Elaine Gon�alves, de 63 anos, � considerada uma mulher forte. N�o mede mais que 1,60 metro e, por tr�s das lentes espessas dos �culos de grau, exibe um olhar firme. Na quarta-feira (30), mais do que nunca, viu ser exigida de si mesma essa for�a pela qual � reconhecida. Enterrou no Cemit�rio Municipal de Santa Maria seu segundo filho em menos de tr�s dias.
Gustavo perdeu a vida horas depois de ter a morte cerebral constatada. Foi intoxicado pela fuma�a do inc�ndio na casa noturna e sofreu queimaduras graves durante a trag�dia. Deivis foi reconhecido por parentes ainda no domingo, no Centro Desportivo Municipal de Santa Maria, para onde os corpos das v�timas foram levados ap�s a trag�dia.
“Eu criei, cuidei, orei pelos meus filhos, mas Deus estipulou um tempo certo para eles. Ent�o, o que resta para mim � aceitar”, afirmou no vel�rio de Gustavo, na capela do Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo, em Santa Maria.
Os dois irm�os moravam com a m�e. “N�o eram de sair”, disse Elaine. Naquele s�bado � noite, decidiram n�o ficar em casa. “Se arrumaram felizes, contentes e eu pensei: ‘V�o se divertir, s�o jovens. Eu fui muito festeira’.” Na manh� de domingo (27), Elaine acordou com o ru�do de seu telefone tocando. Uma amiga pedia que ela ligasse a televis�o para assistir ao notici�rio. “Quando ligamos a TV, j� falavam em 90 corpos”, disse.
Desesperada, ela iniciou a busca pelos filhos. Primeiro encontrou Gustavo internado - e foi instru�da a viajar com ele para Porto Alegre. “Eu disse que s� iria mais tarde, porque precisava encontrar ainda meu outro filho, que eu n�o sabia onde estava.” Depois de passar por v�rios hospitais, descobriu o corpo de Deivis. O rapaz foi enterrado segunda-feira. Ap�s a morte do primeiro filho, ela acompanhou apreensiva o estado de sa�de de Gustavo, que ficou sedado durante a interna��o.