
“Era muito dinheiro e n�o teria sangue nem faca. Era s� abrir um buraco e ajudar a colocar dentro o menino”, disse Edelvania, de 40 anos. Ela est� presa, assim como o pai da crian�a, o m�dico Leandro Boldrini, de 38 anos, e sua atual mulher, Graciele Ugulini, de 32 anos, acusados da morte do menino.
Edelvania disse que recebeu R$ 6 mil e que usou o dinheiro para pagar uma parcela de seu apartamento, comprado por R$ 96 mil. Seriam R$ 20 mil no total. Entretanto, Graciele teria se disposto a quitar o im�vel.
Aos policiais, Edelvania relatou que todo o plano para matar e esconder o corpo de Bernardo foi de Graciele. Segundo a assistente social, Boldrini n�o tinha conhecimento. “Ele n�o sabia, mas, futuramente, ele ia dar gra�as de se livrar do inc�modo, porque Bernardo era muito agitado”, teria ouvido da madrasta.
Em 4 de abril, Bernardo foi levado � cidade de Frederico Westphalen, vizinha a Tr�s Passos, onde morava, para supostamente visitar uma “benzedeira”. Conforme o depoimento, Edelvania e Graciele, cujo apelido � Kelly, “mandaram ele deitar sobre uma toalha de banho cor azul. Kelly aplicou na veia do bra�o esquerdo, com uma seringa, e ele foi apagando”.
Nenhuma das duas conferiu a pulsa��o de Bernardo antes de enterr�-lo. O menino foi despido e colocado na cova, feita dias antes por Edelvania. Graciele jogou soda no corpo, para que a decomposi��o fosse mais r�pida, e tapou com pedras e terra.
Segundo Edelvania, Graciele lhe confidenciou que pensava em matar o menino fazia tempo. Teria at� mesmo tentado asfixi�-lo. A tentativa foi relatada por uma ex-bab� � av� materna de Bernardo, Jussara Uglione, de 73 anos, que tentava na Justi�a a guarda do menino.
Lentid�o
Jussara, que antes de velar o neto havia enterrado a filha - primeira mulher de Boldrini, cuja morte foi apontada como suic�dio e que pode ter a investiga��o reaberta -, lamenta que as autoridades n�o tenham agido diante das den�ncias apresentadas por ela e por seu advogado ao Conselho Tutelar de Tr�s Passos e � Promotoria da Inf�ncia e Juventude.
Desde a morte da filha, Odilaine Uglione, em 2010, Jussara havia perdido contato com o neto. Diz que Boldrini impedia a aproxima��o. “Meus advogados t�m comprovantes de que fui impedida de v�-lo desde a morte da minha filha. Fui impedida por quatro anos, me chamavam de velha doente, falavam que eu tinha problemas e n�o teria condi��es de cuidar dele”, conta.
O advogado de Jussara, Marlon Balbon Taborda, informou, em e-mail ao Conselho Tutelar e � promotora Dinam�rcia Maciel de Oliveira, que a av� tinha informa��es de que Bernardo n�o estava mais com o pai, mas com uma pessoa identificada como J�. O advogado explica que conversou com uma pessoa chamada Elaine, “que me exp�s de forma categ�rica ao telefone que Bernardo estava andando pela rua, abandonado, que quase foi asfixiado em uma noite quando estava em casa, fato confirmado pelo menino”. Elaine nunca foi chamada a depor.
O advogado diz que os �rg�os da rede de prote��o da crian�a foram chamados para confirmar os acontecimentos. “Demos nomes de testemunhas a serem averiguadas, mas nunca recebemos qualquer retorno”, reclama. “O menino sofria maus-tratos. Ela (Graciele) n�o deixava que ele entrasse em casa enquanto o pai n�o chegasse. Ele ficava sentadinho na cal�ada. A Justi�a sabia disso, porque toda a vizinhan�a o via sentado na cal�ada”, diz a av�.
O pai havia sido chamado pelo Minist�rio P�blico para conversar sobre a guarda, mas ele insistiu que queria ficar com Bernardo e pediu uma chance. Para a promotora da Inf�ncia de Tr�s Passos, tudo o que estava ao alcance do MP foi feito.