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Estado de Minas

Porto de Suape se torna ponto de tr�fico e prostitui��o

Crescimento leva problemas das grandes cidades e estrutura de governo fica defasada


postado em 14/04/2014 08:08 / atualizado em 14/04/2014 08:25

Crianças viram alvos fáceis de turistas e estivadores(foto: MONIQUE RENNE/CB/D.A PRESS)
Crian�as viram alvos f�ceis de turistas e estivadores (foto: MONIQUE RENNE/CB/D.A PRESS)
A pujan�a econ�mica do Porto de Suape, a 40 quil�metros de Recife, n�o se reflete nas comunidades vizinhas. S� nos �ltimos cinco anos, mais de 40 mil pessoas se mudaram para o entorno do terminal para trabalhar, atra�das por sal�rios mais altos que a m�dia. Cidades pequenas e, at� ent�o, pacatas viram a viol�ncia aumentar, o uso de drogas tornar-se comum e a explora��o sexual ser usada como fonte de renda de fam�lias com numerosos filhos. Cabo de Santo Agostinho (PE) � uma delas. Com 185 mil habitantes, a cidade virou ponto de tr�fico e de prostitui��o, sem qualquer refor�o na rede de prote��o ao menor. Em mar�o, o Conselho Tutelar de Cabo de Santo Agostinho ficou fechado durante 10 dias, por falta de pagamento da conta de energia el�trica. Apenas uma Kombi transporta os conselheiros. O carro quebra com frequ�ncia e � preciso trabalhar a p�.

Luana*, de 13 anos, � uma das jovens assistidas pelo Conselho Tutelar da regi�o do Cabo. Aos 11, ela fugiu de casa pela primeira vez. Sem mala ou documentos, mudou-se para Porto de Galinhas com o marido da irm�, um homem de 28 anos, traficante e usu�rio de drogas. “Dormia com um rev�lver do lado do travesseiro para proteger a boca de fumo. Eu usava droga tamb�m, em troca, dormia com ele. Depois, ele cansou e eu tamb�m. Eu tinha 12 anos.” O nome masculino tatuado no bra�o da menina n�o a deixa esquecer que foi tratada como objeto e propriedade. Seduzida, ela deixou que o traficante a marcasse como gado. As feridas invis�veis, por�m, superam as cicatrizes externas. “Era crian�a quando ele me levou. Arrependi de ter gostado dele”, confessa. Luana � dependente qu�mica, sai com os homens da cidade em troca de uma por��o de crack ou de maconha. Em dezembro, foi estuprada por dois homens e os denunciou � Justi�a. Desde ent�o, � amea�ada de morte pelos algozes, que est�o soltos.

H� meses, Luana frequenta uma igreja evang�lica, levada pela m�e, e tenta encontrar felicidade. Planeja estudar e arrumar emprego para iniciar tratamento dent�rio. Ela nunca foi ao dentista, tamb�m n�o frequenta a escola. “N�o gosto de sonhar alto, porque chega bem ali na frente e n�o acontece. Ent�o, � melhor nem sonhar muito”, afirma, com a voz e o pensamento endurecidos.

F�RIAS A antecipa��o de f�rias por conta da Copa do Mundo pode agravar as viola��es dos direitos da inf�ncia durante o evento. “No Mundial, todas as crian�as estar�o fora da escola e n�s sabemos que muitos pais n�o t�m com quem deixar seus filhos. Dessa forma, elas ficar�o ainda mais expostas, esse � um fator de risco”, diz a coordenadora de programas da Childhood Brasil, Anna Flora Werneck.

No Porto de Salvador, onde j� � grande a circula��o de crian�as e adolescentes, o problema deve se agravar. Kelly*, de 13 aos, Marta*, de 16, e Joana*, de 17, deixaram as casas onde moravam com suas fam�lias para viver na rua. “� melhor suportar a rua do que a minha casa, com meu padrasto bebendo e infernizando a minha vida”, justificou Marta. Das tr�s, Kelly � a �nica que ainda mant�m rela��es com a fam�lia. As outras duas garotas est�o sempre juntas, para tentar se proteger da viol�ncia. Joana � filha de traficantes. N�o tem casa desde os 5 anos. Acostumou-se a receber ofertas sexuais em troca de R$ 5. Ser mulher precocemente nas ruas de Salvador exige manobras pela sobreviv�ncia. Meninas raspam os cabelos e tentam esconder os seios, para se passar por garotos. “Assim a gente fica mais de boa. At� os policiais mexem com a gente, tia”, conta Gabriela*, de 12.

 

Os nomes de jovens usados na s�rie s�o fict�cios, em respeito ao Estatuto da Crian�a e do Adolescente 


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