, alerta para um suposto golpe no qual criminosos ligam para suas v�timas e pedem que teclem '2' caso estejam vacinadas, o que liberaria o acesso ao telefone e a seus aplicativos banc�rios.
Mas especialistas explicaram que o processo para invadir um celular remotamente n�o � t�o simples e n�o confere acesso imediato a aplicativos banc�rios.
Algumas das mensagens (1, 2), compartilhadas tamb�m no Telegram, Twitter e Instagram, identificam que o n�mero que ligaria para aplicar o golpe seria 95004-1117, sem especificar o c�digo de Discagem Direta � Dist�ncia (DDD), que identifica a qual �rea urbana o n�mero pertence.

Cristian Borghello, consultor em seguran�a da informa��o e diretor do portal Segu-Info da Argentina, disse � AFP em 10 de agosto de 2022 que este tipo de mensagem � considerada um trote, e que circula tamb�m em outros idiomas. De fato, a AFP identificou mensagens semelhantes em ingl�s, que j� circulavam em 2021.
Esse tipo de mensagem 'simplesmente tem como objetivo incomodar, ou fazer com que o usu�rio que a recebe responda ou encaminhe-a para tentar obter novos n�meros de telefone, que podem ser usados em golpes reais', alertou.
Borghello destacou que, caso o usu�rio n�o tenha instalado nenhum aplicativo previamente, n�o � poss�vel ter acesso a todos os dados do celular ou tomar o controle do dispositivo da maneira descrita.
Nesse sentido, o pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Mendes, especializado em Redes e Seguran�a, tamb�m afirmou � AFP que desconhece qualquer forma de hackear um celular se o usu�rio apenas apertar uma tecla em uma liga��o fraudulenta.
Os golpes mais comuns, ressaltou o docente, s�o aqueles que tentam induzir a v�tima a passar informa��es como c�digos de confirma��o, senhas, n�meros de cart�es, dados pessoais, entre outros. '� a chamada engenharia social. A melhor maneira de prote��o � nunca passar tais informa��es, especialmente via telefone e quando n�o se tem certeza quem est� do outro lado', ressaltou.
Luciano Coelho, CEO do Observat�rio dos Crimes Cibern�ticos (OCC), tamb�m destacou que, tecnicamente, � poss�vel tomar o controle de um celular remotamente, mas esse � um processo que requer uma estrutura muito superior � que geralmente � usada em tentativas de fraude massivas.
'Ent�o � muito improv�vel que voc� consiga fazer a invas�o de um dispositivo sem que a pessoa d� acesso de alguma forma. A pessoa tem, por exemplo, que fazer download de um link que contenha um malware [software malicioso]', explicou.
Al�m disso, mesmo que algu�m tome o controle do dispositivo, Coelho destaca que ainda seria necess�rio passar por todas as barreiras de seguran�a dos aplicativos, como os de banco, para poder realizar transfer�ncias banc�rias.
Tentativas de golpe reais
Apesar da mensagem que circula n�o apresentar uma possibilidade real de golpe, Borghello destaca que existe, no entanto, outra maneira de redirecionar chamadas de um n�mero para outro, o que facilitaria uma fraude.
'Nesse caso, s�o usados os chamados c�digos MMI, mas eles exigem que a v�tima insira c�digos diferentes que come�am com um "*" e terminam com um "#"', explicou.
Al�m de ignorar este tipo de mensagem ao receb�-la, para evitar a possibilidade de ataques reais, o consultor tamb�m aconselha a nunca enviar dados pessoais, bloquear n�meros desconhecidos, atualizar o sistema operacional do dispositivo e instalar um antiv�rus.
O OCC tamb�m disponibiliza um documento gratuito com os 50 tipos de golpes mais praticados na internet e como se proteger.
O Minist�rio da Sa�de tamb�m informou � AFP que desde o in�cio da campanha de vacina��o contra a covid-19 tem alertado a popula��o sobre tentativas de golpes pelo celular, e refor�ou que n�o solicita nenhum tipo de dado pessoal como CPF ou dados banc�rios, e nem envia quaisquer tipos de c�digos para usu�rios do sistema de sa�de.