No meio do caos vigente no Complexo Penitenci�rio de Pedrinhas, presos se reuniram para tentar se legitimar como autoridades para controlar a desordem. Foi quando detentos do Primeiro Comando do Maranh�o (PCM) fizeram uma grande rebeli�o, no dia 8 de novembro de 2010, com 18 mortos - tr�s deles decapitados.
"Foi quando teve in�cio o ciclo de assassinatos que viriam a ocorrer nos anos que se seguiram", diz o advogado Luiz Antonio Pedrosa, da Comiss�o.
Diferentemente do que ocorreu em S�o Paulo, onde o PCC se tornou uma for�a praticamente hegem�nica nos pres�dios, no Maranh�o houve o surgimento de uma fac��o rival, com for�a parelha ao PCM. O Bonde dos 40 foi criado em seguida para proteger os presos que se sentiam amea�ados.
A rivalidade foi estimulada pelo pr�prio modelo do sistema penitenci�rio maranhense. Com 2.196 detentos em oito unidades (4 penitenci�rias, uma casa de deten��o, um centro de cust�dia, um centro de triagem e um centro de deten��o provis�ria), o Complexo Penitenci�rio de Pedrinhas � uma esp�cie de Complexo do Carandiru Maranhense, concentrando mais da metade dos 4.2 mil presos do Estado. "O atual governo optou por concentrar os presos do sistema na capital", diz o vice-presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenci�rio do Maranh�o, Cezar Castro Lopes.
O PCM foi criado por presos do interior justamente para lutar por espa�o nas penitenci�rias de S�o Lu�s. O rival Bonde dos 40 foi formado por detentos da capital e da regi�o metropolitana. A rivalidade provocou o ciclo de mortes e vingan�as.
A situa��o se agravou no ano passado, quando 60 presos foram assassinados no complexo. O �pice da crise ocorreu em outubro na Casa de Deten��o. Nos dois primeiros dias do m�s, uma rebeli�o causou a morte de cinco detentos. A resposta veio no dia 9, com a morte de mais 9 pessoas. Os 18 mortos em outubro superaram os 12 assassinatos do ano anterior.
Novas mortes ocorreram em dezembro. Um v�deo divulgado pelo jornal "Folha de S.Paulo", gravado pelos detentos em 17 de dezembro, mostrou tr�s presos decapitados. N�o foram as piores ocorr�ncias. Um presidi�rio morto nessas rebeli�es teve o cora��o retirado e um p� decepado colocado em seu peito.