M�dicos de diversas especialidades v�o protestar, mais uma vez, a partir da pr�xima semana contra o que consideram abusos cometidos pelas operadoras de sa�de. Entre os dias 10 e 25 de outubro, al�m de promover atos p�blicos, como passeatas e concentra��es, os profissionais ir�o suspender, em v�rios estados, consultas e procedimentos eletivos com o uso de guias de conv�nios que n�o negociaram com a categoria.
A mobiliza��o est� sendo articulada por tr�s entidades que representam a classe m�dica nacionalmente - Conselho Federal de Medicina, Associa��o M�dica Brasileira e Federa��o Nacional dos M�dicos – e o cronograma da suspens�o dos atendimentos est� sendo definido por comiss�es estaduais.
“As remunera��es s�o baix�ssimas, especialmente se levarmos em considera��o a responsabilidade que a atividade m�dica envolve. O que temos visto ao longo dos anos � que as operadoras aumentam as mensalidades que cobram dos usu�rios utilizando �ndices acima da infla��o ao passo que reajustam os honor�rios com �ndices inferiores � infla��o.”
Mein�o informou que, em geral, um m�dico que atende no estado de S�o Paulo, por exemplo, recebe entre R$ 25 e R$ 60 por uma consulta a pacientes de planos de sa�de. A categoria considera que o valor m�nimo aceit�vel � R$ 80. Ele acrescentou que uma das defasagens mais evidentes est� relacionada � atividade de obstetras, que recebem das operadoras de sa�de, em m�dia, R$ 300 por parto realizado.
“H� fam�lias que pagam mais do que isso para contratar cinegrafistas que registram o parto. O valor pago a obstetras � uma aberra��o”, criticou.
Para ele, o cen�rio torna o credenciamento nas operadoras pouco atrativo para muitos m�dicos, o que agrava a “situa��o cr�tica” que os usu�rios de plano de sa�de enfrentam no pa�s, como a demora para marcar consultas e a espera prolongada em servi�os de emerg�ncia. Por terem descumprido prazos m�ximos para a marca��o de consultas, exames e cirurgias, 301 planos de sa�de administrados por 38 operadoras n�o poder�o ser vendidos em todo o Brasil, a partir da pr�xima sexta-feira, conforme decis�o anunciada ontem pela Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar (ANS).
Florisval Mein�o lembrou que recente pesquisa encomendada pela Associa��o Paulista de Medicina ao Instituto Datafolha revelou que, somente no estado de S�o Paulo, quase oito em cada dez usu�rios de planos de sa�de enfrentaram problemas no atendimento, como superlota��o e longas esperas nos hospitais. De acordo com a ANS, S�o Paulo concentra quase a metade da popula��o brasileira que paga planos e seguros de sa�de. S�o 18,4 milh�es de usu�rios de um total de 47,8 milh�es no pa�s.
O vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Alo�sio Tibiri�a, tamb�m criticou os honor�rios pagos aos m�dicos e lamentou a lentid�o nas negocia��es com as operadoras. Ele lembrou que desde o ano passado a categoria promoveu protestos em tr�s ocasi�es pelos mesmos motivos.
“Estamos no limite da paci�ncia em rela��o ao assunto, por isso em outubro vamos promover essa mobiliza��o pela valoriza��o da medicina e pela melhoria da sa�de como um todo no Brasil”, disse, citando levantamento da entidade que aponta aumento acumulado de 150% nos ganhos das operadoras nos �ltimos dez anos, “enquanto os ganhos dos m�dicos n�o chegaram nem � metade disso”.
A Federa��o Nacional de Sa�de Suplementar (FenaSa�de), que representa 15 grupos de operadoras de sa�de, informou, por meio de nota, que respeita a manifesta��o dos m�dicos, mas ressaltou que suas associadas concedem reajustes regulares para os procedimentos e consultas com �ndices acima da infla��o e at� do teto estabelecido pela ANS para o reajuste anual dos planos individuais.
A entidade acrescentou que, no acumulado de 2005 a 2011, os honor�rios dos m�dicos credenciados �s operadoras associadas aumentaram 71,56%, enquanto a infla��o acumulada no per�odo, segundo o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), foi 41,88% e o �ndice acumulado do reajuste da ANS, 66,48%.