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Estado de Minas

Protesto na Rocinha pede que policiais entreguem corpo de Amarildo


postado em 02/11/2013 16:13 / atualizado em 02/11/2013 16:23

Parentes, amigos e membros de ONGs acompanham a família do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza até a sede da UPP da Rocinha(foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)
Parentes, amigos e membros de ONGs acompanham a fam�lia do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza at� a sede da UPP da Rocinha (foto: Fernando Fraz�o / Ag�ncia Brasil)

Cerca de 50 pessoas, entre parentes, amigos e membros de organiza��es n�o governamentais (ONGs), acompanharam hoje (2), Dia de Finados, a fam�lia do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, em uma caminhada at� a sede da Unidade de Pol�cia Pacificadora (UPP), no alto da comunidade da Rocinha, onde fizeram o enterro simb�lico de um manequim, que representava Amarildo. No dia 14 de julho, Amarildo foi levado por policiais da UPP para averigua��o at� a base da unidade e desapareceu. At� agora, 25 policiais militares foram indiciados, acusados de participa��o na tortura e morte do ajudante de pedreiro.

Segurando m�scaras com o rosto do pedreiro e faixas de protesto, os manifestantes exigiam da pol�cia que entregasse os restos mortais de Amarildo para que pudessem ser enterrados. A mulher do pedreiro, Elizabeth Gomes da Silva, disse estar homenageando o marido no Dia de Finados, embora sem saber o destino que deram ao seu corpo.

“A pior coisa � matarem algu�m da sua fam�lia e voc� n�o ter como enterrar o corpo. Eu gritei desde o come�o e estou gritando at� agora, porque quero os restos mortais do Amarildo. Porque os policiais est�o presos, mas at� agora n�o deram o corpo do meu marido, pelo menos os ossos, para a gente dar um enterro digno”. Elizabeth garantiu que vai continuar lutando at� que os restos mortais de Amarildo sejam entregues � fam�lia.

O diretor executivo da ONG Rio de Paz, Antonio Carlos Costa, que organizou a caminhada, disse � Ag�ncia Brasil que a reivindica��o da fam�lia de Amarildo � um desejo leg�timo. “N�s entendemos que esse caso, a forma como a sociedade, os meios de comunica��o, est�o lidando com ele, � um divisor de �guas na hist�ria da seguran�a p�blica do Rio de Janeiro”. Ele lembrou que, h� 20 anos, a morte de um pobre n�o causaria tamanhas como��o nem mobiliza��o. “Isto porque um Brasil novo est� emergindo. Um Brasil em que n�o cola mais voc� tentar desqualificar a v�tima na perspectiva de justificar o ato criminoso”.
O corpo está perdido desde 14 de julho(foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)
O corpo est� perdido desde 14 de julho (foto: Fernando Fraz�o / Ag�ncia Brasil)

Costa salientou a import�ncia de se atentar para o fato de que as fam�lias dos policiais envolvidos tamb�m foram destru�das. “Uma pol�tica de seguran�a p�blica est� sendo questionada, porque, por tr�s disso tudo, h� desigualdade social”.

O presidente do Movimento Popular de Favelas e membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos, William de Oliveira, questionou como o governo fluminense pode dizer que a comunidade est� pacificada se ontem seus moradores acordaram com o barulho de rajadas de tiros. “O governo est� de maquiagem, fazendo pol�tica”, acusou. � Ag�ncia Brasil, Oliveira disse estar ali para cobrar do Estado direitos e deveres. “A inten��o aqui n�o � discriminar qualquer policial, mas mostrar a nossa indigna��o. Saber realmente onde est� o corpo do Amarildo e que outras fam�lias sejam contempladas da mesma forma”.

Oliveira traduziu o sentimento geral dos manifestantes de estarem cansados do que qualificou de “pacifica��o virtual”. “A pacifica��o era um sonho, que se tornou pesadelo na vida de muitos moradores, mas n�o por culpa dos policiais, porque eles servem a um compromisso de governo. Trocam-se v�rios comandantes, v�rios delegados, e o problema continua”. Ele sugeriu que, “talvez, tenha que trocar o chefe que est� acarretando tudo isso, que � o secret�rio de Seguran�a P�blica [Jos� Mariano Beltrame], para que novas ideias possam criar novos canais de di�logo”. Oliveira observou que o mesmo problema ocorre em outras comunidades que t�m UPPs. “O que n�s queremos � di�logo, respeito e mais parceria”.

Gritando frases como “UPP pra qu�? Para matar ou para morrer?”, “Au, au, au, cachorrinho do Cabral”, “Ino, ino, ino, cemit�rio clandestino”, os manifestantes foram dando ao ato uma conota��o cada vez mais pol�tica, com apoio de partidos, como o PSTU, e centrais sindicais, como a Central �nica dos Trabalhadores (CUT) e a Central Sindical e Popular (Conlutas). A sobrinha de Amarildo, Michelle Lacerda, defendeu o direito de ir e vir dos filhos dos moradores da favela e acusou o governo de S�rgio Cabral, assegurando que as UPPs s�o “uma pol�tica que de seguran�a n�o tem nada”.

Tr�s motociclitas da pr�pria UPP escoltaram os participantes da passeata at� a base da unidade, onde foram recebidos pela comandante, major Pricilla de Oliveira Azevedo. Ela permitiu que os manifestantes entrassem no local para reverenciar Amarildo, desde que o ato fosse feito de maneira pac�fica, o que de fato ocorreu. A major Pricilla n�o quis falar com a imprensa. De acordo com den�ncia feita na ocasi�o pelo movimento social Favela N�o se Cala, mais de 10 mil pessoas morreram nas favelas do Rio de Janeiro na �ltima d�cada.

Apesar do movimento da fam�lia, que reclama os restos mortais de Amarildo, ao longo do percurso foram ouvidas v�rias express�es de insatisfa��o dos moradores com a passeata e a indefini��o do caso do ajudante de pedreiro, que se arrasta h� quatro meses.


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