Forma��o de quadrilha e lavagem de dinheiro. Esses s�o os crimes que a pol�cia investiga no inqu�rito sobre o suposto envolvimento de perueiros com a��es do Primeiro Comando da Capital (PCC). A suspeita � de que as vans estejam em nome de laranjas para lavar dinheiro do crime organizado. Pol�ticos do Partido dos Trabalhadores seriam ligados aos cooperados, entre eles o deputado estadual Luiz Moura. Nesta segunda-feira, 26, a Executiva do PT paulista criou uma comiss�o para ouvir Moura a respeito das den�ncias que envolvem seu nome.
Luiz Moura participou de uma reuni�o que foi alvo de uma opera��o do Departamento Estadual de Investiga��es Criminais (Deic) em 17 de mar�o, na Rua Flores do Piau�, em Itaquera, na zona leste de S�o Paulo. O local � sede da cooperativa de perueiros Transcooper.
A investiga��o ent�o apurava o envolvimento do PCC nos ataques a �nibus na capital paulista neste ano, segundo a pol�cia, "com o objetivo de obter lucro". Na reuni�o havia 42 pessoas, nove das quais s�o suspeitas de integrar o PCC. "Nenhuma delas era permission�ria ou tinha qualquer rela��o com a cooperativa", afirmou ao Estado um dos policiais que trabalham no caso.
Ao todo, 40 pessoas foram levadas � sede do Deic e ouvidas. Moura n�o foi levado ao departamento. Ainda na Transcooper, foi preso Carlos Roberto Maia, o Carlinhos Alfaiate, segundo a pol�cia, um "famoso ladr�o de banco dos anos 1990".
Laranjas
Os policiais querem investigar quem s�o os permission�rios registrados na Prefeitura que t�m �nibus e vans em seus nomes. Os policiais do Deic querem saber se eles t�m como justificar a propriedade do �nibus ou do micro-�nibus usado na cooperativa.
Os perueiros que integram a cooperativa recebem da Prefeitura o pagamento com base no que arrecadam todo dia - dependendo da linha, conseguem faturar at� R$ 1,2 mil por dia. Em m�dia, segundo as planilhas da S�o Paulo Transporte (SPTrans), cada lota��o recebe R$ 25,7 mil por m�s da Prefeitura. Em mar�o deste ano, os perueiros receberam R$ 154,3 milh�es. A suspeita � de que integrantes do crime organizado seriam donos de v�rios �nibus colocados em nome de laranjas. Da� a suspeita de lavagem de dinheiro e de forma��o de quadrilha.
Por enquanto, nenhum dos detidos queimando �nibus na capital acusou o PCC pelas a��es. Os suspeitos disseram, na maioria das vezes, que agiram em protesto contra a Pol�cia Militar, depois de policiais matarem algum conhecido.
O deputado nega qualquer envolvimento com o PCC e afirma que estava na reuni�o na Transcooper - uma cooperativa da qual j� foi diretor - negociando o reajuste salarial dos trabalhadores justamente para evitar greves. Ele afirma que na zona leste da capital paulista, sua regi�o de atua��o, o transporte foi menos prejudicado do que nas outras com a greve da semana passada.
Moura � ligado ao secret�rio municipal de Transportes, Jilmar Tatto. Os dois fazem parte da mesma corrente no partido, a PTLM (PT de Lutas e Massas), uma das maiores da capital paulista. Na quarta-feira passada, o secret�rio de Comunica��o do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Marcio Aith, citou a reuni�o da qual participou Moura em entrevista ao programa Brasil Urgente, da Band.
Ele n�o disse quem era o parlamentar nem a qual partido ele pertencia, mas destacou a rela��o com Tatto. O secret�rio municipal disse depois que n�o sabia a quem Aith se referia e s� podia responder pelos seus pr�prios atos.
Reabilita��o
Moura exerce seu primeiro mandato de deputado na Assembleia Legislativa de S�o Paulo. Nos anos 1990, ele foi condenado pela Justi�a do Paran� e tamb�m pela Justi�a de Santa Catarina a cumprir 12 anos de pris�o por assaltos � m�o armada.
Moura passou mais de um ano e meio na pris�o, mas fugiu. Foi beneficiado pela prescri��o e apresentou-se depois para pedir reabilita��o criminal. Declarou-se arrependido e alegou que cometeu os crimes porque usava drogas. (Colaborou Rafael Italiani).