A partir desta quarta-feira m�dicos dos planos de sa�de de todo o Pa�s iniciam uma greve de 15 dias em defesa de reajuste m�dio de 50% na tabela de servi�os e o fim do que chamam "interven��es anti�ticas" que as operadoras estariam exercendo sobre os profissionais para baixar os custos dos tratamentos em preju�zo dos pacientes. Os servi�os de urg�ncia e emerg�ncia n�o ser�o afetados, mas as consultas e a chamada assist�ncia eletiva, mesmo marcadas com meses de anteced�ncia, ser�o reagendadas para depois da greve.
Os outros estados que ter�o paralisa��o seletiva s�o: Bahia, Goi�s, Maranh�o, Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em cinco unidades (Amap�, Cear�, Distrito Federal, Par� e Roraima), a categoria decidiu fechar acordo com as operadoras e, a princ�pio, n�o haver� paralisa��o. Nas outras sete (Alagoas, Esp�rito Santo, Para�ba, Paran�, Rio de Janeiro, Sergipe e Tocantins), a ades�o ser� decidida em assembleias na ter�a-feira e quarta-feira.
Em entrevista, o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Alo�sio Tibiri��, explicou que a paralisa��o foi inevit�vel diante da intransig�ncia das operadoras na rela��o com os m�dicos e da deteriora��o da qualidade do atendimento aos usu�rios. Ele disse que est� havendo evas�o de profissionais e que o sistema caminhar� para o caos se n�o houver interven��o do poder p�blico. "Estamos caminhando para um apag�o na sa�de suplementar", enfatizou. "O m�dico hoje � tratado como o b�ia-fria da sa�de", criticou.
Por consulta, o m�dico recebe das operadoras em m�dia R$ 45. A proposta da categoria � que os valores sejam fixados entre R$ 60 e R$ 80, conforme a complexidade da �rea. A categoria pede tamb�m a cria��o de um indexador que permita o reajuste da tabela de servi�os com a mesma periodicidade do aumento na mensalidade dos usu�rios. Eles exigem ainda o fim das interven��es das operadoras na autonomia da rela��o m�dico-paciente, al�m do estabelecimento de sistema de contrato com o m�nimo de garantias aos profissionais.
Hoje, segundo M�rcio Bichara, secret�rio de Sa�de Suplementar da Federa��o Nacional dos M�dicos, o repasse dos reajustes das mensalidades dos conv�nios n�o est� sendo feito aos m�dicos. De 2000 a 2011, os reajustes autorizados pela Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar (ANS) �s operadoras somaram 150,89%, mas apenas 65% foram repassados aos m�dicos. No per�odo, o IPCA teve varia��o de 119,8%.
Segundo Tibiri��, o setor de sa�de suplementar passa por grave crise de credibilidade. Levantamento do CFM mostra que dois em cada dez pacientes dos planos est�o buscando atendimento no Sistema �nico de Sa�de (SUS) - a deteriora��o do atendimento dos planos tem causado filas cada dia mais semelhantes �s do SUS. "Os planos boicotam os tratamentos de alto custo, abreviam interna��es e pressionam os m�dicos a adotar medidas de conten��o que amea�am a efic�cia do tratamento dos pacientes", denunciou.
Pesquisa recente realizada pela Associa��o Paulista de Medicina (APM) revelou que oito em cada dez pacientes tiveram problemas no atendimento nos �ltimos dois anos. Em todo o Pa�s, essa propor��o representa um total de 40 milh�es de pacientes, num universo de 50 milh�es de usu�rios de planos de sa�de. Em 65% dos casos, o problema ocorreu no agendamento de consulta, devido � escassez cada vez maior de profissionais. "A evas�o de m�dicos atinge n�veis preocupantes", disse Tibiri��.