
O juiz da Vara da Inf�ncia e da Juventude do F�rum de Tr�s Passos, Fernando Vieira dos Santos, 34 anos, chorou ao lembrar que o caso do menino passou pelas m�os dele no processo movido pelo Minist�rio P�blico do munic�pio. O garoto pediu ajuda ao Centro de Defesa da Crian�a e do Adolescente, �rg�o ligado � prefeitura, e a queixa chegou ao MP, que a transformou em um processo. A a��o acabou na mesa de Santos, que intimou as partes. Como n�o havia registro de viol�ncia f�sica, o magistrado optou por tentar preservar os la�os familiares, suspendendo o processo por 60 dias para dar chance de uma reaproxima��o.
A neglig�ncia afetiva em rela��o a Bernardo chegou ao conhecimento do MP em meados de novembro. Na ocasi�o, um expediente foi instaurado para apurar o caso. A promotora da Inf�ncia e da Juventude de Tr�s Passos, Dinam�rcia Maciel de Oliveira, pediu informa��es a �rg�os da rede de prote��o, como o Conselho Tutelar e a escola em que o menino estudava, e fez levantamentos sobre parentes que poderiam assumir a guarda do menino.
No in�cio do ano, Bernardo foi levado ao MP por um agente da rede de prote��o. Apesar de ter negado sofrer maus-tratos e viol�ncia, disse que o pai era indiferente e que a madrasta implicava com ele. No fim de janeiro, a promotora ingressou com a��o na Justi�a pedindo que a guarda provis�ria fosse dada � av� materna, que mora em Santa Maria (RS). Desde ent�o, nenhuma informa��o sobre problemas na rela��o familiar chegou ao MP.
Bernardo Uglione Boldrini desapareceu no dia 4 deste m�s, em Tr�s Passos. De acordo com o pai, ele teria ido a cidade de Frederico Westphalen com a madrasta para comprar uma tev�. Na volta para Tr�s Passos, o menino teria dito que passaria o fim de semana na casa de um amigo. Como no domingo ele n�o retornou, o pai come�ou a procur�-lo na casa de amigos e acionou a pol�cia. Cartazes com fotos de Bernardo foram espalhados em Tr�s Passos, Santa Maria e Passo Fundo.
Na noite da �ltima segunda-feira, o corpo do menino foi encontrado na zona rural de Frederico Westphalen. O pai de Bernardo, Leandro Boldrini, � m�dico e atua como cirurgi�o-geral no hospital do munic�pio. Ele tamb�m � propriet�rio da Cl�nica Cir�rgica Boldrini. Bernardo morava com o pai, a madrasta, e uma meia-irm�, de um ano — de quem relatou ser proibido de se aproximar. A suspeita � de que o menino tenha sido morto com uma inje��o letal. Ele estudava no turno da manh� do Col�gio Ipiranga, uma institui��o particular. O gin�sio do Col�gio Ipiranga, onde Bernardo estudava, recebeu o vel�rio do corpo do menino. Ele ser� sepultado no mesmo cemit�rio onde est� enterrada a m�e, que morreu em 2010, em Santa Maria. Segundo a pol�cia, ela se suicidou dentro do consult�rio de Leandro, mas parentes ainda questionam a vers�o.