O presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), em seu terceiro mandato, n�o reconduziu Nestor Cerver� � dire��o da �rea Internacional da Petrobras, como sugerem publica��es compartilhadas dezenas de vezes nas redes sociais desde 17 de maio de 2023.
O cargo ocupado por ele anteriormente foi extinto e, em nota, a Petrobras informou que Cerver� n�o tem v�nculo com a empresa. Al�m disso, por ser condenado pela Justi�a, ele n�o pode ocupar cargo p�blico comissionado.
'Olhem quem est� reassumindo o mesmo cargo? Ele mesmo. N�stor Cerver�, delator preso, confessou os crimes, e agora lula o renomeia para o mesmo cargo. Brincadeira ou n�o?', diz uma publica��o compartilhada no Facebook, no Kwai, no Instagram, no Telegram e no Twitter.

Mas uma busca por palavras-chave n�o mostrou informa��es recentes na imprensa sobre a suposta indica��o de Nestor Cerver� � Petrobras. Uma segunda pesquisa pela atual composi��o da dire��o da empresa tampouco mostra o nome do engenheiro qu�mico no quadro.
Devido aos casos de corrup��o investigados a partir de 2014 na Opera��o Lava Jato, a Petrobras realizou uma mudan�a e extinguiu a ent�o diretoria da �rea Internacional, onde Cerver� est� alocado, substituindo-a, em novembro daquele ano, pela diretoria de Governan�a, Risco e Conformidade.
N�o seria poss�vel, portanto, que Cerver� tivesse voltado a ocupar 'o mesmo cargo', como asseguram as publica��es.
O primeiro diretor nomeado para a nova diretoria de Governan�a, Risco e Conformidade foi Jo�o Adalberto Elek J�nior, em janeiro de 2015, ap�s um processo seletivo conduzido pela empresa Korn Ferry. Hoje, o posto � ocupado por M�rio Spinelli.
Cerver� tampouco poderia ocupar outro cargo em comiss�o devido a seu hist�rico de condena��es na justi�a.
Impedido de exercer cargo p�blico em comiss�o
Nestor Cu�at Cerver�, de 71 anos, � um engenheiro qu�mico que atuou como diretor da �rea Internacional na Petrobras entre 2003 e 2008. Ele era funcion�rio de carreira da petroleira desde 1975.
Ainda em 2008, passou a ser diretor financeiro da BR Distribuidora, que era uma subsidi�ria da estatal at� 2017, quando come�ou a ser privatizada em um processo finalizado em 2021, passando a se chamar Vibra Energia. Cerver� esteve no cargo indicado pelo ent�o presidente Lula e permaneceu at� 2014.
O ex-diretor foi alvo das investiga��es da Opera��o Lava Jato, com o objetivo de desvendar casos de corrup��o envolvendo a Petrobras, que culminou em sua exonera��o do cargo na BR Distribuidora. Ele foi preso em janeiro de 2015 por suspeita de corrup��o e lavagem de dinheiro. Por esses crimes, o ex-diretor foi condenado a cinco anos de pris�o em regime fechado meses depois.
Cerver� tamb�m � conhecido por ter sido o respons�vel pelo relat�rio, em 2006, sobre a compra da refinaria de petr�leo de Pasadena, nos Estados Unidos, que gerou preju�zo para a Petrobras. Na �poca, a estatal pagou US$ 360 milh�es por 50% da refinaria, valor muito superior ao que foi pago um ano antes pela belga Astra Oil pela refinaria inteira (US$ 42,5 milh�es).
A ex-mandat�ria Dilma Rousseff (PT) era a presidente do Conselho de Administra��o da Petrobras na ocasi�o da compra da refinaria e afirmou, em depoimento � Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR), em 2014, que foi a favor da aquisi��o por n�o saber os detalhes do contrato que seria firmado.
Em 2016, Cerver� fechou um acordo de dela��o premiada em que disse que a ex-presidente teria conhecimento de detalhes da negocia��o relativas � compra de Pasadena.
Em 2017, o Tribunal de Contas da Uni�o condenou Cerver� e o ex-presidente da Petrobras Jos� S�rgio Gabrielli pelo envolvimento no neg�cio da refinaria, enquanto Dilma e o Conselho foram inocentados. Cerver� e Gabrielli tamb�m ficaram inabilitados de exercer qualquer cargo p�blico em comiss�o por oito anos.
Em nota ao Comprova, projeto do qual o AFP Checamos faz parte, a Petrobras confirmou que Nestor Cerver� n�o tem v�nculo com a empresa.
Esse texto faz parte do Projeto Comprova. Participaram jornalistas da Gazeta, O Popular e Poder360. O material foi adaptado pelo AFP Checamos.