
O pai de Welliton foi para Coronel Xavier Chaves no final da d�cada de 1970 e conheceu a m�e dele, Marta Maria dos Santos, hoje com 56 anos. Ap�s saber da not�cia da gravidez ele n�o quis assumir a responsabilidade e deixou o emprego e o filho que nasceria. Por�m, ap�s 22 anos o pai de Welliton estava trabalhando em uma obra na Rodovia Fern�o Dias e encontrou um colega de Resende Costa, cidade vizinha de Coronel Xavier Chaves.
Ele contou para o amigo que, provavelmente, tinha deixado um filho em Coronel Xavier Chaves. Quando chegou a Resende Costa o colega do pai de Welliton procurou o motorista do �nibus da linha que liga as duas cidades, narrou a hist�ria e passou o nome da m�e do jovem. O motorista morava no mesmo bairro, a Vila Nossa Senhora de F�tima, procurou Welliton e pediu que passasse todos os seus dados pessoais. “N�o entendi muito bem. Achei que ele fosse me indicar para algum emprego”, lembra.
Por�m, semanas depois chegou uma carta com um pedido de desculpas e com a apresenta��o do pai. “Eu sabia que meu pai se chamava Luiz�o, mas na carta veio escrito que ele se chamava Ad�o. Fiquei na d�vida”, lembra. A troca de nomes, ali�s, era um recurso usado pelos trabalhadores para passarem inc�lumes �s aventuras amorosas.
A confirma��o veio quando o pai disse que havia visto a m�e de Welliton no Terminal Rodovi�rio Tiet�, em S�o Paulo, mas n�o conversou com ela. Wellinton s� teve a certeza da identidade do pai ap�s saber disso, pois j� havia escutado a mesma hist�ria da m�e. Agora, ele mant�m contato com todos os lados da fam�lia. Com a m�e e os quatro irm�os que vivem na capital paulista, e com o pai e as duas irm�s que ganhou, em Camanducaia, no Sul de Minas. Wellinton � presb�tero em uma igreja evang�lica e trabalha em uma firma de eventos. Casado e pai de tr�s filhos ele constr�i sua casa e se sente aliviado de ter resolvido um dilema de seu passado. “Sempre que vejo o trem passar lembro da hist�ria do meu pai”, conta..
Recado A chegada dos milhares de trabalhadores para a constru��o de tr�s viadutos e dois t�neis da ferrovia nas proximidades de Coronel Xavier Chaves mudou para sempre a vida das irm�s Carmem e Aparecida Maria dos Santos, de 56 e 53 anos. Aparecida casou com um dos trabalhadores, que veio de Florian�polis (SC), enquanto a irm� Carmem n�o teve o mesmo destino. Namorou outro catarinense, de Porto Uni�o, mas quando estava gr�vida de dois meses o namorado n�o assumiu a paternidade e partiu.
A filha de Carmem, Jussara Aparecida dos Santos, atualmente com 36 anos, passou mais de 30 anos sem saber quem era seu pai. Quando j� era casada, tinha um filho e estava gr�vida da segunda filha, recebeu um recado. Era de uma irm� de quem ela nem sabia da exist�ncia, que se chama Margarete, hoje com 34 anos. Margarete tamb�m s� soube que tinha uma irm� quando por acaso ouviu uma conversa de sua m�e. Ela n�o sossegou enquanto n�o fez contato com Jussara.
Margarete ligou para a prefeitura da cidade e falou com uma amiga de Jussara. Por azar n�o falou com a pr�pria irm�, que � �poca era atendente na prefeitura. “Fiquei muito emocionada. Estava na �ltima semana de gravidez e combinei com ela de eles virem me visitar”, conta Jussara. O pai, com a atual fam�lia, vive em Santo Andr�, no ABC Paulista, e desde ent�o vai a Coronel Xavier Chaves todos os anos visitar a filha e os dois netos.
“Eu sempre quis saber quem era meu pai, mas n�o perguntava � minha m�e, pois foi algo que a machucou muito”, lembra Jussara. A m�e, Aparecida, recorda que quando ficou gr�vida virou alvo de fofocas e intrigas na cidade. “S� n�o me jogaram pedra, pois eu n�o sa�a de casa”, exagera Aparecida, que ap�s quase 40 anos trata a situa��o com bom humor.
Esperan�a Isabel Cristina Dam�sio, de 34 anos, n�o teve a mesma sorte de Jussara e Welliton. “Quando algu�m fala do meu pai eu tenho muita vontade de conhec�-lo”, afirma a esteticista, de Itabirito, na Regi�o Central do estado. Do pai ela sabe apenas os dois primeiros nomes – Jos� Ant�nio – e que ele veio do Rio de Janeiro, funcion�rio da Camargo Corr�a para trabalhar na obra da Ferrovia do A�o no final da d�cada de 1970.
Moradora do Bairro Santa Rita, Isabel acredita que � muito mais f�cil para o pai encontr�-la do que ela buscar por ele. “Se ele voltar aqui ele me encontra rapidinho. � s� ele ir aonde minha m�e morava que todos os vizinhos continuam l�”, acredita. Isabel nunca viu foto de seu pai e o que sabe ouviu de sua m�e. “Ele era claro e do cabelo loiro. Minha m�e diz que eu sou a cara dele”, afirma.