A participa��o de civis, especialmente do empresariado, no golpe militar de 1964 foi tema de semin�rio, neste s�bado, na capital paulista, organizado pelo grupo de trabalho Ditadura e Repress�o aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical em parceria com a Comiss�o Nacional da Verdade (CNV). Na ocasi�o, quatro pesquisadores apresentaram trabalhos que mostram a forma como as empresas se beneficiaram e apoiaram a ditadura militar no pa�s.
Um dos trabalhos foi apresentado pela jornalista Denise Assis, que analisou o acervo em v�deo do Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (Ip�s). Criado por empres�rios cariocas e paulistas, o grupo tinha como objetivo criar as bases de uma oposi��o para impedir o avan�o dos ideais socialistas no pa�s. “Foram produzidos 14 filmes que serviram de instrumento de convencimento da sociedade para que aceitasse e ansiasse pelo golpe”, explicou a pesquisadora.
Em seu trabalho de mestrado em hist�ria, Jorge Jos� de Melo analisou o financiamento do empresariado paulista � Opera��o Bandeirantes (Oban), estrutura governamental que antecedeu o Destacamento de Opera��es de Informa��es do Centro de Opera��es de Defesa Interna (DOI-Codi). Ele estuda, sobretudo, a trajet�ria de Henning Albert Boilesen, presidente, � �poca, da empresa Ultragaz. “A estrutura da Oban foi montada por empres�rios, por iniciativa deles, e encampada pelo Ex�rcito. Houve uma participa��o civil maior [dos empres�rios] do que a gente imagina na ditadura brasileira”, avaliou.
O professor Pedro Campos, do Departamento de Hist�ria da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), apresentou sua tese sobre a participa��o das empreiteiras no financiamento do golpe militar. “Trata-se de uma ditadura militar, mas � necess�rio qualificar esse elemento civil. N�o foi toda a sociedade brasileira que aderiu � ditadura e ao golpe”, declarou. Durante o debate, avaliou-se que � preciso responsabilizar institucionalmente essas organiza��es, pois grupos que se fortaleceram naquele momento continuam existindo e det�m grande poder econ�mico.
O procurador da Rep�blica, Marlon Alberto Weichert, mestre em direito constitucional, tamb�m contribuiu para o debate com a an�lise do financiamento dos atos de viola��o aos direitos humanos por empres�rios durante a ditadura militar.